Carreira e Rendimentos

Diogo Oliveira Santos, da hAPI: As mudanças que assistimos nos últimos meses eram previsíveis ocorrer dentro de anos

Confiança e segurança são, para Diogo Oliveira Santos, os principais desafios de uma fintech. E para os próximos anos, a chave será inovar.

Carreira e Rendimentos

Diogo Oliveira Santos, da hAPI: As mudanças que assistimos nos últimos meses eram previsíveis ocorrer dentro de anos

Confiança e segurança são, para Diogo Oliveira Santos, os principais desafios de uma fintech. E para os próximos anos, a chave será inovar.

A hAPI é uma Fintech, fundada em 2017, que desenvolveu uma solução que permite o envio de documentos pela internet de forma segura. Com esta solução consegue-se acelerar e simplificar o processo de crédito habitação. Um dos objetivos desta startup é ajudar a acelerar os processos de financiamento bancário.

A hAPI é uma das empresas que consta no top 30 do Portugal Fintech Report 2020. A propósito da divulgação deste relatório, o Doutor Finanças colocou questões a alguns líderes de fintechs em Portugal. Diogo Oliveira Santos, bussiness development manager da hAPI, partilhou a sua visão deste ecossistema, abordando os desafios, limitações e o impacto da pandemia neste ecossistema.

Diogo Oliveira Santos, bussiness development manager da hAPI
Diogo Oliveira Santos, Business Development Manager da hAPI

Quais são os principais desafios de uma fintech em Portugal?

Dar confiança e segurança às empresas incumbentes para incorporarem a tecnologia disponibilizada pelas fintechs nos seus processos, tomando posição de liderança no processo de adaptação e robustecimento em relação a um “novo normal” que foi antecipado de forma brusca pela pandemia. Neste “novo normal”, as expectativas dos utilizadores em geral e dos serviços financeiros em particular são elevadas e apontam sobretudo à conveniência, facilidade e rapidez. Contribuir para se afirmar como líder nesses três eixos é o grande valor acrescentado das fintech, pelo que o grande desafio é precisamente, dar confiança e segurança.

Neste sentido, a hAPI posiciona-se como um parceiro de grande mais-valia na medida que através da sua solução holística de API, garante a obtenção rápida, fidedigna e conveniente de dados e documentos de utilizadores, que irão alimentar, por exemplo, processos de concessão de crédito, onboarding, com benefícios ao nível da gestão de risco evitando a fraude, benefícios económicos pela diferença de custos globais face aos processos atuais e benefícios competitivos pela prestação de um serviço de excelência aos clientes. A nossa solução serve um alargado universo de players no setor financeiro tradicional e moderno, seguros, crédito ao consumo, retalho, commodities, entre outros.

Que impacto estimam que a pandemia possa ter no universo das Fintechs?

A pandemia veio acelerar de forma extraordinária a adoção de novos comportamentos e expetativas pelos consumidores, no sentido de uma maior conveniência, facilidade e rapidez. Este “novo normal” enraizou-se e, tal como a máscara, se tornou um acessório corrente no nosso quotidiano, a expectativa de ter à sua disposição em qualquer momento o serviço financeiro que pretender, na comodidade do seu lar ou onde esteja e sobretudo com uma resposta rápida, são premissas que os “novos consumidores” já não dispensam.

A expectativa dos consumidores relativamente à qualidade dos serviços prestados, e não apenas os financeiros, neste contexto de um “novo normal” é e será cada vez mais exigente para os prestadores. Esta tendência será uma excelente oportunidade para as fintechs contribuírem com a sua agilidade e recursos, de forma a auxiliar os players deste mercado a corresponderem a estes anseios dos consumidores e a marcar uma posição de liderança no caminho para uma nova era na prestação de serviços financeiros.

A regulamentação é desajustada em Portugal? O que consideram ser necessário nesta área?

A regulamentação em Portugal segue as diretrizes definidas a nível europeu e comunitário. Nos últimos anos temos assistido à introdução de várias normas que contribuem para uma maior abertura ao nível da circulação de informação, sendo que muito ainda deverá ser feito em comunhão, por todos os intervenientes – regulador, incumbentes e fintechs –  para o bem comum de agilizar a rápida adoção de novos processos que vão ao encontro das expectativas dos “novos consumidores”.

Contudo, a regulamentação atual, e no que respeita à atividade específica da hAPI, não coloca qualquer entrave à adoção das suas soluções, que serão uma peça importante e decisiva no caminho descrito de tornar os serviços mais convenientes, fáceis e rápidos para os utilizadores e com benefícios significativos para a eficiência, produtividade e gestão de risco dos nossos parceiros.

Citação: Excelente oportunidade para as fintechs contribuírem com a sua agilidade e recursos, de forma a auxiliar os players deste mercado a corresponderem a estes anseios dos consumidores e a marcar uma posição de liderança.

É mais difícil ser uma fintech em Portugal do que noutros países, nomeadamente europeus?

É, sem dúvida, mais desafiante. A nível regulamentar, alguns países europeus já adotaram medidas regulamentares que vão mais além das tais diretrizes definidas pelo regulador europeu, beneficiando as fintechs desses países. Contudo, e como atrás referi, o principal desafio em Portugal reside na confiança em adoptar novas tecnologias que estão e irão cada vez mais revolucionar a forma como os consumidores interagem com os diversos players, na procura, requisição e aprovação de serviços e produtos financeiros.

Quais serão os 3 principais desafios para os próximos cinco anos para as Fintech?

Inovar, inovar e inovar.

Perante um “novo consumidor” com um nível de exigência exponencialmente crescente no relacionamento com os prestadores de serviços e vendedores de bens, a única via é a inovação contínua. As mudanças que bruscamente assistimos nos últimos meses eram previsíveis ocorrer num horizonte temporal de alguns anos. Tudo ocorreu num espaço temporal extraordinariamente curto, que obrigou à adoção de uma nova política de inovação onde os ciclos de implementação tornaram-se exigentemente curtos e contínuos. Antes, a grande maioria das organizações que investia em inovação, definia um plano anual de inovação que não englobava mais do que umas poucas ações de inovação a implementar nesse período. Hoje em dia, os planos são dinâmicos, sem horizonte temporal e com uma matriz de atuação muito maior e cruzada entre diferentes eixos.

3 conselhos para quem está a pensar em lançar uma fintech

Costumo dizer que se os conselhos fossem bons não se davam, vendiam-se. Agora a sério, aconselho a focar a atenção em três pontos:

1.   Fazer uma pesquisa aprofundada para criar um mapa da situação atual, no domínio em que se pretende lançar e juntar a esta análise, os domínios adjacentes que estão mais perto de evoluir para esse domínio.

2.   Estudar muito bem a regulamentação relevante e os obstáculos do setor ou setores onde pretende atuar.

3.   Tendo passado os dois primeiros pontos, criar um MVP e testar, testar e testar. Ajustar as vezes que for necessário, até ter a certeza que deverá avançar para o desenvolvimento.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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