A Keep Warranty nasceu para ajudar as pessoas a guardarem as faturas dos equipamentos que compram, de forma a terem sempre forma de as consultarem e de as usarem em caso de necessidade, sem papéis. A aplicação permite prolongar garantias e subscrever seguros, tudo de forma digital. A Keep Warranty nasceu em 2017 e está presente em três mercados: Portugal, Espanha e Países Baixos.
A Keep Warranty é uma das empresas que consta no top 30 do Portugal Fintech Report 2020. A propósito da divulgação deste relatório, o Doutor Finanças colocou questões a alguns líderes de fintechs em Portugal. Romana Ibrahim é CEO da Keep Warranty e aceitou o desafio. Saiba quais são os principais desafios deste ecossistema, na perspetiva de Romana Ibrahim, qual o impacto da pandemia e que conselhos deixa a quem quer entrar neste universo.
Quais são os principais desafios de uma fintech em Portugal?
Conseguir compreender e ultrapassar barreiras regulatórias, conseguir a validação da solução e a captação de investimentos para desenvolver/implementar tecnologias que potenciem a escalabilidade das operações e atividades de marketing num espaço muito concorrido.
Que impacto estimam que a pandemia possa ter no universo das fintechs?
O impacto mais imediato é o da desaceleração de investimentos previstos e o adiamento de projetos de parceria com incumbentes.
A regulamentação é desajustada em Portugal? O que consideram ser necessário nesta área?
O mercado financeiro é, e bem, bastante regulado, mas essa regulação nem sempre está adaptada à realidade das fintechs, para as quais é um desafio navegar o labirinto regulamentar e encontrar respostas e soluções rapidamente. O desafio é equilibrar a inovação com o risco e os controlos necessários. Seria benéfico haver um interlocutor específico para startups, que pudesse sintetizar os processos, de forma a que se tornem claros e praticáveis, podendo assim ser agilizados, e orientar empresas pequenas e com orçamentos reduzidos. Por exemplo, noutras geografias, como o Reino Unido, Singapura ou Austrália, os reguladores estão a investir em sandboxes para testar cenários e identificar como aproveitar a tecnologia para resolver problemas. Muitos reguladores estão a estudar formas de fazer parte e permitir o processo de inovação, em vez de reagirem à posteriori.
É mais difícil ser uma fintech em Portugal do que noutros países, nomeadamente europeus?
Ser uma fintech é difícil em qualquer mercado, mas a respetiva maturidade influencia vários aspetos operacionais, nomeadamente a captação de investimentos. Quanto menor a maturidade, maior a dificuldade em captar investimentos necessários à inovação contínua, desenvolvimento do produto e expansão para outros mercados.
Quais serão os três principais desafios para os próximos cinco anos para as fintechs?
- Questões de segurança e falta de confiança: Tal como com o dinheiro físico, é necessário estabelecer um nível elevado de proteção para garantir que uma solução fintech é realmente segura e merece a confiança dos seus utilizadores. E garantir a segurança virtual não é trivial, pois as vulnerabilidades no espaço virtual são múltiplas, invisíveis e com um impacto potencialmente maior nos utilizadores, uma vez que não são só os seus valores que estão em risco, mas também a sua informação pessoal. A cibersegurança assume aqui um papel fundamental.
- Conformidade legal: A indústria financeira é uma das mais reguladas e a conformidade com o quadro legal é uma preocupação mesmo para fintechs com soluções relativamente consolidadas. Para aquelas que desenvolvem tecnologias disruptivas, é um desafio permanente que envolve muitas incertezas.
- Expansão e crescimento: considerando que a maioria das pessoas ainda utiliza serviços de banca tradicional, as startups de fintech enfrentam uma concorrência muito poderosa. Para crescer precisam de investir muito, não apenas para garantir que a solução apresentada é significativamente melhor do que a da concorrência já estabelecida, mas também para garantir melhor execução e distribuição.
3 conselhos para quem está a pensar em lançar uma fintech
Uma fintech não é diferente de qualquer negócio que se queira lançar. O nosso foco, a sua validação e ouvirmos os nossos clientes são conselhos simples e de grande utilidade.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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2 comentários em “Romana Ibrahim, da Keep Warranty: “Seria benéfico haver um interlocutor específico para startups””