Quer seja nas empresas ou no seio das nossas famílias, dedicamos grande parte do nosso precioso tempo, se não todo, à constante reorganização das agendas e das prioridades. E não poderia ser de outra forma. A mudança só nos acrescenta.
Que “o mundo pula e avança” não temos dúvidas, e as convicções deveriam servir somente para nos edificar, não para nos cristalizar. Podemos sempre fazer qualquer coisa. Às vezes basta ouvir.
No trabalho ou em casa, a vida exige-nos cada vez mais disponibilidade. Assuma ela a forma que assumir. Umas vezes vem em jeito de tolerância, outras de compaixão (a tão em voga empatia), mas sempre em prol do outro.
E aqui está o primeiro dos meus três P. Falo-vos de ter um Propósito (e lá chegarei a Pessoas e Projetos). Desenganem-se se pensam que é desta que venho partilhar uma fórmula mágica. Continuo a não ter o “abracadabra” para uma vida plena de sucesso (duvido que tal exista), mas, hoje, sei bem da importância de identificar o que nos mobiliza.
Servir os outros é o meu Propósito. Ajudar ou, pelo menos contribuir, para suprir as necessidades das pessoas revelou-se, desde cedo, uma missão. O poder de acrescentar valor aos outros dá vida e sentido a qualquer Projeto, sobretudo se for feito de soluções pensadas por, e para, Pessoas.
A liderança não tem de ser solitária, como tantos preconizam. Pelo contrário. Quanto mais envolvermos as nossas Pessoas e mais decisões forem tomadas em equipa, mais hipóteses temos de liderar uma empresa bem-sucedida. Tratar as Pessoas como Pessoas não pode tornar-se uma frase batida, perdida algures nas redes sociais.
Os modelos colaborativos permitem-nos ter um conhecimento aprofundado das nossas Pessoas e do seu potencial. Os colaboradores passam a detentores de quota-parte dos nossos sonhos, chamam de seus os nossos Projetos e o verdadeiro engagement acontece. Dentro e fora de portas. Porque tudo o que é entregue com sinceridade (e seriedade) é recebido com o coração.
Leia ainda: O que fez hoje pelo bem-estar das suas Pessoas?
Digo sim a um equilíbrio inegociável
Sabemos hoje, nestes novos tempos pós abanão da pandemia, que o equilíbrio entre o plano pessoal e profissional é uma prioridade para as Pessoas. O mais recente relatório Workmonitor, da Randstad, mostra que para 93% dos colaboradores entrevistados em empresas espalhadas pelo mundo fora, o work-life balance é tão importante quanto o salário.
Esta percentagem é esmagadora e não deixa margem para dúvidas: lá está o mundo a avançar e a desafiar-nos a corresponder às prioridades das nossas Pessoas. Sem elas, nada será possível, já sabemos. Por isso, sem demora, façamos todos contas à vida.
Queremos que regressem ao escritório ou queremos que continuem dedicados e a acrescentar valor à empresa e a todos que nos procuram? O mesmo estudo que referi apurou que os talentos, pelo quais tanto lutamos, continuam a procurar e exigir flexibilidade. Poder trabalhar a partir de casa é dado como “um fator não-negociável” para quase dois em cinco trabalhadores.
Fiz o meu caminho, é certo. Mas há muito que a flexibilidade e o trabalho remoto são sinónimos de relações de confiança das quais não vou abrir mão. À distância de uma qualquer plataforma digital, as nossas Pessoas estão ali, todos os dias. A dar o seu melhor, e isto, não tem preço. Certamente, cada empresa encontrará o seu modelo, com mais isto e menos aquilo. O que serve a uns pode mesmo não servir a outros, mas dando voz a cada uma das nossas Pessoas, a resposta vai acabar por surgir.
É por tudo isto, e tanto mais, que os Projetos não acabam. Apenas terminamos etapas de um Projeto maior. Seguimos de concretização em concretização e reforçamos a escuta ativa de todos os envolvidos. A cadeia não pode parar. E, no meu caso, guiado pelos meus 3P, a aventura segue sempre... “dentro de momentos”.
Leia ainda: A esta cadeira quero ter 20
Rui Bairrada começou a sua vida profissional em 1995 como estafeta no Deutsche Bank. Nos anos seguintes assumiu responsabilidades em diferentes áreas comerciais até sair, 12 anos depois, deixando a função de Partnership Banking Coordinator, para criar o seu próprio negócio em finanças pessoais. Nos anos que se seguiram foi Managing Partner da Personal Finance, Diretor Geral da Dignus Capital e Board Member da Reorganiza, até fundar, em 2014, o Doutor Finanças, com o objetivo de ajudar os portugueses a tomar melhores decisões financeiras para as suas vidas. Atualmente, Rui Bairrada é CEO do Doutor Finanças. Em 2023 contou a sua história de vida no livro “De Estafeta a CEO: as decisões que constroem uma liderança”.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário