“Conhece-te a ti mesmo”. Este aforismo de alguns filósofos da Grécia Antiga é, também, um mandamento essencial nos investimentos. Com efeito, existem inúmeras opções de onde aplicar o dinheiro. No entanto, é necessário que conheça o seu tipo de investidor para conseguir escolher as melhores para si.
Nesse sentido, uma das primeiras questões a fazer antes de se investir é: como avaliar o seu perfil de risco? Pois bem, pode fazê-lo através de uma espécie de autoavaliação do investidor, recorrendo a informação disponibilizada pelos supervisores financeiros ou em portais de literacia financeira.
No entanto, é importante saber que os reguladores e os intermediários financeiros estão obrigados a definir o perfil de risco dos seus clientes, mediante um questionário padronizado. Ou seja, embora possa fazer algum “trabalho de casa”, os resultados do teste realizado pelos bancos e por outras instituições financeiras serão importantes para descobrir qual o seu tipo de investidor e decidir onde aplicar o dinheiro.
Quais os perfis de risco?
Conhecer o seu perfil de risco é essencial para descobrir as melhores opções de investimento. Os supervisores financeiros tendem a agrupar os investidores em quatro tipos. A saber:
- Conservador ou prudente: procura aplicações financeiras seguras e com garantia de capital investido, mesmo que ofereçam rentabilidades baixas;
- Equilibrado ou moderado: este tipo de investidor continua a privilegiar os produtos com garantia do dinheiro investido, embora tolere instrumentos com prazos mais longos para aumentar as perspetivas de rendimento;
- Dinâmico: são investidores de médio e longo prazo que procuram retornos superiores à média do mercado. Assim, estão disponíveis para assumir o risco de perder algum do dinheiro investido;
- Arrojado: pretende alcançar ganhos bem acima da média do mercado e pode comprar e vender ativos de forma muito rápida. Este tipo de investidor necessita de ter elevada tolerância ao risco, já que tende a utilizar produtos complexos que podem levar à perda total ou até superior do capital investido.
Leia ainda: O que são investimentos financeiros e quais as regras para investir?
Quais os vários graus de risco?
Definido o perfil de risco, é necessário analisar quais as melhores soluções para a sua poupança e o seu investimento. De forma que possa decidir onde aplicar o dinheiro, deve analisar as características dos produtos para perceber se os riscos se adequam ao seu tipo de investidor e à situação das suas finanças pessoais.
Assim, se tiver um perfil conservador, instrumentos de maior risco – como investir em ações, por exemplo – provavelmente não serão os melhores investimentos ou mais adequados para si. Pelo contrário, se for um investidor dinâmico, dificilmente conseguirá obter os resultados pretendidos se tiver a maior parte do dinheiro em depósitos bancários.
Os perigos a ter em conta antes de decidir onde aplicar o dinheiro
O pesadelo de qualquer investidor é perder, de forma inesperada, parte ou a totalidade do dinheiro aplicado. Dessa forma, convém conhecer os maiores tipos de risco que podem afetar os investimentos:
- Eventuais desvalorizações de títulos negociados no mercado de capitais, como as ações ou obrigações;
- Possíveis problemas que afetem a capacidade do emitente do produto em que investiu de honrar os seus compromissos financeiros;
- Produtos que, caso alguns pressupostos se concretizem, originem perdas de parte do capital investido;
- Restrições ou a impossibilidade de desmobilizar o seu investimento a qualquer altura;
- Retornos abaixo da inflação, levando a uma desvalorização real das poupanças.
Em resumo, é na combinação e na intensidade destes perigos que se consegue perceber qual o risco que determinada aplicação financeira pode ter. E só assim se pode escolher onde investir dinheiro de forma eficaz.
Leia ainda: 3 mitos sobre investimentos
Quais os produtos financeiros onde aplicar o dinheiro segundo cada grau de risco?
Não há aplicações financeiras sem risco. Mas, dependendo do tipo de ameaça e da probabilidade de esta se concretizar, consegue perceber-se qual o nível de perigo dos diversos instrumentos.
Por exemplo, os produtos de capital garantido são os que têm menos risco. É o caso dos depósitos a prazo e dos Certificados de Aforro. Contudo, também há alguns Planos Poupança Reforma (PPR), sobretudo sob a forma de seguros, concebidos para minimizar o perigo de perda de capital. Assim, estes produtos podem ser indicados para investidores conservadores ou equilibrados que procurem onde aplicar o dinheiro.
Já os instrumentos sem garantia de capital são mais apropriados para perfis dinâmicos e arrojados. Além da elevada tolerância ao risco, este tipo de investidores deve ter uma maior familiarização com instrumentos mais sofisticados. Ainda assim, geralmente os produtos financeiros complexos e os fundos de investimento divulgam o seu nível de risco, numa escala de 1 (menor risco) a 4 (maior risco) ou de 1 a 7.
Em conclusão, as carteiras de investimento devem ser construídas de modo que se possa equilibrar o risco dos ativos com as características dos investidores. Mas, para assegurar esse objetivo e saber onde aplicar o dinheiro, convém ter presente a velha máxima dos filósofos gregos e aprofundar o autoconhecimento sobre o seu perfil de investidor.
Leia ainda: Investir em ações: O que deve saber e analisar antes de dar o passo
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário