Cerca de um quarto dos portugueses tem dificuldade em cumprir com as suas obrigações financeiras. De acordo com o estudo "O Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental", 27% dos inquiridos admitem que é difícil pagar as contas quando estas são devidas.
Desenvolvido pelo Doutor Finanças em parceria com a Laicos - Behavioural Change, num projeto que contou com a chancela científica da NOVA IMS e da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL), o estudo, que procura compreender o estado atual do bem-estar financeiro dos portugueses, conclui ainda que a maior parte acha que "não tem um nível de endividamento demasiado elevado".
Os portugueses e o endividamento
Entre os vários temas analisados, os autores do estudo quiserem perceber qual a relação dos portugueses com o endividamento. Assim, os participantes tiverem de responder a questões sobre a quantidade de dívidas, o peso dos encargos com crédito e a dificuldade em pagar contas.
Apenas 22% dos portugueses consideram que têm demasiadas dívidas neste momento e 33% afirmam que os encargos mensais associados a prestações de créditos (habitação, automóvel, cartão de crédito e outros) são demasiado altas para os rendimentos do seu agregado.
A estes números junta-se aquele que indica que 27% dos participantes têm dificuldade em cumprir com as obrigações financeiras.
De acordo com o relatório, estes dados mostram que "a maior parte dos portugueses perceciona que não tem um nível de endividamento demasiado elevado". Ainda assim, os autores deixam a nota de que existe "uma percentagem significativa da população que experiencia uma pressão elevada dos seus encargos com dívidas".
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Menos rendimento, mais endividamento
O estudo mostra ainda que existe uma relação direta entre rendimentos e endividamento. De facto, quem tem rendimentos abaixo dos 11.824 euros apresenta níveis de endividamento acima da média nacional.
O mesmo acontece quando é analisado o nível de escolaridade. Neste caso, as pessoas que concluíram apenas o ensino secundário encontram-se numa situação pior do que aquelas que têm um curso superior.
Ao nível da idade, o documento mostra que também existe uma "diferença estatisticamente significativa entre a população com mais de 60 anos e aqueles que estão entre os 35 e 59 anos". Neste caso, os últimos são os que experienciam um maior nível de endividamento.
A comparação entre sexos é a única em que não existem grandes diferenças, com homens e mulheres a mostrarem comportamentos semelhantes.
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Onde fica o bem-estar?
Por fim, o estudo do Doutor Finanças procurou perceber de que forma é que o endividamento afeta o bem-estar financeiro. A conclusão é de que as pessoas com menores níveis de endividamento apresentaram níveis mais elevados de bem-estar financeiro subjetivo.
De acordo com os autores, estes resultados mostram que "esta categoria de comportamentos é um alvo promissor na tentativa de promover maiores níveis de bem-estar financeiro na população portuguesa".
Neste estudo, de forma a garantir uma amostra demograficamente representativa de Portugal, foi utilizado o método de recolha de amostragem por quotas, habitualmente usado em sondagens de opinião em Portugal, utilizando os seguintes parâmetros para definir as quotas amostrais: Sexo, Idade, Zona Geográfica e Nível de Rendimento por Adulto Equivalente. O cálculo da amostra do estudo teve em conta um intervalo de confiança equivalente de 95%, com uma margem de erro de 3,5%.
Assim, em janeiro de 2024, foram recolhidas respostas de 800 pessoas entre os 18 e os 75 anos com naturalidade portuguesa e a residir em Portugal à data de participação do estudo.
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