Desde o final de 2019 que os portugueses não pagavam tanto pelo empréstimo da casa. As Euribor – que definem a taxa de juro, juntamente com o spread – estão em máximos de mais de uma década, o que se reflete diretamente na prestação mensal a pagar ao banco.
Os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a taxa de juro implícita nos contratos de crédito habitação em Portugal aumentou, em agosto, pelo quinto mês consecutivo, para 1,011%, o valor mais alto em quase três anos. Trata-se de uma subida de 9,9 pontos percentuais face a julho (0,912%) e que coloca os juros num patamar não alcançado desde dezembro de 2019 (1,011%).
Para a aquisição de habitação, o destino de financiamento mais relevante no conjunto do crédito habitação, o aumento foi de 0,928% para 1,027%. Para a construção de habitação, a taxa fixou-se em 0,828% e, para reabilitação, em 1,184%.
Segundo o instituto de estatística, a prestação média dos empréstimos da casa aumentou 4 euros para 268 euros. Deste valor, 51 euros (19%) correspondem a pagamento de juros e 217 euros (81%) a capital amortizado. O capital médio em dívida subiu 345 euros para 60.750 euros.
O agravamento dos juros foi ainda mais expressivo nos contratos mais recentes, celebrados com os bancos nos últimos três meses. Nestes casos, a prestação média aumentou 20 euros para 445 euros, com a taxa de juro a passar de 1,289% para 1,523%, o nível mais elevado desde abril de 2018 (1,559%).
O que esperar dos juros?
O aumento das taxas de juro do crédito habitação está a ser motivado pelo agravamento das Euribor que, depois de um longo período a negociar em terreno negativo, iniciaram uma trajetória ascendente em fevereiro deste ano.
Essa evolução aconteceu num contexto de forte instabilidade geopolítica – com a invasão da Ucrânia pela Rússia – e de subida da inflação, quando já se antecipava que o Banco Central Europeu (BCE) teria de reverter a sua política expansionista e começar a subir os juros para controlar o aumento dos preços.
Esse aumento por parte do banco central concretizou-se em julho (pela primeira vez em 11 anos) e repetiu-se em setembro, com o anúncio da maior subida de sempre dos juros de referência. As taxas Euribor têm acompanhado esta trajetória, tendo atingido esta semana o nível mais alto em mais de dez anos nos prazos de 3, 6 e 12 meses.
Até onde pode subir a minha prestação?
Ainda que não seja possível antecipar até onde poderão subir as Euribor, a perspetiva é que continuem a agravar-se nos próximos tempos. Isto porque o próprio BCE admitiu que irá anunciar novas subidas dos juros nas próximas reuniões já que as taxas atuais ainda estão longe do patamar necessário para levar a inflação de volta à meta dos 2%.
A própria presidente do BCE, Christine Lagarde, admitiu que deverão ser necessários mais três ou quatro aumentos nos próximos meses, o que colocará os juros de referência acima dos 2%. Neste contexto, as taxas Euribor continuarão a agravar-se, pesando na fatura mensal das famílias ao banco.
Para perceber qual poderá ser o impacto no seu crédito, recorra ao simulador da variação da Euribor no crédito habitação, onde pode ensaiar possíveis aumentos das taxas.
Leia ainda: Euribor: devo escolher a 3, 6 ou 12 meses?
Aumento dos juros: o que fazer?
Com as perspetivas a apontarem para um aumento continuado das taxas Euribor, será o momento certo para amortizar o seu crédito habitação, se tiver capitais próprios que o permitam. Como vimos, os juros vão continuar a subir e, ainda que o rendimento dos depósitos também aumente, não é vantajoso ter dinheiro parqueado no banco.
Optando pela amortização, pode reduzir a sua prestação mensal ou encurtar o prazo do empréstimo, poupando significativamente na fatura de juros ao longo do contrato.
Para ter uma ideia do valor mensal que vai pagar ao banco após amortizar o crédito, recorra ao simulador da prestação de crédito após amortização antecipada e analise as vantagens que poderá ter esta solução.
Não consegue amortizar o crédito?
Se não tem possibilidade de pagar antecipadamente o seu crédito, deve rever as condições do seu contrato, incluindo spread, produtos associados e outros encargos.
Se contratou o seu crédito habitação há dez anos, por exemplo, estará a pagar um spread mais elevado do que aqueles que os bancos oferecem atualmente. Dependendo das condições particulares de cada cliente, há bancos a oferecer spreads de apenas 0,85%.
Ainda que estes valores não estejam acessíveis a todos os titulares e contratos de crédito, vale a pena tentar renegociar com o seu banco ou procurar alternativas mais vantajosas noutra instituição. Esteja atento às ofertas do mercado e procure a melhor solução para o seu caso.
Leia ainda: Qual o spread do seu crédito habitação? Há bancos a oferecer 0,85%
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2 comentários em “Juros da casa atingem nível mais alto em quase três anos”