A inflação é um tema presente na vida das famílias, uma vez que está diretamente ligada com a economia e os preços de bens.
Neste artigo vamos explicar como a inflação e deflação podem influenciar o seu orçamento familiar e o que pode fazer para proteger as suas finanças durante os períodos mais complicados.
O que é a inflação?
Antes de falarmos de inflação, temos em primeiro lugar que perceber que esta aplica-se numa economia de mercado. E numa economia de mercado os preços dos bens e dos serviços sofrem alterações constantes.
Quando se verifica um aumento geral dos preços dos bens e serviços, durante um período acentuado, estamos perante uma inflação. Mas esta não se aplica quando produtos específicos sobem de preço. A medição da inflação é feita em função da média da despesa de consumo das famílias, composta por artigos de consumo diário, bens duradouros e serviços.
Os bens e serviços consumidos pelas famílias ao longo de um ano são representados por um conjunto de artigos, que por norma é designado de cabaz. Os artigos que estão no cabaz têm um determinado valor, e esse pode ou não variar no ano seguinte.
A média do preço do cabaz completo, Índice Harmonizado de Preços no Consumidor, é definido mensalmente, e é sempre comparado com o valor do ano anterior, nesse respetivo mês. Esta comparação chama-se Taxa de inflação homóloga, e é através dela que se consegue identificar se existe uma inflação dos preços na área do consumo.
Esta taxa pode ser calculada para um país ou para um conjunto de países. Na zona euro, a Taxa de inflação homóloga é calculada mensalmente pelo Eurostat.
A inflação nunca desce?
A inflação também desce, e quando isso acontece passa a designar-se de deflação. Esta é o oposto da inflação, ou seja, é a redução de forma contínua e prolongada do Índice dos Preços no Consumidor.
A deflação é também calculada mensalmente, e é sempre comparada com o valor registado nesse respetivo mês, do ano anterior.
Embora a deflação possa ser criada por diversos fatores, por norma está ligada a um desequilíbrio, que pode ser leve ou forte, entre a procura e a oferta de produtos de consumo e serviços.
Quando há oferta excessiva dos produtos e serviços, tal força uma descida acentuada dos preços dos mesmos. Outro dos motivos da deflação pode ser a queda do volume da moeda circulante. Seja qual for a razão da deflação esta pode ter um impacto bastante negativo na economia de um país, quando não acontece apenas num curto prazo de tempo.
Quando há inflação, quais os efeitos para a economia e para mim?
Os efeitos que a inflação tem para as pessoas e para a economia depende muito do tipo de inflação que o país está a viver. No caso de uma inflação baixa, mas constante, existe uma forte probabilidade de existir um crescimento económico do país, pois o investimento é estimulado.
Se a inflação não for acentuada, por norma existe uma compensação nos aumentos dos salários para que os consumidores não percam o poder de compra. Durante estes períodos de baixa inflação, os juros fixam-se em valores mais baixos, e as instituições financeiras acabam por facilitar o acesso ao crédito. No entanto se a inflação continuar a subir, as taxas de juro acompanham a subida, e os empréstimos tendem a ficar cada vez mais caros.
Quando existe uma inflação elevada e constante, as famílias começam a perder o seu poder de compra. Neste caso o efeito pode ser preocupante a longo prazo, pois com valor dos bens e serviços a aumentarem, passa a existir uma diminuição do valor da unidade monetária. Desta forma as famílias perdem o poder de compra, a capacidade de investimento, e as suas poupanças são afetadas.
Se há deflação, quais os efeitos para a economia e para mim?
No caso deflação, quando esta se começa a fazer notar, a queda dos preços, tanto nos produtos como nos serviços, aumentam o poder de compra dos consumidores. Pode parecer vantajoso este período, mas a longo prazo leva a economia a um período de estagnação.
O período de estagnação da economia é causado pelo adiamento do consumo e do investimento. Com os consumidores e as empresas a adiarem as suas compras e investimentos por longos períodos de tempo, devido à procura do preço mais baixo, o mais provável é a economia entrar em recessão com o avançar da deflação.
A deflação prolongada acaba por ter um grande impacto na vida das pessoas. Alguns exemplos que acontecem nestes períodos são:
- Taxa de desemprego aumenta e passa a haver menos trabalho;
- Menor probabilidade de aumentos salariais;
- Maior probabilidade das empresas falirem;
- Menos valor do dinheiro;
- O acesso ao crédito torna-se mais dificil;
- As taxas de juro aumentam significativamente;
- O crédito fica mais caro;
- E passa a existir um maior risco de endividamento.
