Todos os dias, de uma forma consciente ou inconsciente, temos de tomar decisões. Uma simples ida ao supermercado, um almoço ou um café são exemplos de decisões que vamos tomando, que muitas vezes executamos em piloto automático, mas que envolvem processos de decisão. Todas estas pequenas decisões ou “passos” que vamos dando diariamente acabam por ter influência nas nossas vidas.
O poder da informação
É cada vez mais importante percebermos o contexto em que estamos inseridos. Com o desenvolvimento tecnológico, o mundo tornou-se global. Isto significa que, de uma forma célere, temos conhecimento de acontecimentos que se passam na outra extremidade do globo. Esta dinâmica torna o nosso dia a dia mais agitado, mais vivo e mais intenso. Temos cada vez mais informação à disposição que não sabemos interpretar, por dois motivos: o primeiro porque não dispomos de competências que nos permitam percecionar toda a informação que nos é disponibilizada; o segundo, porque, além da informação, também nos chegam outras distrações que nos tiram o foco e a concentração. Este é um tema que devemos desenvolver. Ensinar os mais novos a distinguir entre o essencial e o acessório e dotá-los de competências que lhes permitam percecionar perigos ou oportunidades que vão surgindo. Se transportarmos esta realidade para as nossas decisões económicas, percebemos que, quanto mais atentos estivermos, maior será a probabilidade de tomarmos decisões conscientes, ajustadas ao nosso enquadramento e que nos deixarão mais confortáveis e tranquilos face ao presente e futuro.
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Perceber o contexto que nos rodeia
Um dos pontos mais importantes na tomada de decisão em qualquer atividade é perceber o nosso contexto e o que nos rodeia. Se nos focarmos única e exclusivamente em nós próprios, corremos o risco de tomar decisões completamente desajustadas. Desta forma, é fundamental saber enquadrar as nossas decisões e objetivos no cenário que estamos a atravessar. Isto fará com que o timing das nossas decisões seja mais estruturado. Existem investimentos que fazem todo o sentido no momento certo. O timing certo é a definição de saber conjugar todas as variáveis de decisão com o contexto económico em que estamos inseridos.
Como exemplo, temos tido acesso a vários estudos que indicam que, em 2050, a Segurança Social só terá capacidade para pagar, em média, 43,5% do último salário. Se temos esta informação do nosso lado, o que devemos fazer? Ficar parados ou tomar uma atitude? A resposta é simples, se ficarmos parados, em 2050 iremos receber 43,5% do último salário, se tomarmos uma atitude e procurarmos desde já outras soluções, em 2050 iremos ter outros rendimentos que nos irão complementar a reduzida reforma que a Segurança Social nos irá disponibilizar.
Neste exemplo, percebemos a realidade em que estamos inseridos e sabemos que temos de dar um passo em frente. Temos tempo para nos informarmos e tomar uma decisão consciente que passará, numa primeira fase, pela consciencialização da urgência de começarmos a poupar e, num segundo ponto, pela importância de potenciarmos as nossas poupanças, com o objetivo de usufruirmos desta tomada de decisão no futuro.
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O caminho é longo e com obstáculos
É importante termos a noção de que, seja qual for o caminho que seguirmos, iremos ter obstáculos que teremos de saber ultrapassar. Em qualquer circunstância, é fundamental termos esta noção. Nos sonhos ou no papel, existem planos perfeitos. Na realidade, existem adversidades que nos vão obrigar a colocar em causa as nossas decisões. E são estes os momentos em que podemos dar um passo em frente. Validarmos ou não a nossa tomada de decisão é fundamental para atingirmos os objetivos a que nos propomos. A vida é continua e não estanque. Uma decisão tomada há cinco anos, poderá neste momento não fazer sentido. Esta capacidade de nos colocarmos em causa é importante para continuarmos a evoluir. Hoje temos um exemplo perfeito disto que estou a referir. Como exemplo, uma decisão de investimento tomada há cinco anos tinha como pressuposto uma taxa de inflação próxima de zero. Hoje temos uma taxa de inflação na ordem dos 6%. Este dado pode alterar por completo o nosso posicionamento. Se há cinco anos não tínhamos grandes alternativas de poupança, hoje o cenário mudou. Este é apenas um exemplo da forma como a tomada de decisão se deve ir ajustando à realidade. O importante é termos noção de que as nossas decisões de investimento não são fixas e que devemos estar, constantemente, atentos à realidade global e ao que nos rodeia.
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Instabilidade: Riscos e oportunidades
O conhecimento traz-nos outra barreira que passa por saber gerir e processar toda a informação que vamos recebendo e analisando. Um ponto fundamental é que, nas decisões de investimento, existe sempre o risco e a oportunidade. Na vertente financeira, devemos sempre pensar e executar de uma forma racional. É ainda muito importante ter a noção de que o processo de investimento é demorado e contínuo. Se analisarmos os dados históricos iremos perceber que foi nas crises que existiram as maiores oportunidades de investimento. Com isto, pretendo apenas alertar que existem momentos em que nos devemos saber posicionar para poder tirar proveito das nossas decisões no longo prazo, apesar de termos a noção de que no curto prazo a oscilação ou volatilidade dos nossos investimentos poderá ser elevada. O mais importante é investirmos com consciência, definindo desde logo um plano B caso as coisas não corram como estamos à espera. Estarmos preparados para o pior cenário é meio caminho andado para as coisas correrem bem, porque iremos saber reagir nos momentos mais adversos.
Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.
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