Quero falar-lhe de uma das maiores armadilhas financeiras no mundo das finanças pessoais. Nem damos por isso, mas caímos nela várias vezes e nem nos damos conta do mal que isso faz à nossa gestão financeira.
Imagine a seguinte situação: surge uma boa oportunidade de comprar algo que você gosta ou precisa. Está a um bom preço. Você olha para o saldo da sua conta bancária e tem lá dinheiro suficiente. Portanto, pode. O que faz? O seu cérebro diz-lhe imediatamente que deve aproveitar essa oportunidade e compra! Mas a questão é: será que podia mesmo?
Como sabe, defendo que o dinheiro serve para ser usado naquilo que queremos e precisamos. Ser “forreta”, simplesmente poupando por poupar, para acumular dinheiro, não é a minha definição de felicidade financeira.
Portanto, acredito que pode e deve comprar o que quiser, desde que tenha dinheiro para isso. O problema está na definição de “ter dinheiro para isso”.
O que é “ter dinheiro para isso”?
Por muito que lhe custe ouvir (neste caso, ler) isto, ter dinheiro na conta não significa ter dinheiro. Na maior parte dos casos, esse dinheiro não é realmente seu. Está é na sua posse momentaneamente.
O mesmo acontece com o saldo que tem disponível num eventual cartão de crédito. Poder gastar 2.000 euros em cartão de crédito não significa que tenha 2.000 “seus”.
A parte “adulta” de lidar com o seu dinheiro depende de fazer permanentemente e ao longo de toda a sua vida esta avaliação:
Já pagou todas as contas do mês e as anteriores?
Já retirou o dinheiro (dividido por 12 meses) de todas as suas despesas futuras, como os seguros dos carros e da casa, IMI, manutenção automóvel, férias, prendas previsíveis, etc.?
Já se pagou a si próprio primeiro, reservando e retirando mensalmente 10% do seu salário (assim que o recebe) para a criação do fundo de emergência e para planear a sua reforma (PPR ou outros investimentos)?
Se respondeu “sim” a todas estas questões, então tem dinheiro para comprar isso.
E pode e deve fazê-lo com uma imensa tranquilidade e sem a mínima ansiedade porque atingiu aquilo a que chamo “paz financeira”. As compras por impulso, descontroladas e não planeadas, destroem as suas finanças pessoais e a sua paz mental. Só você pode parar esse ciclo de ansiedade e de problemas financeiros bem reais. O segredo é simples: organização. Tem força para isso? Vamos tentar?
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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