Os anos passam a correr e 2023 não foi exceção. Vivemos a época natalícia que é caraterizada como um momento de partilha, convívio, união e ilusão (para os mais pequenos).
É por esta altura que começamos a fazer o balanço do ano e a definir objetivos ou targets para 2024. Olhando para o futuro próximo, enquanto sociedade, teremos algumas decisões importantes e que dependem de nós. As legislativas e o rumo que o país irá seguir está nas nossas mãos. Cabe-nos, em consciência e através do nosso voto, definir o caminho que pretendemos que Portugal siga. Uma coisa é certa, a literacia financeira deverá estar nas prioridades de quem quiser ou vier a governar. Uma população mais informada, consciente e racional, tomará melhores decisões coletivamente e será mais exigente com aqueles que nos representam.
A prenda que todos esperamos
Economicamente, o ano que estamos a atravessar foi diferente do passado recente. Foi um ano de ajustamento por parte de empresas, famílias e autoridades monetárias. As famílias foram duplamente afetadas. Numa primeira fase, a inflação tornou o nível de vida mais caro. Os preços dos bens e serviços subiram de uma forma abrupta. A forma como as autoridades monetárias procuraram reduzir a inflação passou pela subida de taxas de juro de referência, que acabaram por impactar, novamente, as famílias e empresas. Assim, o rendimento disponível ao longo deste ano foi mais reduzido, fazendo com que todos tivessem de se adaptar a uma realidade diferente.
Num país com as caraterísticas do nosso, em que existe um grande grau de endividamento, estes fatores fizeram-se sentir e tiveram impacto no dia a dia. Analisando o comportamento da inflação, percebemos que este indicador começa a aproximar-se da meta definida pelo BCE (2%). Se a tendência se confirmar e a descida da inflação for consistente, em 2024, poderemos todos ter uma prenda no sapato, através da inversão da atual política monetária, ou seja, redução das taxas de juro. Se este cenário se verificar, em 2024 poderemos ter um alívio no nosso orçamento, precisamente o contrário do verificado em 2023.
Leia ainda: Saber interpretar os sinais
2023: Um ano de aprendizagem
Se há algo que devemos ter sempre em mente é que tudo muda muito rapidamente. O ano que está a terminar demonstrou-nos isso mesmo. As dificuldades aparecem quando menos esperamos. O que devemos fazer é estarmos sempre preparados para um cenário mais difícil. O Natal é, por norma, uma época em que se consome mais. A crescente tradição dos presentes gera um consumismo cada vez maior. O que devemos fazer é evitar comprar apenas por comprar. Depois de um ano difícil, porque não aproveitar esta época para oferecer algo diferente?
Leia ainda: Os acontecimentos inesperados
Imaginação e criatividade
Vivemos num contexto em que se incentiva e estimula o consumo. As TVs, rádios ou redes sociais são locais onde se promovem produtos apelativos e que nos chamam a atenção. Não são raras as vezes em que compramos bens que acabam por não ter importância ou influência nas nossas vidas. Estas tomadas de decisão acabam por fazer com que os nossos recursos não sejam direcionados da melhor forma. Tendo em conta esta realidade, porque não aproveitamos o Natal para dar prendas que façam a diferença nas nossas vidas? Com um pouco de imaginação e criatividade, o Natal pode, por exemplo, ser uma época perfeita para potenciar a literacia financeira nos mais novos. Ora, como acabamos por gastar dinheiro em prendas que, muitas vezes, não têm utilidade, porque não utilizamos esses recursos em algo que faça realmente a diferença nas nossas vidas?
De uma forma simples, em vez de darmos dinheiro ou prendas que os mais novos não vão utilizar, porque não lhes constituímos um PPR? Porque não lhe compramos algumas ações de empresas que eles conheçam e valorizem (como a Disney, Coca-Cola ou McDonald’s)? Este pequeno passo, entre outros, teria alguns pontos diferenciadores: o primeiro seria criar a consciencialização, nos mais novos, da importância que literacia financeira e a poupança terão no seu futuro. O segundo ponto seria a utilização dos recursos de uma forma didática, mas útil. Se todos os anos fizermos algo similar, estaremos a criar condições para que, no futuro, os mais jovens tenham melhores condições para poderem concretizar os seus sonhos.
Leia ainda: PPR: Nunca é demasiado cedo para começar a poupar para a reforma
Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário