“Fog of Love” é um jogo para dois jogadores que simula uma relação amorosa, desde a paixão inicial cheia de fogo-de-artifício até ao desfecho trágico ou feliz. Ao contrário dos filmes de Hollywood, aqui o melhor é cada jogador esforçar-se para que tudo dê certo. E, pelo meio, talvez se fiquem a conhecer algumas ideias do parceiro sobre essas questões do dinheiro…
Cenas diversas, decisões difíceis
Criado por Jakob Jaskov, e ainda sem tradução em português, este “nevoeiro do amor” exige um conhecimento razoável da língua inglesa. No entanto, a aprendizagem é relativamente fácil, pois é o primeiro cenário que serve de introdução às mecânicas do jogo. A principal passa pelas Cenas, situações específicas que obrigam os jogadores a tomar decisões. Que preferência terá cada um para o primeiro encontro romântico: jantar num restaurante, ir a bar de karaoke ou visitar qualquer sítio como se fossem turistas?
O jogo base vem com vários cenários (e há outros que se adquirem à parte); no inicial, somos confrontados com presentes atenciosos, discussões e reconciliações, segredos do passado, a possibilidade de conhecermos os futuros sogros…
Isto do tema dinheiro pode correr mal…
Se as questões financeiras podem revelar-se uma das principais fontes de discussão no seio de um casal, “Fog of Love” não as esquece. Há várias cartas que lidam com o tema. Sem querer denunciar demasiado as surpresas, vejamos uma delas. Que alínea escolheriam nesta cena?
Conta Bancária Conjunta
Até podia ser prático termos uma conta bancária conjunta. Mas qual deve ser a contribuição de cada um?
- Vamos pôr tudo lá, como um casal a sério.
- Não me parece que seja uma boa ideia. Seria difícil gerir… hum… os impostos.
- Precisamos de tanto para viver. E de tanto para diversão. E de tanto para… Cada um de nós deve contribuir com 28% do seu salário, de modo a termos alguma margem.
Outros exemplos de ratoeiras ligadas ao dinheiro? Pois bem, que fazemos quando o nosso parceiro nos pede algum emprestado para comprar uma pulseira? E, como presente, preferimos receber um relógio especial com o nome do companheiro gravado, uma doação a uma obra de caridade em nome de ambos, ou um brinquedo sexual caro? E como será a dinâmica na primeira ida a uma loja de móveis: será do estilo “vamos comprar isto! e isto! e isto!” ou mais do género “hum, acho que já temos quase tudo aquilo de que precisamos”? Conhecer bem o parceiro de jogo pode ser vantajoso na tentativa de adivinhar a resposta. Ou não.
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Quer o papel do bonzinho ou do vilão?
Para baralhar as coisas, logo no início cada jogador recebe um conjunto de cartas de forma a compor a sua personagem. Entre as múltiplas ocupações possíveis encontramos “empreendedor”, “gestor”, “herdeiro real”, “criminoso”, “banqueiro”, “agente de seguros” ou “celebridade da internet”. Depois, o perfil completa-se com alguns traços distintivos – “sapatos altos”, “relógio da candonga”, “luvas de pele”, “fio de ouro”, “telemóvel antiquado” – e certas características de personalidade.
De repente, mesmo estando a jogar com o nosso mais que tudo, aquele ser tão generoso que amamos, podemos estar é perante um cínico ou um ganancioso agarrado ao seu “desejo egoísta e excessivo por dinheiro e bens materiais”. “Fog of Love” obriga, portanto, a interpretar bem a personagem que nos calhou. E, tal como na vida real, por vezes há objetivos pessoais que nem sempre se conjugam com metas comuns.
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Aliar os destinos pessoais ao bem comum
No jogo existem sete destinos pessoais diferentes, que o jogador tem de ir descartando secretamente até ficar, no final, com um só. Como o resultado de cada cena provoca ganhos ou perdas de satisfação, bem como oscilações em seis dimensões da personalidade – Sensibilidade, Curiosidade, Disciplina… –, o destino de cada parceiro até pode acabar por ser oposto, pois, se existem alguns objetivos de teor romântico, também há outros de cariz mais trágico ou egoísta. E então, o casal separa-se ou fica junto?
O bom de “Fog of Love” é que, se correr mal, pode sempre baralhar-se as cartas e recomeçar tudo de novo, na tentativa de se chegar ao idealizado final feliz. Desta vez, já sabemos o que o outro vai responder sobre o presente de aniversário preferido:
- fim de semana preguiçoso em casa a jogar e a comer piza
- uma venda nos olhos, uma garrafa de champanhe e uma surpresa
- um anel antigo com um rubi incrustado
Como é: vai ser um copo de espumante ou uma fatia de salame picante?
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Paulo M. Morais cresceu a jogar futebol de rua e a ouvir provérbios ditos pelas avós. Licenciou-se em Comunicação Social e especializou-se nas áreas do cinema, dos videojogos e da gastronomia. É autor de romances e livros de não ficção. Coleciona jogos de tabuleiro e continua a ver muitos filmes. Gosta de cozinhar, olhar o mar, ler.
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