Uma das regras mais importantes dos mercados é não investir no que não compreende. Deve conhecer os produtos em que quer pôr o seu dinheiro e perceber de que forma se adequam ao seu perfil e aos seus objetivos. Assim, antes de investir em obrigações é importante ter uma noção de que instrumento financeiro é este.
Nem todas as obrigações são iguais e há vários fatores que influenciam a sua rendibilidade.
O que são obrigações?
As obrigações são um instrumento financeiro que representa uma parte de um empréstimo. Assim, ao investir em obrigações está a emprestar dinheiro a uma entidade, seja ela uma empresa, um Estado ou outra entidade pública ou privada.
Ao fazê-lo, passa a ser credor dessa entidade e, no final do prazo acordado para o empréstimo, tem direito ao reembolso do valor que investiu. Até lá, vai receber juros (o chamado cupão) de forma periódica e pré-estabelecida. Ou seja, quando investe neste produto sabe logo à partida se o pagamento é trimestral, semestral ou anual.
No entanto, como veremos mais à frente, nem todas as obrigações têm um cupão associado. Neste caso, o rendimento está apenas na mais-valia entre o preço de compra e o valor nominal da obrigação.
E o que é o valor nominal?
Podemos falar do valor nominal como o valor efetivo de uma obrigação e aquele que o investidor recebe no final do período de empréstimo (data de maturidade). Assim, o valor nominal é independente das flutuações de preço das obrigações nos mercados financeiros.
Regra geral, estes produtos são emitidos ao par no mercado primário. Significa isto que o preço de venda corresponde ao valor nominal. No entanto, quando negoceia uma obrigação de um investidor que a esteja a vender (ou seja, no mercado secundário), pode acontecer comprá-la acima ou abaixo do seu valor nominal.
Imaginemos uma ação com um valor nominal de 50 euros. Quer a compre por 40 ou 60 euros, vai receber 50 euros no prazo de maturidade.
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O cupão das obrigações pode assumir várias formas. Nas obrigações de taxa fixa, o investidor sabe logo quanto é que a obrigação vai render, uma vez que o juro é sempre o mesmo durante o prazo do empréstimo. Ou seja, se comprar uma obrigação com o valor de 100 euros e cupão anual de 4%, sabe que vai receber quatro euros por ano.
Já as obrigações de taxa variável estão dependentes do comportamento de um indexante, como a Euribor. Assim, o investidor sabe que a obrigação vai pagar juros, mas não sabe quanto. Num ano pode render 4% e, no ano seguinte, baixar para 3%. É importante referir, no entanto, que a fórmula de cálculo da taxa de juro é conhecida à partida.
Por fim, e como escrevemos acima, existem as obrigações de cupão zero. Estes instrumentos não pagam qualquer juro durante o prazo do empréstimo, pelo que o rendimento está nas mais-valia entre o preço de compra e o valor nominal.
Como? Regra geral, as obrigações de cupão zero são vendidas no mercado secundário por um preço abaixo do valor nominal. Imaginemos que compra 100 obrigações de uma empresa por 90 euros, mas cujo valor nominal é de 100 euros.
Neste caso, investiu 9.000 euros (90 x 100) e vai receber 10.000 euros (100 x 100). Isto, claro, se as mantiver até à maturidade.
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E que mais obrigações existem?
Nem só de obrigações "clássicas" se faz este mercado. Além dessas, é ainda possível distinguir obrigações perpétuas, subordinadas, seniores, convertíveis ou estruturadas.
Perpétuas
Não têm uma data de maturidade pré-estabelecida e só são reembolsadas quando o emitente entender. Em última análise, o investimento inicial pode até nunca ser devolvido. Neste tipo de obrigações, a única certeza que o investidor tem é de que vai receber os juros de forma regular.
Subordinadas
Em caso de falência da empresa emitente, estas são as últimas obrigações a serem reembolsadas. Por terem um maior risco associado, pagam juros mais elevados.
Seniores
Ao contrário das subordinadas, as obrigações seniores são as primeiras a serem reembolsadas em caso de falência.
Convertíveis
Estas obrigações podem ser convertidas noutro instrumento financeiro, normalmente ações, de acordo com um rácio de conversão pré-definido. Quando tal acontece, o obrigacionista passa a ser acionista da empresa.
