O Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma nova descida de juros esta quinta-feira, 12 de setembro, depois de ter decretado, em junho, o primeiro corte em quase cinco anos.
Em comunicado, a autoridade monetária explicou que “tendo em conta a avaliação atualizada realizada pelo Conselho do BCE quanto às perspetivas de inflação, à dinâmica da inflação subjacente e à força da transmissão da política monetária, é agora apropriado dar mais um passo no sentido de moderar o grau de restritividade da política monetária”.
Tal como esperado, a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito foi reduzida em 25 pontos base, passando de 3,75% para 3,5%. Nas restantes, o corte foi de 60 pontos base, na sequência da decisão do BCE, anunciada em março, de encolher o diferencial entre a taxa de depósitos e as taxas de financiamento. Assim, a taxa aplicável às principais operações de refinanciamento desce de 4,25% para 3,65% enquanto a taxa de cedência de liquidez cai de 4,5% para 3,90%.
A autoridade monetária liderada por Christine Lagarde justifica a sua decisão de prosseguir com o alívio monetário com o facto de a inflação na Zona Euro estar a dar sinais de abrandamento – caiu para 2,2% em agosto – as pressões inflacionistas sobre os salários estarem a moderar e a atividade económica permanecer fraca, refletindo a debilidade do consumo privado e do investimento.
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BCE vê inflação perto da meta no segundo semestre de 2025
Os especialistas do BCE atualizaram também as suas projeções económicas e mostram-se agora menos otimistas com o crescimento da Zona Euro. O staff do banco central projeta que a região da moeda única cresça 0,8% este ano, 1,3% em 2025 e 1,5% em 2026, uma ligeira revisão em baixa face às projeções de junho, que se explica sobretudo com o contributo mais fraco da procura interna nos próximos trimestres.
No que respeita às perspetivas para a inflação, nada muda face ao projetado em junho. Os especialistas do BCE esperam que a inflação global se situe, em média, em 2,5% em 2024, 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026. “A inflação deverá voltar a subir na parte final deste ano, parcialmente porque anteriores quedas acentuadas dos preços dos produtos energéticos deixarão de ser incluídas nas taxas homólogas. No segundo semestre do próximo ano, a inflação deverá então descer no sentido do nosso objetivo”, refere o banco central.
Quanto à inflação subjacente – que exclui os preços mais voláteis dos bens energéticos e alimentares - as projeções para 2024 e 2025 foram revistas ligeiramente em alta, devido à inflação acima do esperado dos serviços. Ainda assim, os especialistas continuam a esperar uma descida rápida da inflação subjacente, de 2,9% em 2024 para 2,3% em 2025 e 2% em 2026.
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BCE não dá pistas sobre novo corte de juros
Tal como tem acontecido nas últimas reuniões de política monetária, o BCE não se compromete com novos cortes de juros, sublinhando que as decisões serão tomadas reunião a reunião, com base na avaliação das perspetivas de inflação, nos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, na dinâmica da inflação subjacente e na robustez da transmissão da política monetária
“O Conselho do BCE está determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%. Para o efeito, manterá as taxas de juro diretoras suficientemente restritivas enquanto for necessário”, sustenta o comunicado, acrescentando que o Conselho do BCE “não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica”.
A maioria dos economistas acredita que o banco central deverá manter os juros inalterados na próxima reunião de 17 de outubro, e avançar com uma nova descida de 25 pontos na reunião de 12 de dezembro. Assim, a projeção dos especialistas é que a taxa de referência feche o ano acima de 3%, e chegue ao final de 2025 no intervalo entre 2,5% e 2%.
As perspetivas de que a autoridade monetária prosseguirá o alívio da política monetária já estão a empurrar a Euribor para mínimos de mais de um ano e meio, com impacto positivo nas prestações de crédito pagas pelas famílias.
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