Investimentos

Investir: O difícil é fazer o simples!

Se está a pensar investir, comece pelo mais simples. E desengane-se se acha que só vai investir em ativos que valorizem.

No desporto, e mais concretamente no futebol, utilizamos a seguinte expressão com muita frequência: “o difícil é fazer o simples”. Qual o significado desta expressão? O que queremos dizer é que para podermos evoluir como equipa, devemos em primeiro lugar controlar as coisas mais básicas.

No caso do futebol, quando nos tornamos automatizados e controlamos os princípios que o treinador pretende implementar, estaremos mais perto de alcançar o sucesso. Depois deste primeiro passo, o treinador poderá passar à fase seguinte, aumentando a complexidade dos movimentos: treinar bolas paradas, definir zonas de pressão quando não se tem a bola e assim sucessivamente. E assim se começa a definir um modelo de jogo, com princípios bem definidos e bem percecionados por todos e que nunca serão esquecidos.

À medida que os treinos se vão desenvolvendo os treinadores vão acrescentando informação que os jogadores vão percecionando e vão utilizando. É importante referir que nenhuma equipa cresce apenas nas vitórias. As adversidades são fundamentais para testar o que foi treinado, para afinar pormenores ou até para alterar/melhorar individualmente e coletivamente os jogadores.

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Competição vs investimentos

A questão que devem estar a colocar é por que motivo estou a falar do desenvolvimento de uma equipa de futebol? Abordo este tema, porque o desporto dá-nos muitos exemplos para outras áreas da nossa vida.

No caso dos investimentos, para quem não tem muitos conhecimentos, o primeiro passo é perceber o que pode fazer, o que está à disposição de cada investidor e por que motivo devemos começar a investir, para o futuro, o mais cedo possível.

O conhecimento não se adquire de um dia para o outro. É uma jornada contínua que, com o passar do tempo, nos vamos sentindo mais confortáveis. Assim como numa equipa de futebol, os primeiros passos nos investimentos devem ser simples. Não devemos procurar o ativo que vai valorizar 1000% ou tentar acertar na ação que vai crescer mais que todas as outras.

A estratégia deverá passar por encontrar investimentos diversificados, que tenham uma volatilidade ou oscilação reduzida para percecionarmos como funcionam os mercados financeiros. Perceber a oferta que existe no mercado, a liquidez que cada ativo representa, em que zonas geográficas podemos investir, quais os riscos associados a cada tomada de posição, qual o horizonte temporal que devemos incorporar em cada investimento, qual a segurança do custodiante, como é que um ativo (ação ou obrigação) pode valorizar ou desvalorizar, a influência que o contexto macroeconómico ou político têm no desempenho dos ativos ou qual o custo de cada ordem, são temas com os quais nos devemos familiarizar de forma a estarmos mais confortáveis e podermos progredir.

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Acertar no timing de mercado

Conforme referi anteriormente, no desporto as derrotas são oportunidade para evoluir, alterar/melhorar, enfrentar a adversidade ou colocar os pés no chão. Nos investimentos sucede o mesmo. Ninguém pense que vai começar a estudar ou a analisar os mercados financeiros e só vai investir em ativos que valorizem. Existem demasiados imponderáveis que não se controlam.

O mais importante é investir em ativos que tenham potencial de valorização e saber muito bem onde se está a investir, de forma a podermos estar confortáveis nos diferentes cenários que vamos encontrar pela frente. Como exemplo, o dia 5 de agosto e 2024 ficou marcado pela maior queda da bolsa do Japão desde 1987. Esta desvalorização alastrou para outras bolsas asiáticas e para os mercados europeu e americano.

Quando uma situação destas acontece, muitos investidores não tentam percecionar o motivo das quedas, o que muitos fazem é vender e logo veem o que está por trás deste movimento. Outros tentam antecipar o que aí vem e compram posições por esta poder ser uma oportunidade de mercado.

Independentemente da forma como podemos ou não reagir, o fundamental é saber onde estamos a investir e por que motivo o estamos a fazer. Se a nossa ótica é a correta, ou seja, de longo prazo, estas oscilações fazem parte da viagem, umas mais fortes do que outras.

Depois teremos de avaliar a evolução dos mercados financeiros. Se o movimento de correção for consistente e de uma dimensão muito elevada, podemos avaliar se devemos sair dos ativos (se continuam a fazer sentido no nosso portefólio), se faz sentido reforçar a um preço mais reduzido ou se devemos manter tudo como está. O que nunca devemos tentar é acertar no market timing, isto é, tentar acertar na direção que o mercado vai seguir, comprando e vendendo de uma forma regular para aproveitar as oscilações constantes.

Como se diz nos mercados financeiros, só existem dois tipos de investidores quando falamos de market timing: “People who can not do it. People who have not realized they can not do it”. [Pessoas que não o conseguem fazer. Pessoas que ainda não perceberam que não o conseguem fazer]

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Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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