No mês de novembro foram concedidos 2.040 milhões de euros em novo crédito habitação, de acordo com os dados publicados pelo Banco de Portugal. Este é o valor mais elevado desde que há dados (janeiro de 2003).
No acumulado de 2023, a banca financiou 18,2 mil milhões de euros em crédito habitação, um volume que se aproxima do nível mais elevado desde que há dados: em 2007, o volume de novo crédito habitação atingiu os 19,6 mil milhões de euros, algo nunca registado.
Em sentido contrário, o saldo total de empréstimos habitação tem vindo a descer, acumulando, ao longo de 2023, uma redução de cerca de mil milhões de euros para 99,06 mil milhões de euros. Uma evolução que se justifica com as amortizações feitas ao longo do ano por parte das famílias.
Estes dados surgem num período de subidas acentuadas das taxas Euribor, o indexante do crédito habitação mais usado em Portugal até ao ano passado e que tem um impacto direto nos encargos das famílias com a sua habitação.
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Malparado em mínimos
Este cenário aumentou os receios de subida do incumprimento por parte das famílias, que sentiram acréscimos significativos das prestações do crédito habitação. Contudo, os dados do Banco de Portugal revelam que o crédito vencido na habitação continua baixo.
O valor de crédito vencido fixou-se nos 264,9 milhões de euros, um valor ligeiramente acima de outubro (262,1 milhões de euros), mantendo-se em níveis historicamente baixos. Um ano antes, em novembro de 2022, o incumprimento situou-se nos 306 milhões de euros.
Além de o volume ser baixo, face ao histórico, também corresponde a um mínimo (0,3%) em termos de percentagem do total dos empréstimos existentes, nível em que se encontra desde setembro de 2022.
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Taxas de juro sobem. Taxa mista é a “eleita”
Algo que mudou de forma expressiva no último ano foi o tipo de taxa de juro contratado pelas famílias.
Se, em novembro de 2022, a esmagadora maioria dos contratos de crédito habitação (80,2%) tinha uma taxa variável e apenas 13% tinha uma taxa mista, um ano depois, 66,1% dos contratos têm uma taxa mista e apenas 28,5% têm uma taxa variável.
Estes dados comprovam a procura por parte das famílias de soluções que aliviem o peso da prestação da casa nos seus orçamentos, num período marcado por uma subida expressiva das taxas de juro.
Se recuarmos a novembro de 2021 (há dois anos), as taxas Euribor ainda estavam negativas, pelo que as prestações do crédito habitação estavam consideravelmente mais baixas. Um ano depois, em novembro de 2022, as taxas Euribor a seis e 12 meses já estavam acima dos 2% e, em novembro de 2023, acima dos 4%.
Esta evolução levou muitas famílias a procurarem alternativas às suas condições de crédito, nomeadamente trocando o indexante variável por uma taxa mista, o que garante estabilidade no valor das prestações durante o número de anos contratados.
Ainda assim, e a beneficiar também da mudança de tipo de taxa de juro, a prestação média dos empréstimos habitação existentes subiu 28,7% no último ano para 422 euros, em novembro.
Depois de uns meses de subidas consecutivas das taxas de juro, este ano deverá ser marcado por um alívio. As estimativas apontam para uma descida de juros em 2024, faltando saber quando e qual a dimensão das descidas.
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