O reembolso do IRS começa a "cair" na conta bancária de muitos contribuintes que já entregaram a declaração deste imposto no Portal das Finanças. Embora este valor seja proveniente de um adiantamento ao Estado, através da retenção na fonte mensal de IRS, a verdade é que não deixa de ser um rendimento extrassalarial que recebe entre abril e a primeira quinzena de julho. Logo, pode e deve aproveitar para investir o reembolso do IRS para melhorar as suas finanças pessoais.
Mas como poderá fazê-lo? Conheça algumas ideias que podem ajudar a tomar a decisão mais acertada para si.
Porque é importante investir o reembolso do IRS para melhorar as suas finanças pessoais?
Para a maioria dos contribuintes, o reembolso do IRS é uma ajuda financeira valiosa para o pagamento de certas despesas. No entanto, nem todos os contribuintes olham para este reembolso da mesma forma. Há quem o veja como um dinheiro extra que tem como destino fins de lazer, como férias, a compra de bens pessoais, entre outras opções.
Contudo, este montante pode ser precioso para melhorar as suas finanças pessoais, principalmente se não tem poupanças ou tem dívidas por saldar. Embora esta seja uma decisão pessoal, ao optar por soluções que reduzem as suas dívidas ou aumentam as suas poupanças, pode diminuir (e muito) a sua ansiedade financeira.
Leia ainda: Como evitar a ansiedade financeira?
Já para quem tem créditos contratados, dado a conjuntura financeira marcada por uma inflação elevada e uma subida contínua dos juros pelo Banco Central Europeu (que afeta o indexante mais comum do crédito habitação - a Euribor), este dinheiro extra pode servir para amortizar créditos e dar uma folga ao seu orçamento familiar.
Dito isto, se já entregou a sua declaração de IRS, mas ainda não recebeu o reembolso, deve verificar o estado em que este se encontra no Portal das Finanças. Em seguida, reflita sobre os seus objetivos e veja qual é a melhor destino para este montante.
Leia ainda: O que significa cada estado da sua declaração de IRS?
Algumas ideias para investir o reembolso do IRS
Se o seu objetivo é melhorar as suas finanças pessoais, então saiba que se investir o reembolso do IRS em certas soluções pode alcançar uma maior estabilidade, maximizar os seus rendimentos, ganhar simplesmente uma folga financeira ou até sair de uma situação de incumprimento.
Dado que o destino do seu reembolso do IRS é uma escolha pessoal, o mais importante é que tome uma decisão consciente sobre a aplicação deste dinheiro. Conheça, de seguida, 9 ideias para investir o reembolso do IRS.
1- Aproveite para liquidar/reduzir dívidas
Se tem dívidas por liquidar, investir o reembolso do IRS para saldar ou reduzir o montante em causa é essencial. Afinal, na maioria dos casos, as dívidas implicam o pagamento de juros elevados. E quanto mais tempo levar a liquidar estas quantias, mais irá pagar.
Além disso, dependendo das dívidas em questão, pode ficar numa situação de incumprimento indesejável. O que pode prejudicá-lo no futuro, acabar com bens penhorados ou até ver o seu nome na chamada lista negra do Banco de Portugal.
Assim, comece por saldar as dívidas que têm juros mais altos. Por norma, estas estão associadas a créditos ao consumo, como é o caso dos cartões de crédito. Mesmo que não consiga saldar a dívida na totalidade, quanto menor for o valor, menos juros irá pagar. No entanto, existem outros tipos de crédito que também merecem a sua atenção, como pode verificar no próximo ponto.
Caso tenha dívidas à Autoridade Tributária e Aduaneira e/ou à Segurança Social, também deve tentar liquidar estes valores o mais rápido possível. Afinal, se tiver dívidas a estas entidades pode-lhe ser vedado o acesso a certos apoios.
Por fim, se tiver multas/coimas ou contas em atraso (água, eletricidade, gás, telecomunicações) o reembolso do IRS pode ajudá-lo a eliminar por completo essas irregularidades.
