Poupança

Os Certificados de Aforro voltaram a ser uma boa opção?

A subida da Euribor a 3 meses está a dar uma nova vida aos Certificados de Aforro, que voltaram a ser uma solução de poupança atrativa.

Sim. A resposta é sim. Todas as crises têm um lado mau e um lado bom. Se por um lado, a subida da Euribor prejudica quem tem um crédito à habitação porque faz subir a prestação da casa, por outro é bom para quem tem poupanças ligadas à Euribor. É o caso dos Certificados de Aforro. 

Durante muito tempo, partilhei convosco que - na minha opinião - o melhor produto de investimento com capital garantido eram os Certificados do Tesouro. Agora, verificou-se uma reviravolta

Certificados de Aforro ganham nova vida

Os Certificados de Aforro e do Tesouro são uma forma de nós, cidadãos, emprestarmos dinheiro ao Estado e recebermos juros por isso. Subscrevem-se nos balcões dos CTT, na página de internet do IGCP ou nos Espaços do Cidadão. O capital é garantido pelo próprio Estado, ou seja, só não recebe o seu dinheiro no final se Portugal, como país, for à falência. 

Os Certificados de Aforro são um produto conhecido há décadas por grande parte dos portugueses. Já renderam muito dinheiro e depois deixaram de render. 

Com a subida da Euribor a 3 meses, os Certificados de Aforro estão a ganhar uma nova vida. Tudo depende do valor que atingir a Euribor a 3 meses e durante quanto tempo.

Na série E - no momento em que escrevo - a taxa de juro é calculada mensalmente com base na Euribor a 3 meses + 1%. Os Certificados de Aforro desta série estão limitados por lei: nunca podem render menos de zero nem mais de 3,5% + prémios (ou seja 4,5%). 

O prazo máximo é de 10 anos e o mínimo que pode subscrever é 100 euros (os Certificados do Tesouro têm 1.000 euros como mínimo). Os juros vencem a cada 3 meses e são capitalizados, ou seja, acumulam com o valor que lá tem e assim os juros no trimestre seguinte serão calculados sobre um valor maior que no anterior (nos Certificados do Tesouro, os juros vão para a conta à ordem e não capitalizam).

Não pode resgatar a totalidade ou parte do valor que subscreveu nos primeiros 3 meses.

Leia ainda: Dinheiro parado no banco? Certificados de aforro já rendem mais de 1%

A “magia” dos juros compostos

Nos últimos 7 anos (até 2022) o rendimento dos Certificados de Aforro foi muito baixo porque aos 1% fixos era preciso subtrair a Euribor negativa. Como a taxa Euribor a 3 meses andou a rondar os -0,5 durante muito tempo, o rendimento era de 0,5% bruto. 

Atualmente, com a taxa a 3 meses já acima de 1%, já tem um rendimento de 2% com capital garantido. A este valor deve acrescentar os prémios de permanência que são somados à taxa-base a partir do 2.º ano.

Feitas as contas, se a Euribor a 3 meses se mantiver pelo menos a 1%, a partir do segundo ano vai ter um rendimento “garantido” de 2,5% e a partir do quinto ano passa para 3%, o que é muito bom comparativamente aos depósitos a prazo.

No final de cada trimestre, os juros a que tiver direito são automaticamente somados à sua poupança, para que ela renda mais no trimestre seguinte. É a “magia” dos juros compostos. O seu dinheiro vai multiplicar-se muito mais rápido. É dos pouquíssimos produtos financeiros em Portugal - se não for o único - que ainda capitalizam juros. Pode ser de aproveitar. Faça as suas contas.

Leia ainda: Juros compostos: como tirar partido deste multiplicador de investimentos

Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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