Em julho de 2022, o Banco Central Europeu (BCE) subiu as taxas de juro de referência pela primeira vez em 11 anos. Na altura, o aumento foi de 50 pontos base, superior àquilo que o banco central havia anunciado na reunião de junho, quando esperava que o aumento do mês seguinte fosse de 25 pontos base.
E nisto das taxas de juro, a evolução da Euribor costuma acompanhar e até antecipar aquilo que é decidido pelo BCE. Logo, quem tinha as prestações do crédito habitação associadas a este indexante começou a sentir o peso da decisão do banco central.
Prova dessa antecipação foi o facto de a Euribor a seis meses ter voltado a terreno positivo ainda em junho. Era a primeira vez que acontecia desde novembro de 2015.
As taxas continuaram a subir e a referência do BCE atingiu o pico em setembro de 2023 (4%), enquanto a Euribor alcançou o valor máximo em outubro do mesmo ano, tanto a seis meses (média de 4,115%) como a 12 meses (média de 4,160%).
O que aconteceu às prestações até ao final de 2024?
Depois das subidas, o BCE cortou as taxas de referência pela primeira vez em junho de 2024, para 3,75%. Os cortes continuaram nas três reuniões seguintes e o ano fechou nos 3%. Antes desse primeiro corte, já a Euribor tinha começado o caminho descendente e fechou 2024 com a média de dezembro da taxa a seis meses nos 2,63% e a 12 meses nos 2,438%.
Como é natural, todas estas oscilações impactaram as prestações do crédito habitação de quem tem contratos com taxa variável. Mas de que forma? É o que vamos ver a seguir.
Para tal, vamos usar como referência um empréstimo de 200 mil euros, pago em 360 meses e com um spread de 0,75%. Os exemplos vão refletir apenas as médias da Euribor de dezembro de 2022, 2023 e 2024.
Com Euribor a seis meses
Em dezembro de 2022, a média da Euribor a seis meses foi de 2,567%. Juntando o spread de 0,75%, a Taxa Anual Nominal (TAN) seria de 3,452%. Assim, a prestação mensal era de 877,78 euros.
Um ano depois, em dezembro de 2023, a média da Euribor foi de 3,924%. Somando o mesmo spread, a prestação mensal de um empréstimo com estas características era de 1.034,15 euros.
Por fim, em dezembro de 2024, a Euribor voltou a valores semelhantes aos registados no final de 2022. Com uma média de 2,63%, a prestação é de 884,75 euros euros, uma diferença de quase sete euros em relação a 2022.
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Com Euribor a 12 meses
Vamos agora fazer as mesmas contas para o indexante a 12 meses. Em dezembro de 2022, era de 3,026%, o que a somar ao spread de 0,75% dava uma prestação de 929,18 euros.
Um ano depois, a prestação subia quase 75 euros, para 1.003,89 euros. Isto porque a média da Euribor a 12 meses em dezembro de 2023 era de 3,67%.
Já no final de 2024, o indexante até atingiu valores inferiores aos registados em dezembro de 2022. O ano fechou com a Euribor em 2,43%, resultando numa prestação mensal de 863,62 euros (uma diferença de quase 66 euros em relação a 2022).
Para calcular de que forma é que as variações da Euribor afetam as prestações do seu crédito, pode usar o Simulador da variação da Euribor no Crédito Habitação.
O que esperar em 2025?
Em 2025, espera-se que o BCE anuncie mais cortes nas taxas de juro, mas não se sabe de quanto nem até que valores, uma vez que a evolução da economia e da inflação vão ser determinantes para a política monetária. Em relação à Euribor, os futuros à data em que escrevemos este artigo apontam para que a taxa a seis meses possa ser de 2,24% em junho e de 2,16% no final do ano.
Tendo estes números em consideração, um empréstimo de 200 mil euros, pago em 360 meses e com spread de 0,75% teria uma prestação de 842,13 euros em agosto (referência ao futuro da Euribor de junho) e de 833,53 euros em fevereiro de 2026 (referência ao futuro da Euribor de dezembro de 2025).
Tanto uma como a outra são inferiores à registada no final de 2022.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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