Todos queremos ter liberdade financeira. Quando se atinge esse patamar, o dinheiro deixa de ser visto como um problema e existe uma maior capacidade para tomar decisões e fazer escolhas. E que escolhas são essas? Para algumas pessoas pode ser fazer uma viagem grande por ano ou tirar um curso. Para outras, é ter a tranquilidade de saber que um qualquer imprevisto não será um quebra-cabeças para as contas familiares.
Ou seja, a liberdade financeira também depende daquilo que cada um deseja para si, mas é a garantia de que podemos decidir com mais tranquilidade e sem comprometer a capacidade de cobrir as despesas correntes.
Saiba como pode começar a construir este caminho.
Saiba quanto gasta
Por outras palavras, faça o seu orçamento. E aqui não falamos apenas de saber quais são os gastos, mas de quantificar essas despesas. Todos os meses paga a renda ou a prestação do crédito habitação, a água, a luz, o gás, os serviços de telecomunicações e as compras do supermercado. Mas será que sabe o peso que isso tem no orçamento?
E nos dias de hoje, nos quais o débito direito é a forma preferencial para pagar muitos serviços, pode ser ainda mais fácil perder o controlo ao volume de gastos. Assim, é importante que faça esta revisão. Desta forma, terá uma visão muito mais clara das suas despesas e conseguirá identificar as áreas em que pode fazer ajustes.
Orçamento feito: Pode rever contratos?
Depois de saber com maior precisão de que forma é que o seu dinheiro está a ser canalizado, pode rever alguns contratos para perceber se as condições atuais ainda fazem sentido. Talvez consiga poupar na fatura da televisão se excluir alguns serviços que não usa, por exemplo.
E se acha que a poupança que vai conseguir ao rever estes contratos é pouca, pense que há outros nos quais pode conseguir um corte de despesas maior. Por isso, se tem um crédito habitação, tente perceber de que forma pode renegociar o contrato para baixar a prestação mensal.
Renegociar o crédito habitação
Se comprou casa, o mais certo é que tenha recorrido ao crédito habitação. Quantas vezes é que já tentou procurar melhores condições desde que assinou o contrato com o banco? Mesmo que não sinta dificuldades para pagar as prestações, não perde nada em tentar renegociar o crédito.
Ao falar com o seu banco ou ao procurar outra instituição para a qual transferir o crédito, pode conseguir melhorar condições como o spread, o prazo do indexante (Euribor a três, seis ou 12 meses), o regime da taxa de juro (fixa ou variável) o prazo para pagar o empréstimo ou a modalidade de reembolso.
Vejamos o exemplo de um crédito de 150 mil euros, com 360 meses (30 anos) para o fim, com um spread de 1,5% e indexado à Euribor a seis meses.
Se conseguir baixar o spread para 1%, a prestação mensal passa de 862,54 euros para 815,81 euros. Quando acabar de pagar o crédito, terá gastado menos 16.823,36 euros.
Outra solução pode passar por amortizar uma parte da dívida. Desta forma, pode conseguir baixar a prestação mensal ou reduzir o prazo de pagamento. Neste último cenário, saldar a dívida mais cedo é também sinónimo de menos uma despesa e, consequentemente, maior liberdade financeira.
Até ao dia 31 de dezembro de 2024, os clientes com contratos de crédito habitação com taxa variável ou que, tendo sido contratados a taxa de juro mista, se encontrem em período de taxa variável estão dispensados de pagar a comissão por reembolso antecipado.
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Tem vários créditos? Pondere consolidar
Se tem pelo menos dois créditos, o crédito consolidado pode ser uma boa opção. Com esta solução junta os vários créditos num só, com uma prestação mensal mais baixa. O resultado é uma redução, que pode chegar aos 60%, das suas despesas mensais.
Um dos clientes que recorreu à ajuda do Doutor Finanças acumulou 38 mil euros em encargos com cartões de crédito, o que se refletia numa prestação mensal de 1.700 euros. Depois de consolidar, ficou a pagar 577 euros, ou seja, poupou 1.123 euros por mês.
Ainda assim, é importante estar bem informado antes de avançar para esta solução. Faça simulações e compare opções antes de tomar uma decisão.
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Faça um fundo de emergência
Esta é uma boa forma de caminhar rumo à liberdade financeira. Ao constituir um fundo de emergência tem uma rede de segurança que permite fazer face a um imprevisto sem comprometer as finanças pessoais.
Este fundo deve ter dinheiro suficiente para cobrir entre 6 e 12 meses de despesas, consoante seja trabalhador por conta de outrem ou trabalhador independente.
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Invista a sua poupança
Com os ajustes que fez, é expectável que consiga alocar mais dinheiro por mês à poupança. Ainda assim, não se limite a pôr essa montante de lado. Ao investir uma parte das suas poupanças coloca o dinheiro a trabalhar para si e, idealmente, obtém proveitos desse investimento.
Investir é, portanto, uma forma de garantir a liberdade financeira no futuro. Sabia que com uma taxa de inflação média de 3% o poder de compra cai para metade em 25 anos?
Se está a pensar que tem receio de perder tudo aquilo que guardou, saiba que existem produtos de investimento para todos os perfis. Os que têm capital garantido não oferecem um retorno tão aliciante, mas são a garantia de que não perde aquilo que investiu. Podem ser certificados de aforro, certificados do Tesouro ou alguns seguros PPR, por exemplo.
Os produtos mais arriscados não garantem o capital investido, mas têm um retorno potencial mais apetecível, tais como ações ou ETFs. Acima de tudo, é importante que conheça o seu perfil de investidor. Por fim, estabeleça um objetivo para as suas poupanças e investimentos (comprar casa, carro ou investir para a reforma, por exemplo).
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Comece a otimizar o IRS desde o início do ano
O reembolso de IRS não garante, por si mesmo, a liberdade financeira. No entanto, ao perceber como funciona conseguirá otimizar a quantia a receber. Mais tarde, pode destinar uma parte à poupança e aos investimentos.
Assim, garanta que todas as despesas estão alocadas às categorias certas no portal e-fatura. Desta forma, consegue aumentar as deduções. Esse é o valor que a Autoridade Tributária abate à coleta total de imposto, obtendo assim a coleta líquida. Se a coleta líquida for inferior aos valores de retenção na fonte, é reembolsado. Se for superior, tem de pagar IRS.
PPR: Investimentos que aumentam o reembolso de IRS
Os Planos Poupança Reforma (PPR) permitem que invista ao mesmo tempo que otimiza o reembolso de IRS. Isto porque pode deduzir 20% dos valores investidos anualmente. De acordo com a idade, os limites são os seguintes:
- Até aos 35 anos: 400 euros (tem de aplicar 2.000 euros)
- Entre os 35 e os 50 anos: 350 euros (tem de aplicar 1.750 euros)
- A partir dos 50 anos: 300 euros (tem de aplicar 1.500 euros)
Se quiser usufruir, confirme se o quadro 6B do anexo H da declaração de rendimentos está preenchido. No entanto, tenha em atenção que se pedir o reembolso fora das condições legais terá de devolver as deduções, acrescidas de uma penalização de 10% por cada ano que tiver passado.
A liberdade financeira não se alcança de um dia para o outro, mas com alguns gestos simples ficará mais perto de o conseguir. Aproveite o ano de 2024 para começar a trilhar este caminho.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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