Desde cedo, todas as pessoas têm de tomar decisões financeiras que trazem consequências, positivas ou negativas. Mas lidar com questões relacionadas com dinheiro, seja a simples gestão de um orçamento familiar, a contratação de um crédito ou até a realização de um investimento, gera, em algumas pessoas, ou em determinadas fases da vida, alguma ansiedade financeira. Por isso, antes de tomar decisões, é importante perceber qual é a sua taxa de stress para encontrar as melhores soluções para si.
Em todo o caso, saiba que o planeamento pode ajudar, e muito, a reduzir a ansiedade financeira. E como? Na verdade, de várias formas. Quando cria estratégias financeiras para lidar com imprevistos e oscilações de dinheiro, tem as ferramentas necessárias para ultrapassar as mais diversas situações e evitar uma situação de incumprimento ou endividamento.
Além disso, quando percebe que as oscilações de rendimentos criam ansiedade, o melhor é proteger-se ao máximo para que os imprevistos não lhe tirem o sono. Caso queira saber como é que um planeamento pode reduzir a ansiedade financeira, de seguida, conheça algumas formas.
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1 - Faça um orçamento e saiba quanto dinheiro entra e sai da sua conta
Sabia que ter um orçamento familiar permite-lhe controlar os seus gastos e melhorar a sua gestão financeira? É verdade. Uma simples folha de Excel e o acesso aos seus extratos bancários e faturas dão-lhe a oportunidade de saber exatamente quanto é que ganha e gasta todos os meses.
Tendo esta noção exata, pode criar uma estratégia para equilibrar as suas finanças pessoais e mantê-las saudáveis. Desta forma, este planeamento pode reduzir a sua ansiedade financeira a curto prazo dado que tem um maior controlo sobre o seu dinheiro.
Caso ainda não tenha um orçamento, lembre-se que a parte mais trabalhosa é fazer o levantamento das despesas pela primeira vez. Depois, basta atualizá-lo regularmente, mas também ter em conta a inflação. Ao ter o seu orçamento familiar sempre em dia, consegue tomar decisões de forma consciente, sabendo se é ou não a altura certa de fazer certos investimentos.
Embora dê trabalho, ter um orçamento familiar deve ser uma das suas prioridades, principalmente porque vai ajudá-lo a perceber quais são os seus gastos essenciais e não essenciais. Se tiver muitas despesas não essenciais, pode cortar em algumas e direcionar esse dinheiro para uma poupança. Assim, todos os meses, pode transferir esse valor para outra conta. No entanto, tenha atenção na hora de fazer cortes no seu orçamento, pois existem despesas que não deve cortar do seu orçamento familiar.
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2 - Antecipe despesas para não ser apanhado desprevenido
Existem despesas anuais que, por erro ou esquecimento, não estão contabilizadas no nosso orçamento familiar. Outras vezes, há encargos que sabemos que mais tarde ou mais cedo irão surgir, mesmo que não sejam uma despesa regular com uma data fixa para pagamento.
Por exemplo, em termos de encargos fixos anuais, há despesas relacionadas com os veículos, como o seguro automóvel, revisão e inspeção. É importante que contemple estas despesas no seu orçamento familiar, para não ser apanhado desprevenido numa altura em que está mais apertado financeiramente.
Quanto a outras despesas não fixas, pode começar a juntar antecipadamente antes que os problemas surjam. Imagine que comprou uma casa e já notou que há pequenos arranjos a fazer no futuro, mas que ainda não lhe causam nenhum transtorno. Antes que esses pequenos problemas virem um verdadeiro drama, o melhor é antecipar que vai precisar de substituir peças, comprar materiais ou até contratar profissionais. Assim, pode ir juntando algum dinheiro todos os meses e quando tiver o valor necessário pode fazer as obras que precisa sem afetar as suas finanças pessoais.
3 - Planeie e estabeleça metas de poupança (realistas)
A capacidade de poupar através de um planeamento pode reduzir a sua ansiedade financeira significativamente. Afinal, são muitas as pessoas que ficam frustradas pela incapacidade de poupar. Mas esta incapacidade está, por vezes, associada ao estabelecimento de metas de poupança pouco ou nada realistas.