Por outras palavras, a entidade deixa de lhe dever dinheiro e o investidor passa a ser proprietário de uma parte da empresa.
Estruturadas
Combinam obrigações com outros ativos: podem ser ações, índices bolsistas ou matérias-primas, por exemplo. Neste caso, o rendimento depende do comportamento do outro instrumento financeiro que estiver associado à obrigação.
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O que determina a rendibilidade das obrigações?
Se está a pensar investir em obrigações, saiba que há vários fatores a contribuir para a sua rendibilidade. Entre eles estão o valor nominal, a taxa de juro, a periodicidade de pagamento e a maturidade.
No caso dos dois primeiros, basta pensar que, se comprar a obrigação por um preço abaixo do seu valor nominal e a mantiver até à maturidade, vai receber do emitente um valor superior àquele que pagou por ela.
Por falar em maturidade, é diferente manter a obrigação até ao fim do prazo ou vendê-la antes disso. No primeiro cenário, recebe os juros acordados durante o período acordado e o reembolso do capital investido. No segundo, não vai usufruir do cupão até ao fim, mas pode conseguir vender a obrigação por um preço superior ao seu valor nominal no mercado secundário.
Um conceito importante a ter em conta quando investe em obrigações é a yield. É um indicador, expresso em percentagem, que representa a rendibilidade implícita do título que e varia em sentido contrário ao da cotação. Ou seja, quando a yield sobe, as obrigações estão a desvalorizar. Quando desce, significa que as obrigações estão a valorizar.
No fundo, quanto maior for a yield, mais dinheiro pode esperar ganhar. Mas como em tudo nos investimentos, rendimento potencial e risco andam de mãos dadas. Assim, as chamadas obrigações high yield apresentam um risco maior para o investidor.
E o que pode influenciar o preço das obrigações?
Seja no mercado primário (quando as empresas emitem as obrigações pela primeira vez) ou no mercado secundário (compra e venda de obrigações entre investidores), o preço destes instrumentos financeiros é influenciado por variáveis como as taxas de juro, o risco de crédito do emitente ou a duração.
No caso das taxas de juro, pensemos nas obrigações de taxa fixa. Se as taxas de juro do mercado forem mais baixas do que as pagas pelas obrigações, é natural que este produto se torne mais atrativo e, consequentemente, o seu preço suba. Em sentido contrário, as obrigações desvalorizam e tornam-se mais baratas quando as taxas de juro dos mercados sobem e outros instrumentos financeiros se mostram mais competitivos e aliciantes.
Em relação ao risco de crédito, falamos na probabilidade de falência do emitente. Quanto maior for, mais baratas são as obrigações. Por fim, o tempo até à maturidade também pode ter influência: à medida que se aproxima o prazo de reembolso, o preço tende a aproximar-se do valor nominal.
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Quais as vantagens e riscos das obrigações?
As obrigações são produtos que oferecem um retorno fixo e pré-estabelecido e, quando têm uma taxa fixa, têm um rendimento previsível. No entanto, não estão isentas de riscos.
Entre eles está o risco de crédito do emitente. Ou seja, a empresa ou entidade a quem emprestou dinheiro pode não conseguir devolver-lhe o investimento ou pagar os juros caso enfrente dificuldades financeiras.
Além disso, deve também ter em conta o risco de mercado e de liquidez se quiser vender as obrigações antes da data de maturidade. Por um lado, porque, para cada vendedor, tem de existir um comprador. Por outro, porque, mesmo conseguindo vender a obrigação, pode ter de fazê-lo por um preço inferir ao que pagou por ela.
Se não quer investir em obrigações diretamente, procure um fundo de investimento
Na hora de investir em obrigações existem duas opções. Uma é investir diretamente através de um intermediário financeiro (banco ou corretora). Neste caso, passa a ser efetivamente o detentor dessas obrigações.
No entanto, há quem não tenha dinheiro, tempo ou conhecimento suficiente para fazê-lo. Assim, procurar um fundo de investimento que aplique uma parte do património em obrigações é outra opção.
Dependendo do fundo, a exposição ao mercado obrigacionista pode ser menor ou maior. O Fundo de Pensões PPR SGF Doutor Finanças, por exemplo, investe até 9,8% do capital em obrigações globais, que vão desde governos, entidades supranacionais e empresas.
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