O que no início parece um período favorável para o consumidor, pode tornar-se a longo prazo num verdadeiro pesadelo financeiro. Por isso é fundamental estar atento às notícias, e começar a previr-se com antecedência quando a economia mostra alguns sinais de instabilidade.
Como posso proteger o orçamento familiar durante a inflação e a deflação?
Tanto nos períodos de inflação e deflação é fundamental tomar decisões sensatas para impedir que o nosso dinheiro não desvalorize. Em ambos os casos, as melhores formas de proteger o orçamento familiar são:
- Criar um fundo de emergência;
- Investir o seu dinheiro para melhorar a sua vida financeira;
- Investir num imóvel caso exista essa possibilidade;
- Se vai fazer um crédito num período instável opte por uma taxa fixa;
- Cumpra o orçamento familiar;
- Faça compras conscientes.
Criar um fundo de emergência
Seja durante um período de inflação ou deflação, ter um fundo de emergência é essencial para prevenir eventuais problemas financeiros que possam surgir nesses tempos.
O fundo de emergência, também conhecido como pé de meia, deve apenas ser utilizado em imprevistos financeiros urgentes. Ao criar este fundo está a evitar a necessidade de recorrer a um crédito caso aconteça um despesa elevada que não consegue pagar com o rendimento do agregado familiar.
Saiba como pode criar um fundo de emergência com o artigo Como fazer um fundo de emergência.
Investir o seu dinheiro para melhorar a sua vida financeira
Investir o seu dinheiro é sempre uma boa solução para se prevenir de períodos económicos mais complicados.
Nos períodos de inflação pouco acentuados terá inúmeras formas para rentabilizar o seu dinheiro, e conseguir melhorar a sua vida financeira. No entanto, com os preços mais elevados no consumo e nos serviços, deve fazer contas antes de aplicar o seu dinheiro num investimento. Caso esteja a ponderar investir, pode ler o nosso artigo: Na hora de investir, sabe onde colocar o seu dinheiro?
Já nos períodos de deflação o investimento deve ser feito de uma forma mais cuidadosa. Nesta altura o objetivo principal passa por não deixar o seu dinheiro perder valor. Por isso pode ponderar aplicar algum dinheiro em seguros de capitalização ou certificados de aforro.
Avalie bem todas as hipóteses para tomar uma decisão consciente na hora de investir o seu dinheiro.
Investir num imóvel caso exista essa possibilidade
Se ponderar comprar um imóvel perante um período mais instável esteja muito atento às condições do crédito habitação que vai contratar. Lembre-se que as taxas de juros vão sofrer alterações com as mudanças da economia e pode sair prejudicado mais tarde.
Avalia antes a sua Taxa de Esforço, caso a sua prestação venha a sofrer alterações.
Ler mais: Como reduzir a Taxa de Esforço para comprar uma casa?
Se vai fazer um crédito num período instável opte por uma taxa fixa
A Taxa Fixa pode não ser a opção mais viável do mercado com as condições que existem atualmente. No entanto, quando se prevê fortes alterações económicas, a taxa fixa, embora faça a sua prestação mensal disparar, é uma forma mais segura de garantir que consegue continuar a pagar o seu crédito.
Esta decisão deve ser bem ponderada consoante o período económico em que estamos inseridos. Em caso de dúvida deve pedir aconselhamento a especialistas financeiros que vejam as melhores soluções do mercado a curto, médio e longo prazo.
Cumpra o orçamento familiar
Cumprir o orçamento familiar é essencial em qualquer altura da sua vida, mas é ainda mais importante num período de inflação ou deflação. Os períodos instáveis podem levar muitas vezes a uma má gestão do orçamento, trazendo problemas financeiros mais tarde.
Saber fazer um bom orçamento familiar é o primeiro passo para conseguir cumpri-lo à risca. No entanto é preciso também estar informado sobre os principais erros que pode vir a cometer se nunca fez um orçamento familiar. Para evitar os erros mais comuns, leia o nosso artigo: 7 erros mais cometidos na gestão do orçamento familiar.
Faça compras conscientes
Esta é uma regra de ouro se pretende ter finanças saudáveis e equilibradas. É normal que a tentação seja muita quando pode pagar alguns produtos com o seu cartão de crédito ou quando os preços estão mais baixos. Mas o que deve analisar é se essa compra é de carácter essencial ou urgente.
Usar o seu cartão de crédito para compras que não são essenciais, principalmente se não tiver dinheiro para pagar a totalidade da compra no prazo definido, pode levar a situações de endividamento. Por isso pense bem antes de comprar produtos e serviços por impulso, pois este tipo de gestão pode trazer-lhe graves problemas durante períodos de deflação.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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