O valor da sua conta bancária anda a causar-lhe insónias? Cada vez que chega uma nova fatura para pagar sente-se ansioso? Está com dificuldades em gerir o seu dinheiro todos os meses? Provavelmente está a sofrer de ansiedade financeira. No entanto, se não está numa situação de incumprimento, saiba que existem algumas estratégias que pode adotar que o vão ajudar a equilibrar o orçamento e, com isso, a evitar o stress financeiro que está a sentir.
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Faça um orçamento
O ponto de partida para evitar o stress financeiro é saber exatamente quanto dinheiro precisa para pagar as suas contas e constituir uma poupança que garanta alguma estabilidade financeira. A forma mais fácil de chegar a esta conclusão é fazer um orçamento familiar. Para tal, vai ter de fazer um levantamento de todas os seus rendimentos e despesas, por menores que estas sejam.
Ao ter um orçamento familiar sempre atualizado, consegue gerir melhor o seu dinheiro ao longo do ano. Afinal, ao olhar para o documento ou aplicação onde tem este orçamento, identifica facilmente quanto dinheiro sobra ao final do mês. E desta forma, pode tomar decisões conscientes na hora de gastar/poupar o seu dinheiro.
Por exemplo, se quiser fazer uma compra de valor mais elevado, antes de efetuar a compra, deve olhar para o seu orçamento e perceber se esta é a altura certa de realizar essa aquisição. Se ficar com um orçamento muito apertado, mais vale juntar dinheiro durante alguns meses para dar este passo.
Outro fator importante é que se o seu orçamento permitir, deve canalizar 10% a 20% do valor total para uma poupança. Estes são alguns dos pilares para gerir corretamente o seu orçamento familiar e evitar o stress financeiro que pode estar a sentir atualmente.
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Reveja as suas despesas e corte no que não é essencial
Com o aumento da inflação e a subida dos juros, é essencial que esteja mais atento a todos os seus encargos. Isto porque o seu orçamento familiar pode precisar de uma revisão mais regular, uma vez que os seus encargos essenciais têm, agora, um peso maior na sua carteira.
Assim, para evitar o stress financeiro quando certas despesas aumentam, é aconselhável rever alguns encargos e cortar em gastos que não são essenciais à sua vida. Tendo o seu orçamento familiar atualizado, consegue identificar quais os contratos que pode rever e que gastos não são essenciais.
Por exemplo, se costuma gastar mensalmente 100 euros em almoços ou jantares fora, pode reduzir esta despesa na totalidade (preparando refeições em casa) ou para metade (não se privando totalmente desta despesa não essencial, mas reduzindo o seu peso).
Se fizer esta análise a todas as suas despesas e definir uma estratégia para o valor que sobra com este ajuste, consegue aumentar a sua estabilidade financeira através da criação de um fundo de emergência.
Um fundo de emergência é um pé-de-meia que deve cobrir as suas despesas essenciais por um período mínimo de 3 a 12 meses, de forma a acautelar situações imprevistas ou perdas de rendimentos. Embora nem sempre seja fácil fazer certos cortes e direcionar o seu dinheiro para um fundo de emergência, esta decisão pode evitar a necessidade de pedir um novo crédito ou até de entrar numa situação de incumprimento.
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Renegociar contratos pode evitar o stress financeiro a longo prazo
Enquanto cliente, saiba que tem sempre a possibilidade de renegociar as condições contratuais que possui atualmente, independentemente do tipo de contrato que está em causa. No entanto, na maioria dos casos, vai ter de chegar a um acordo com a outra parte ou cancelar o seu contrato (caso seja possível) e mudar para outra entidade que tenha condições mais vantajosas para si.
A longo prazo, estas alterações podem reduzir o seu stress financeiro. Afinal, se em cada contrato que renegociar conseguir poupar uma pequena quantia que seja, estas mudanças vão ter um impacto na sua vida financeira a longo prazo. E se souber direcionar esta poupança estrategicamente, pode aumentar a sua estabilidade, o que irá reduzir a sua ansiedade financeira.