Ainda que pareça pouco significativo, mais vale poupar 50 euros ou menos todos os meses, do que poupar 100 euros num mês e, no mês seguinte, não conseguir poupar nada ou ter necessidade de mexer na sua conta poupança.
Dito isto, estabeleça metas de poupança realistas, e por prioridades. Quer poupar 3.000 euros, mas recebe 800 euros por mês? Então a melhor solução é traçar um valor que não vai afetar o seu orçamento e um período máximo para alcançar o seu objetivo.
Ou seja, se poupasse 300 euros por mês em 10 meses cumpria a sua meta de poupança. Mas esta estratégia poderia deixá-lo numa situação financeira complicada. Assim, opte por uma estratégia diferente. Se tem muitos encargos fixos, o melhor é poupar de 10% a 20% do seu ordenado. Ao colocar de parte 80 ou 160 euros, pode alcançar o seu objetivo em pouco mais de 3 anos (80 euros por mês) ou num ano e meio (160 euros por mês).
4 - Constitua um fundo de emergência para ter estabilidade financeira
Outra das estratégias prioritárias que deve adotar é a criação de uma poupança automática para constituir o seu fundo de emergência. Um fundo de emergência é uma espécie de pé de meia que deve ter, pelo menos, o montante necessário para cobrir as suas despesas essenciais por um período mínimo de seis a doze meses.
Assim, se acontecer um imprevisto financeiro ou ficar desempregado, este fundo permite-lhe estar mais seguro em relação ao futuro.
Imagine que o seu ordenado líquido é de 1.200 euros e tem despesas essenciais de 800 euros. Se todos os meses programar que 10% do seu ordenado é direcionado para uma conta à ordem, mensalmente poupa 120 euros. Ao final de um ano, consegue juntar 1.440 euros. Se mantiver esta estratégia, o seu fundo de emergência terá 7.200 euros ao fim de cinco anos. Logo, fica com capacidade para cobrir 9 meses de todas as suas despesas essenciais.
Caso queira alcançar este objetivo mais rápido, pode direcionar para esta conta uma percentagem do seu subsídio de férias, Natal ou até do reembolso do IRS.
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5 - Ao construir uma estratégia para resolver os seus problemas a longo prazo pode reduzir a sua ansiedade financeira
Se está numa situação em que o seu orçamento familiar está cada vez mais apertado, é normal que a sua ansiedade financeira esteja a aumentar. Nesta altura, procure concentrar-se menos nos problemas e mais nas soluções que tem disponíveis. Ao fazer um bom planeamento, pode reduzir a sua ansiedade financeira e ganhar a folga financeira que tanto precisa.
Mas como é que pode alcançar estes resultados positivos? Com a subida dos juros e da taxa de inflação, é normal que precise de aumentar o seu rendimento disponível. E como é que pode fazer isso? Através da revisão de despesas, renegociação de contratos e, claro, de cortes no que não é essencial neste momento.
Caso tenha um crédito habitação, nesta fase, deve tentar renegociar o seu contrato junto do banco. Em termos de negociação, pode tentar reduzir o seu spread, o valor que paga pelo seu seguro de vida do crédito habitação e seguro multirriscos ou até aumentar o prazo do contrato. No entanto, lembre-se que sempre que alarga o prazo do seu crédito, este fica mais caro, pois acabará por pagar mais juros no final.
Recorde-se que, neste contexto de aumento acelerado dos juros, o Governo implementou uma medida que obriga os bancos a negociarem os contratos de crédito habitação com uma taxa variável, cujos titulares tenham visto subir a sua taxa de esforço para mais de 35%. Assim, se conseguir baixar a sua prestação mensal, pode ganhar uma folga financeira no seu orçamento e traçar novas metas de poupança que permitam até amortizar o seu crédito no futuro.
Se tem vários créditos ao consumo, outra forma de conseguir um dinheiro extra todos os meses é tentar a consolidação de créditos. Através do crédito consolidado, pode juntar vários créditos num só, ficando a pagar uma única prestação, com uma taxa de juro mais baixa do que a maioria dos créditos pessoais.
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