2 - Amortize os seus créditos
No caso de ter contratado um ou mais créditos, é normal que as prestações destes empréstimos tenham um peso significativo no seu orçamento familiar. Dependendo dos valores em dívida e do montante que receber de reembolso de IRS, amortizar um crédito na totalidade ou parcialmente pode ser uma decisão bastante vantajosa. Se apenas conseguir fazer um reembolso antecipado de forma parcial, irá reduzir o valor dos juros e do montante em dívida que lhe falta pagar.
Tal como referido, é aconselhável dar prioridade aos créditos com juros mais elevados. No caso de não ter nenhuma dívida em cartões de crédito, olhe para os juros que paga de um crédito pessoal ou do seu crédito automóvel. Afinal, estes também podem ter taxas elevadas. Mesmo que a amortização não seja significativa, irá conseguir baixar ligeiramente a prestação mensal ou reduzir a duração desse empréstimo.
No caso de ter apenas um crédito habitação, a amortização deste empréstimo está sujeita a comissão de reembolso antecipado. Por isso, é essencial que faça contas e veja se o valor que pretende amortizar compensa face à comissão que terá de pagar. Tenha em conta, porém, que nos empréstimos com taxa variável para a compra ou construção de habitação própria e permanente, há uma isenção temporária do pagamento da comissão de amortização antecipada até ao final do ano, pelo que pode ser uma oportunidade para reduzir o valor em dívida sem qualquer custo.
Leia ainda: Quanto vou pagar para amortizar o meu crédito?
3 - Crie ou aumente o seu fundo de emergência
Um fundo de emergência tem como objetivo servir de "pé-de-meia" para cobrir despesas imprevistas, situações de quebra de rendimentos ou de desemprego. É através da criação de um fundo de emergência que as famílias conseguem criar os pilares para garantirem uma situação financeira estável. O ideal é que este fundo tenha dinheiro suficiente para cobrir todas as despesas essenciais durante um período de 6 meses a 1 ano.
Vamos supor que tem gastos fixos de 900 euros por mês. Numa conta à ordem diferente da que usa no dia a dia, deve ter um fundo de emergência com um valor entre 5.400 e 10.800 euros. Claro que estes são valores elevados e que nem sempre é fácil juntar esta quantia de dinheiro. No entanto, pode e deve aproveitar para aplicar o reembolso do IRS na criação ou reforço do seu fundo de emergência.
Até que o seu fundo tenha capacidade para assegurar pelo menos 6 meses das suas despesas essenciais, não deve fazer outro tipo de investimentos. Lembre-se que encargos inesperados podem surgir a qualquer momento. E é preciso estar preparado para não ter de recorrer a um crédito ou passar dificuldades financeiras.
Leia ainda: 10 dicas para construir o seu fundo de emergência
4 - Invista o reembolso do IRS nas suas poupanças
Se tem as suas finanças minimamente estáveis, pode investir o reembolso do IRS nas suas poupanças. Aqui as opções passam por reforçar o fundo de emergência, aumentar o valor de uma conta poupança (sua ou dos seus filhos) ou num depósito a prazo com um período reduzido. Estas duas últimas opções são soluções de poupança caso venha a precisar de utilizar esse valor num futuro próximo, uma vez que a facilidade de movimentar o seu dinheiro é maior, sem perder os juros.
Contudo, saiba que atualmente os juros das contas poupança e dos depósitos a prazo são bastante baixos. Logo, não vai conseguir maximizar significativamente o valor das suas poupanças. No entanto, existem outras soluções um pouco mais apelativas, como é o caso dos Certificados de Aforro. Mas tenha sempre em conta que não poderá movimentar o seu dinheiro com tanta facilidade e, consoante o tempo de aplicação, o valor do prémio de permanência varia.
Leia ainda: Como subscrever certificados de aforro?
5 - Pense em investir o reembolso do IRS num PPR
Se estiver numa fase mais estável da sua vida financeira e profissional, saiba que investir num PPR é uma excelente forma de aplicar este dinheiro extra. E porquê? Porque o investimento num PPR oferece-lhe uma maior segurança quando chegar à idade da reforma, uma vez que terá um complemento significativo à sua pensão de velhice.
