Globalização
Analisando o contexto português, e se recuarmos 3 ou 4 décadas, percebemos claramente a evolução que a nossa sociedade teve. A adesão à Comunidade Económica Europeia na década de 80 foi um marco importante para o nosso país. Tínhamos acabado de sair de uma ditadura e estávamos a começar a abrir os nossos horizontes. Ainda existiam fronteiras terrestes. A oferta de produtos era muito mais reduzida do que nos dias de hoje. As notícias do mundo chegavam, mas com um delay considerável. Com o passar dos anos, e com o desenvolvimento tecnológico, toda esta dinâmica foi sendo alterada. No século XXI, a globalização ganhou uma dimensão que, no final do século XX, poucos esperavam. Esta nova realidade trouxe alterações nos padrões de consumo e nos comportamentos diários. A maior abertura ao mundo traz consigo um grande conjunto de vantagens, tais como as oportunidades que as empresas têm de explorar novos mercados de uma forma mais ágil. Em sentido contrário, faz com que a concorrência seja cada vez maior, interna e externamente.
Tempo: Um bem precioso
Ouvimos com frequência a expressão que o tempo agora parece que “corre mais rápido” do que antigamente. Isto tem a ver com a forma como estamos constantemente ligados ao mundo, através de telemóveis ou tablets, em que tudo está à distância de um click. Em termos económicos, há muitas variáveis que contribuem positivamente para o nosso bem-estar, umas mais quantificáveis do que outras. De todas elas, o tempo ganha uma dimensão especial a vários níveis. Primeiro porque o tempo passa e não volta atrás. É impossível recuperar o tempo perdido. Como tal, apesar de não nos preocuparmos muito com esta variável, todas as nossas decisões acabam por ter como base o tempo que lhes despendemos e a mais-valia (emocional, profissional ou financeira) que podemos retirar de cada uma delas. O tempo é um recurso escasso e de enorme importância.
Contexto
Num mundo cada vez mais rápido e global, torna-se fundamental saber distinguir o nosso contexto pessoal e o que nos rodeia. Como não vivemos numa bolha, temos de ter a perfeita noção que tudo o que está a nossa volta acabará por ter influência nas nossas vidas. Assim, as tomadas de decisão que podemos efetuar deverão estar suportadas na nossa realidade pessoal e no nosso enquadramento. Por exemplo, se estivermos a passar por um período de recessão global, mas pessoalmente as coisas até estiverem a correr bem, fará sentido tomarmos decisões que nos alavanquem em demasia? Até poderão fazer sentido, a questão é que este tipo de decisões deverá ser enquadrado em todos os cenários possíveis. Se assim for, a probabilidade de as nossas decisões terem sucesso aumenta.
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Risco vs. literacia financeira
Podemos encarar risco como oportunidade ou ameaça. Por norma, nos investimentos, risco pressupõe maior retorno, embora com uma volatilidade superior. Para a larga maioria da população portuguesa, a palavra risco acaba por assustar e fazer com que muitos não tomem as melhores decisões de investimento para as suas poupanças. Isto acontece porque a falta de literacia financeira é uma realidade em Portugal. O mais interessante é que o povo português, por norma, preocupa-se em poupar desde muito cedo, tentando criar um “pé-de-meia” que esteja sempre disponível para qualquer situação de emergência, não o conseguindo potenciar da forma ideal. Desenvolver a literacia financeira irá permitir que, individualmente, cada um tome melhores decisões e mais enquadradas na sua realidade e, em simultâneo, que possamos ser mais exigentes com aqueles que nos representam e que gerem os recursos do país.
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Investir as nossas poupanças
As quatro variáveis identificadas são fundamentais para uma boa gestão das nossas poupanças. Numa primeira fase, é importante perceber o contexto mundial que estamos a atravessar e quais os países que têm maior influência económica (EUA e China). Devemos ter a noção de que, num mundo global, um acontecimento, onde quer que ele seja, pode acabar por ter influência nas nossas vidas. Num segundo ponto, não existe nenhum investimento que tenha sucesso instantâneo. É preciso tempo para que as empresas onde investimos tenham a capacidade de desenvolver as suas estratégias e de gerar valor. É ainda fundamental conhecer o nosso contexto pessoal e o que nos rodeia, de forma a que as nossas decisões de investimentos se enquadrem, não só nos nossos objetivos, mas também na realidade que vivemos. Por fim, é importante ter a noção do motivo pelo qual investimos em determinado ativo em detrimento de outro, tendo em conta os quatro pressupostos fundamentais na tomada de decisão: horizonte temporal, volatilidade, retorno pretendido e liquidez.
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Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.
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