Por exemplo, se a prestação do seu crédito habitação está a pesar muito no seu orçamento familiar (por ter uma taxa variável ou taxa mista) deve primeiro ponderar se compensa recorrer aos apoios do Governo, que são direcionados aos titulares de crédito que viram a sua taxa de esforço subir para mais de 35%. Afinal, nestes casos, a instituição financeira deve apresentar soluções para combater o risco de incumprimento.
Caso esta não seja uma alternativa viável para si, veja se a instituição financeira está disponível para baixar o spread do seu contrato. É preciso ter em conta que já existem entidades a aplicar spreads mínimos de 0,5%. No entanto, se o seu banco não estiver disposto a renegociar o seu contrato, estude a hipótese de proceder a uma transferência de crédito habitação para outra entidade. Através desta solução, pode conseguir reduzir o seu spread, alterar a modalidade dos juros, mudar os seus seguros associados ao crédito habitação para outra seguradora ou até remover produtos que tinha subscrito.
No caso de ter vários seguros em carteira, veja se hoje em dia compensa ter todas as apólices ou coberturas que possui. Se a resposta for afirmativa e tiver os seus seguros na mesma seguradora há vários anos, peça simulações junto de outras entidades. Dado que existe uma vasta oferta no mercado, ao mudar as suas apólices pode conseguir poupar dezenas ou centenas de euros, sem perder as coberturas que precisa.
Nos contratos de eletricidade, gás natural e telecomunicações, é natural que nos últimos tempos tenha notado que os valores das suas faturas subiram, dada a escalada da inflação neste último ano. Mas lembre-se que, por exemplo, nos contratos de eletricidade e gás natural pode mudar de fornecedor ou ver se compensar continuar no mercado liberalizado ou no mercado regulado.
Quanto ao contrato de telecomunicações, deve avaliar o período de fidelização, e estar atento às ofertas da concorrência na hora de renegociar o seu contrato. Estando bem informado, pode conseguir uma mensalidade com um preço mais acessível sem abdicar dos serviços essenciais para si.
Mude os seus comportamentos enquanto consumidor
A subida da inflação e dos juros tem aumentado o nível de stress financeiro em muitos portugueses. Mas a verdade é que os nossos comportamentos enquanto consumidores também podem causar-nos bastante ansiedade, principalmente quando todos os meses batalhamos para que o dinheiro chegue ao fim do mês.
Se este é o seu caso, talvez esteja na altura de rever alguns dos seus comportamentos enquanto consumidor. Por exemplo, costuma ceder ao impulso na hora de fazer compras? Pondera se as compras que faz são essenciais? Tem em conta quantas horas de trabalho precisa para fazer uma compra de valor mais elevado?
Parecendo que não, estas questões assumem um papel essencial na hora de melhorar os seus hábitos de consumo. Embora seja normal ceder a algumas tentações, enquanto consumidor deve questionar-se se precisa mesmo daquele artigo ou se é apenas um capricho. Se for sincero com as suas respostas, pode evitar gastar imenso dinheiro desnecessariamente.
Nas compras do dia a dia, não deve sair de casa sem antes fazer uma lista do que necessita. Já nas compras de valor mais elevado, o ideal é que pondere bem cada aquisição, compare preços e crie uma estratégia de poupança para conseguir comprar aquilo que ambiciona.
Não existe mal nenhum em querer um certo modelo de telemóvel ou computador. No entanto, dê valor a essa compra. Se fizer contas às horas que precisa de trabalhar para pagar esse produto, perceberá melhor o investimento que está a fazer.
Procure ajuda de especialistas para evitar o stress financeiro
Em determinadas fases da vida, nem sempre conseguimos lidar ou processar certas situações. E não existe nenhum mal nisso. O mais importante é procurar soluções que nos ajudem a ultrapassar os nossos problemas e alcançar os nossos objetivos.
Caso esteja a viver com um nível de stress financeiro mais elevado, deve procurar ajuda de um especialista na área de psiquiatria ou psicologia para reduzir a sua ansiedade/stress.
Além de um especialista na área de medicina, saiba que existem especialistas na área das finanças que o podem ajudar com a sua gestão financeira.
Já se tiver dificuldade em renegociar contratos de crédito e seguros, uma vez que nem sempre é fácil perceber as condições e termos utilizados, pode ainda recorrer a especialistas em créditos e seguros, através de intermediários de crédito que não lhe cobram pelos seus serviços.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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