Além de complementar o valor da sua reforma, importa salientar que os PPR concedem benefícios fiscais à entrada e à saída. Ou seja, ao investir num PPR com o objetivo a longo prazo de salvaguardar este valor para a reforma, pode deduzir à coleta, na declaração de IRS, 20% do valor aplicado por ano. No entanto, este valor tem os seguintes limites:
- Até 35 anos: pode obter uma dedução até 400 euros se investiu 2.000 euros.
- Dos 35 anos aos 50 anos a dedução vai até 350 euros. Para receber 350 euros tem de investir 1.750 euros.
- Já após os 50 anos e até à idade da reforma a dedução máxima é de 300 euros, sendo que este limite depende de um investimento de 1.500 euros.
Quanto aos benefícios fiscais à saída, os PPR pagam menos impostos que outros investimentos, pois a taxa aplicada é normalmente de 28%. Se resgatar um PPR antes dos 5 anos, beneficia de uma tributação de 21,5%. Já se o resgate for entre os 5 e os 8 anos, a taxa aplicada é de 17,2%. Após os 8 anos, o resgate fica sujeito a uma taxa de 8,6%. Mas caso mantenha o seu PPR até à idade da reforma, ou o resgate ocorra dentro das situações legalmente previstas, então pagará uma taxa de 8%.
Esta é uma forma de maximizar o seu reembolso de IRS ao mesmo tempo que beneficia das características deste produto.
Leia ainda: Guia sobre PPR: Chega de dúvidas sobre Planos Poupança Reforma
6 - Aproveite e dê um passo em frente para o mundo dos investimentos
No universo das finanças pessoais, as poupanças e os investimentos andam de mãos dadas, uma vez que precisa de ter uma situação estável para entrar no mundo dos investimentos. Mas antes de por um pé neste mundo, o ideal é perceber qual é o seu perfil de investidor, se pretende optar por investimentos seguros para aplicar o seu dinheiro ou se está disposto a correr um risco mais elevado.
Ao investir o reembolso do IRS em investimentos, tem a possibilidade de rentabilizar esse dinheiro. Contudo, lembre-se que cada instrumento financeiro tem a sua composição, mínimos de investimento, condições de resgate e um nível de risco diferente. Assim, é fundamental estar bem informado antes de dar este passo.
Leia ainda: Investimentos: como lidar com as quebras de mercado
7 - Melhore a eficiência energética da sua casa
Caso seja proprietário de um imóvel, investir o reembolso do IRS na melhoria da eficiência energética da habitação pode ser uma excelente opção. Além de valorizar o seu imóvel, seja através da colocação de janelas mais eficientes, painéis solares ou soluções de domótica, também vai notar um maior conforto e uma redução do valor das suas faturas. No fundo, este é um investimento que traz retorno a longo prazo e é uma boa opção caso pretenda vender mais tarde esta habitação ou alugá-la.
8 - Se investir o reembolso do IRS em formação, também pode melhorar as suas finanças pessoais
Embora seja uma sugestão menos tradicional, investir o reembolso do IRS em formação pode ser bastante vantajoso a nível pessoal, profissional e financeiro.
Hoje em dia, as empresas valorizam cada vez mais profissionais que sejam capazes de desempenhar várias tarefas dentro da mesma área e que estejam devidamente atualizados. Afinal, os processos e as ferramentas de trabalho estão em constante evolução e é preciso acompanhar este ritmo para não ficar desatualizado.
Investir em formação pode não só abrir portas para um novo emprego, como também ajudá-lo a crescer dentro da sua atual empresa.
9 - Nenhuma das soluções é para si? Em vez de recorrer a um crédito pague com o dinheiro do reembolso as suas compras/serviços
Se está numa fase da vida em que pretende aproveitar o reembolso do IRS para momentos de lazer ou diversão, o melhor é usar esta quantia e afastar-se de créditos para este efeito. Não existe nada de errado em querer aproveitar a vida com este dinheiro extra. Mas tenha algum cuidado na hora de planear como vai gastar este dinheiro e de que as suas escolhas não colocam o seu orçamento familiar em risco.
Leia ainda: 10 dicas para poupar nas próximas férias
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário