Nos tempos de instabilidade e incerteza que atravessamos, é essencial começar a construir uma poupança. Isto para que possamos alcançar a estabilidade e liberdade financeira a médio e longo prazo.
Neste artigo, damos-lhe várias ideias de estratégias de poupança, desde métodos diários a soluções de investimento.
Primeiro passo: fundo de emergência
Criar um fundo de emergência deve ser o primeiro grande objetivo no que toca a poupar dinheiro. Idealmente, este fundo deve representar o equivalente a pelo menos seis meses de gastos mensais. Se tem encargos fixos de, por exemplo, 1.000 euros por mês, o seu fundo deve ter pelo menos 6.000 euros. O essencial é conseguir retirar parte dos seus rendimentos com alguma regularidade, e ir criando esse fundo.
O propósito pode variar. Dependendo do que quer realizar com o dinheiro, um fundo de emergência serve, maioritariamente, para despesas inesperadas que possam surgir.
Mas há várias formas de colocar dinheiro num fundo de emergência. Há quem aplique estratégias como colocar um determinado valor todos os meses, ou até mesmo quem vá colocando sem critério. Tem vários desafios que pode experimentar, como os que explicamos de seguida.
Estratégias de poupança
Desafio das 52 semanas
Num ano existem 52 semanas. Então, este desafio implica que coloquemos de parte um valor todos os dias ao longo dessas semanas durante um ano. Mas como?
O método é simples: na primeira semana, coloca um euro de parte; na segunda semana coloca dois euros de parte; na terceira semana, três euros, e por aí adiante, até chegar às 52 semanas. No final do ano, com este desafio, consegue juntar 1.378 euros.
Não é obrigatório começar o desafio em janeiro. Pode começar em qualquer mês do ano e ir avançando. Planeie de forma a que, em meses com maior liquidez financeira, tenha de colocar de parte os valores mais elevados. Por exemplo, aponte para que nos meses em que recebe algum subsídio seja a altura do fim do desafio.
Desafio de não gastar dinheiro
Este desafio passa por congelar, durante um determinado período de tempo definido por si, despesas não essenciais.
Por exemplo, se tem por hábito comprar muita roupa, experimente não comprar nenhuma peça durante três meses. Ou, se encomenda comida para casa com frequência, tente não encomendar durante um mês.
Desafiar-se a si próprio através de um método assim pode ajudar a que, a longo prazo, perca certos hábitos de consumo e se torne mais poupado.
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Desafio dos trocos
O desafio dos trocos é muito comum e, certamente, já a maior parte das pessoas o experimentou numa determinada altura da vida.
O objetivo é chegar ao final do dia e colocar de parte todos os trocos, moedas ou notas, que sobraram na carteira.
Pagar com dinheiro vivo é cada vez menos comum, pelo que é um desafio mais complicado de aplicar nos dias de hoje. Mas se, ao longo de um ano, juntar todas as vezes que pagou com dinheiro, recebeu um troco e o colocou de parte, terá com certeza uma boa quantia poupada.
Desafio das notas de cinco euros
O desafio das notas de cinco euros é semelhante ao de cima. Implica que, cada vez que tenha uma nota de cinco euros na carteira, a coloque no seu fundo.
Se definir um certo período de tempo em que vai aplicar este método, um ano ou mais, será possível conseguir um valor significativo a longo prazo.
Onde aplicar o fundo de emergência
O dinheiro que aloca ao seu fundo de emergência deve estar aplicado em produtos seguros e facilmente mobilizáveis, visto que poderá precisar do dinheiro a qualquer altura, numa situação de emergência. Guardá-lo num cofre ou debaixo do colchão não é uma ideia, certo? Não só não é seguro, como não gera qualquer retorno.
Assim, o ideal é que o dinheiro seja colocado em produtos com garantia de capital, para que não corra o risco de perder as suas poupanças, e que permitam fazer o resgate a qualquer momento.
Ao longo do tempo, poderá ir fazendo reforços regulares da sua poupança e até dar o passo seguinte e considerar alguns investimentos com maior risco, mas também maior retorno. Lembre-se, porém, que nunca deve comprometer o seu fundo de emergência - esse é para deixar em produtos seguros que, embora não rendam muito, garantem que não perderá o seu dinheiro. Damos-lhe, em baixo, algumas sugestões.
Plano Poupança Reforma
O Plano Poupança Reforma (PPR) é um dos produtos nos quais as pessoas mais investem, para garantir a estabilidade financeira no futuro. É um instrumento que permite rentabilizar o dinheiro a longo prazo.
Pode ser encarado como um complemento à reforma, mas não precisa de ser feito apenas com esse intuito. É possível subscrever um PPR em qualquer momento da sua vida, uma vez que também é rentável a médio prazo. Dependendo do tipo de PPR em que investiu, pode não ser necessário aguardar até à idade da reforma para resgatar o seu dinheiro.
