Metade dos portugueses sentem-se ansiosos quando pensam nas suas finanças pessoais, de acordo com o estudo "O Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental", desenvolvido pelo Doutor Finanças em parceria com a Laicos - Behavioural Change, num projeto que contou com a chancela científica da NOVA IMS e da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL).
Além de 50% dos inquiridos terem reportado sentir-se ansiosos quando pensam nas suas finanças, 22% admitiu que a preocupação com dinheiro contribui para não serem tão bem-sucedidos profissionalmente como poderiam ser.
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Quase 2 em cada 10 prefere não pensar nas suas finanças
A pesquisa, que procura retratar cientificamente a realidade do bem-estar financeiro em Portugal, mostra que as finanças pessoais é um tema que muitos tentam evitar: quase 2 em cada 10 participantes (18%) respondeu que prefere não pensar no estado das suas finanças pessoais.
Paralelamente, 23% dos inquiridos admite sentir-se culpado quando pensa sobre as suas finanças pessoais.
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Níveis de ansiedade financeira diferem consoante o género, rendimentos e escolaridade
Ainda que a ansiedade financeira faça parte do dia-a-dia de uma grande parte da população portuguesa, o estudo mostra que a sua incidência varia significativamente consoante o género e nível de escolaridade. No que respeita ao género, as mulheres apresentam maiores níveis de ansiedade em comparação com os homens (44,7% das mulheres e 39,9% dos homens).
Já em relação aos rendimentos, os níveis de stress financeiro aumentam significativamente quando os rendimentos são mais baixos.
O estudo "O Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental" divide os rendimentos em quatro patamares. O primeiro patamar compreende rendimentos até 8.287 euros. O segundo patamar, entre os 8.288 euros e os 11.824 euros, e o terceiro entre os 11.825 euros e os 17.092 euros. Por fim, o quarto patamar engloba os rendimentos superiores a 17.092 euros.
Partindo deste escalonamento, o estudo concluiu que o nível de stress financeiro no primeiro escalão (de rendimentos até 8.287 euros) é de 48,4% e no quarto(rendimentos superiores a 17.092 euros) de apenas de 35,7%.
Por último, verifica-se que o nível de escolaridade também tem influência sobre a ansiedade financeira. As pessoas que completaram o ensino superior demonstram níveis mais baixos de ansiedade financeira (39,5%) em comparação com pessoas que apenas terminaram o ensino secundário (44,5%).
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Jovens são os mais ansiosos em relação às suas finanças pessoais
A ansiedade financeira é transversal a todas as idades. No entanto, o estudo revela que os jovens são os que demonstram mais ansiedade financeira. A faixa etária entre os 18 e os 34 anos é a mais afetada (44%). Logo de seguida, entre os 35 e os 59 anos, a percentagem situa-se nos 42,6%. Acima dos 60 anos, a ansiedade financeira desce ligeiramente para 40,8%.
Neste estudo, de forma a garantir uma amostra demograficamente representativa de Portugal, foi utilizado o método de recolha de amostragem por quotas, habitualmente usado em sondagens de opinião em Portugal, utilizando os seguintes parâmetros para definir as quotas amostrais: Sexo, Idade, Zona Geográfica e Nível de Rendimento por Adulto Equivalente. O cálculo da amostra do estudo teve em conta um intervalo de confiança equivalente de 95%, com uma margem de erro de 3,5%.
Assim, em janeiro de 2024, foram recolhidas respostas de 800 pessoas entre os 18 e os 75 anos com naturalidade portuguesa e a residir em Portugal à data de participação do estudo.
Pessoas com menor bem-estar financeiro têm uma probabilidade três vezes maior de sentir tristeza
É incontestável que a ansiedade financeira afeta o bem-estar geral das pessoas. Neste sentido, importa referir outras conclusões deste estudo relacionadas com o bem-estar financeiro e as emoções que os participantes sentiram no dia antes da participação.
Cerca de três quartos dos inquiridos (76%) com bem-estar financeiro mais alto, reportaram ter experienciado emoções positivas no dia anterior. Já nos participantes com bem-estar financeiro baixo, apenas 37% admitiu ter experienciado emoções de prazer.
No mesmo sentido, 92% das pessoas com um nível de bem-estar financeiro elevado reportaram ter experienciado felicidade, enquanto apenas 58% de pessoas com bem-estar financeiro baixo admitiram sentir-se felizes.
Além disso, 88% das pessoas com bem-estar financeiro alto admitiram ter sentido calma no dia anterior, em comparação com 55% das pessoas com níveis de bem-estar financeiro mais baixo.
Em sentido contrário, 19% dos inquiridos com bem-estar financeiro alto admitiram ter experienciado tristeza no dia anterior ao estudo. Mas quando a questão foi colocada às pessoas com bem-estar financeiro mais baixo, 63% reportou ter convivido com esse sentimento.
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