O ano de 2024 revela-se particularmente estimulante e intenso, tanto do ponto de vista económico como político, oferecendo aos analistas especializados e aos media um amplo enredo. No domínio económico, destaca-se a possibilidade concreta de uma alteração na política monetária dos bancos centrais americano (FED) e europeu (BCE).
Economia e política: O que se espera em 2024?
Com a taxa de inflação nos EUA e na Zona Euro a seguir uma trajetória descendente, aproximando-se dos 2%, as projeções nos mercados de derivados de taxas de juro indicam uma queda agregada de 1,5% nas taxas diretoras ao longo do ano de 2024. Prevê-se um crescimento económico modesto, situando-se num intervalo entre 0,5% e 1%, tanto nos EUA como na Zona Euro. Os mercados de trabalho apresentam-se resilientes, com as taxas de desemprego a fixarem-se em patamares próximos dos 4% nos EUA e 7% na Zona Euro.
No âmbito político internacional, 2024 promete ser um ano repleto de eventos, com 40 países a realizarem eleições legislativas ou presidenciais, destacando-se, entre eles, os Estados Unidos, a União Europeia (com as eleições para o Parlamento Europeu), a Índia, o México, o Reino Unido, a África do Sul, a Rússia, a Indonésia, o Paquistão e, naturalmente, Portugal. Com cerca de 41% da população mundial e 42% do Produto Interno Bruto (PIB) global a participarem no exercício democrático em 2024, antevê-se um elevado ruído mediático. Perante este cenário de incerteza, surge a questão crucial: qual será a estratégia mais eficaz para investir nos mercados financeiros de forma inteligente e racional?
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Como investir de forma inteligente?
Uma abordagem eficiente para implementar uma estratégia de investimento de longo prazo é a combinação do Dollar Cost Averaging (DCA) e a automatização dos investimentos. Ao adotar este modelo, os investidores podem ajustar-se de forma proativa às nuances e vicissitudes que o ano de 2024 promete apresentar.
O conceito subjacente ao DCA é simples. Em vez de investir uma quantia significativa de uma só vez, o investidor divide o montante total em partes mais pequenas e investe essas quantias em intervalos regulares, independentemente do preço do ativo. Isto implica que, em mercados em alta, o investidor comprará menos unidades do ativo, e em mercados em baixa, comprará mais unidades. Esta abordagem visa reduzir a exposição ao risco de variações abruptas no mercado.
Um estudo publicado no Journal of Financial Planning, conduzido pelo professor de finanças Meir Statman, da Santa Clara University, analisou o desempenho do DCA em comparação com a estratégia de investimento tradicional, que consiste em investir uma quantia fixa e única no tempo. Os resultados demonstraram que, especialmente em mercados voláteis, o DCA superou consistentemente a estratégia de investir uma única quantia. A diversificação dos pontos de entrada, proporcionada pelo DCA, permitiu que os investidores reduzissem a exposição aos picos e vales do mercado, resultando em retornos mais estáveis a longo prazo.
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A importância da automatização dos investimentos
Ao integrar o conceito de DCA, é crucial reconhecer a importância da automatização dos investimentos. Automatizar os investimentos não apenas simplifica o processo, mas também auxilia os investidores a manterem a disciplina e a evitarem decisões emocionais. Ao configurar transferências automáticas para o investimento regular, os investidores implementam efetivamente a estratégia DCA, assegurando que estejam continuamente a investir na sua carteira, independentemente das flutuações do mercado.
A implementação de estratégias automáticas de investimento está associada a uma redução significativa do impacto das emoções nas decisões financeiras. Este benefício torna-se particularmente relevante em cenários de volatilidade, onde a capacidade de manter a disciplina é crucial para alcançar resultados positivos a longo prazo. A automatização dos investimentos oferece benefícios adicionais alinhados com o modelo do DCA, eliminando a necessidade de monitorização constante do mercado e promovendo a consistência ao garantir que os investidores permaneçam fiéis à sua estratégia de investimento a longo prazo.
Em conclusão, a integração do DCA na gestão de investimentos, aliada à automatização do processo, representa uma abordagem robusta para os investidores de longo prazo. Ao incorporar a disciplina do DCA com a automatização, os investidores podem enfrentar a volatilidade do mercado com confiança, evitando as armadilhas das decisões emocionais.
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Carim Habib, é um profissional com mais de 25 anos de experiência em Banca e Serviços Financeiros, construiu a sua trajetória profissional em instituições financeiras internacionais, como o Deutsche Bank e o ING Bank, concentrando-se em banca de investimentos e gestão de ativos. É o fundador e atual CEO da Dolat Capital, Empresa de Investimento, SA, sociedade regulada pela CMVM e especializada em consultoria para investimentos e análise financeira. Carim é licenciado em Matemática Aplicada, possuindo diversas pós-graduações em Finanças e é certificado CAIA (Chartered Alternative Investment Analyst).
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