Mas mesmo que o faça pela reforma, quanto mais cedo investir, mais rentável vai ser a longo prazo. Além disso, também pode aproveitar benefícios fiscais no IRS caso tenha um PPR.
Tem duas opções de PPR: a opção em que o seu dinheiro é garantido, mas o objetivo de rendibilidade é pouco, e a opção onde pode rentabilizar significativamente as suas poupanças, mas não tem garantia de capital, ou seja, corre o risco de perder o seu dinheiro.
O primeiro tipo são os Fundos PPR, onde também pode escolher o fundo tendo em conta o nível de risco que pretende correr. Existem no mercado fundos sem risco, com garantia de capital ou rendimento, mas com expectativa de baixa valorização, e fundos com maiores riscos, mas com expectativa de retornos elevados.
Nesta opção, consegue aceder ao valor diário das unidades de participação nos sites das entidades gestoras e pode transferir o dinheiro que investiu de um fundo para outro ou para outra instituição.
Depois, tem os Seguros PPR onde o capital que investe vai para um fundo autónomo, o que se traduz num rendimento mínimo, mas também sem grandes riscos. Logo, nos Seguros PPR, por norma, tem garantia de capital, que é o mais aconselhável para aplicar o seu fundo de emergência.
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Certificados de aforro
Os certificados de aforro estão entre os produtos financeiros que garantem capital, pelo próprio Estado português, por serem instrumentos de dívida pública. Ou seja, ao investir em certificados de aforro está a emprestar dinheiro ao Estado que, depois, vai devolver o capital acrescido de juros.
É uma opção que beneficia do aumento recente das Euribor, uma vez que os juros são calculados mensalmente de acordo com a média da Euribor a três meses dos dez dias anteriores acrescida de um ponto percentual. Atualmente, os juros dos certificados superam os 2%, e devido às perspetivas de aumento das taxas Euribor, prevê-se que atinjam os 3,5% no próximo ano. O que equivale a uma remuneração líquida superior a 2,5%, maior do que qualquer outro produto com garantia de capital.
Além disso, são um produto que beneficia ainda do poder multiplicador da capitalização de juros. Isto porque, ao subscrever um certificado de aforro, trimestralmente recebe um juro adicionado ao capital inicial, para gerar ainda mais juros. Depois, a partir do segundo ano, a essa taxa-base é acrescentado um prémio de permanência de 0,5%, e a partir do quinto ano, um prémio de permanência de 1%.
O prazo atual dos certificados de aforro é de 10 anos, mas só tem a obrigatoriedade de manter o dinheiro no produto durante os primeiros três meses. A partir daí, pode levantar o dinheiro, da forma que entender, a qualquer momento e sem encargos.
Para investir em certificados de aforro, deve dirigir-se a uma loja CTT para abrir uma conta aforro no Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), na qual ficarão associados os certificados.
Depósitos a prazo
Nos depósitos a prazo, o objetivo é aplicar um determinado valor por um período fixo, no qual não pode movimentar o dinheiro que investiu.
Ao comprometer-se em manter o dinheiro parado, o banco paga-lhe uma remuneração.
Mas existem dois tipos principais de depósitos a prazo: simples e estruturados. Ambos têm capital garantido, sendo que no final do prazo recebe o valor que investiu.
No entanto, nos depósitos simples, a remuneração calcula-se de acordo com uma taxa de juro, que pode ser fixa ou variável. Isto é, quando vencer a data do depósito, vai receber o montante que investiu acrescido de juros.
E nos depósitos estruturados, a remuneração acrescida já depende de outros fatores, podendo ser mais elevada ou não ter sequer retorno. Logo, são de maior risco.
Como escolher a melhor estratégia?
Não existe a melhor estratégia no que toca a decidirmos como vamos começar a poupar o nosso dinheiro. Nem todos vão resultar para a generalidade das pessoas.
Para escolher a melhor estratégia de poupança para si, de forma a que seja eficaz, deve colocar vários aspetos em cima da mesa.
Em primeiro lugar, deve definir qual o objetivo de querer juntar dinheiro. Por exemplo, caso o objetivo seja alcançar uma poupança a médio prazo, de um ano para o outro (para comprar uma casa, algo mais dispendioso, para férias), pode fazer mais sentido aplicar um desafio anual. Mas se o objetivo for atingir uma poupança a longo prazo, para assegurar a estabilidade financeira no futuro, pode fazer mais sentido investir o seu dinheiro num produto financeiro com rentabilidade mais à frente.
Depois, deve analisar friamente qual o seu perfil: por exemplo, se tem por hábito ser consumista, se calhar o desafio de não gastar dinheiro não é o mais indicado para si. Seja realista e adeque o método de poupança àquilo que sabe que vai conseguir aplicar à risca.
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