Com as taxas de juro em mínimos históricos e os rendimentos vindos de certificados a seguros de capitalização a serem relativamente baixos, há vários portugueses que começaram a investir em plataformas de investimento peer-to-peer (P2P), ou de crowdlending.
Enquanto investimentos como os Certificados do Tesouro têm taxas relativamente baixas – que chegam aos 2,25% no 7.º ano – em plataformas peer-to-peer, os rendimentos anuais podem superar os 10% em alguns casos.
Esta diferença está relacionada com o facto de este tipo de investimentos ser bastante mais arriscado e o investidor pode até acabar por retirar das plataformas de crowdlending menos do que aquilo que investiu.
Antes de avançar com qualquer tipo de investimento, saiba o que deve ter em conta antes de investir. A recomendação é que avalie os vários pontos e não se foque apenas nos potenciais retornos, porque, quando optamos por investimentos mais arriscados, podemos perder parte das poupanças.
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O que são plataformas de investimento peer-to-peer?
Os investimentos peer-to-peer são uma alteração do crowdfunding, em que várias pessoas fazem pequenos donativos para financiar um projeto. Nestes investimentos, considerados crowdlending, vários investidores investem pequenas quantias para lucrarem através do pagamento de juros por financiarem projetos.
São considerados investimentos peer-to-peer por serem empréstimos que não são feitos por bancos, mas sim por investidores através da internet. As plataformas que possibilitam estes investimentos angariam o dinheiro dos investidores para financiar projetos, e tratam do processamento dos juros.
A primeira plataforma destas surgiu no Reino Unido, em 2005. Chama-se Zopa e ainda está ativa, apesar de ter atualmente o registo fechado a novas contas. Ao longo dos últimos 16 anos, já processou mais de 5 mil milhões de libras (cerca de 5,8 mil milhões de euros ao câmbio atual) em empréstimos.
Como funcionam os investimentos peer-to-peer?
Do lado do investidor, o funcionamento destes investimentos é relativamente simples. É preciso apenas que o investidor se registe numa destas plataformas, deposite dinheiro na mesma, e escolha os projetos em que quer investir.
As plataformas encontram projetos para financiarem a troco do pagamento de juros fixos, que serão distribuídos posteriormente por todos os investidores de acordo com a contribuição de cada um. Por norma, os juros são pagos mensalmente em conjunto com parte do capital investido.
Em alguns casos, existem períodos de carência onde os projetos financiados apenas pagam juros aos investidores. De realçar que o investidor não investe diretamente nas plataformas de investimento. O que acontece é que financia projetos que a plataforma selecionou para conseguir um retorno anunciado.
Estes retornos nas principais plataformas registadas em Portugal chegam até aos 6%/7% ao ano, mas em plataformas estrangeiras chegam até aos 15% por ano. Os juros recebidos são tributados a uma taxa de 28%, com a retenção a ser efetuada na fonte.
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Que plataformas de crowdlending existem?
Há várias plataformas de crowdlending disponíveis e acessíveis aos investidores, mas nem todas são iguais. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), regulador de mercados no nosso país, tem apenas registadas consigo seis plataformas:
- Housers
- GoParity
- Raize
- Seedimo
- Querido Investi
- Clicinvest
À data de redação deste artigo, algumas como a Seedimo não têm qualquer projeto disponível para investimento, enquanto que a Clicinvest parece já não estar mesmo disponível, não sendo possível aceder à mesma.
O registo na CMVM permite aos investidores terem uma maior segurança, pois existe uma entidade à qual podem recorrer caso algo corra mal. Além disso, a regulação da CMVM faz com que estas plataformas tenham de disponibilizar bastante informação aos investidores, incluindo o preçário, um documento IFIC (Informações Fundamentais destinadas aos Investidores do Crowdfunding), entre outros.
É seguro investir através destas plataformas?
O investimento em crowdlending é considerado de alto risco, pois, por norma, os investidores estão a investir em micro e pequenas e médias empresas que em determinadas condições podem não poder pagar de volta o que receberam, levando à perda total ou parcial do montante investido.
As plataformas analisam internamente os projetos que disponibilizam, atribuindo uma taxa de juro de acordo com o risco considerado. Isto significa que taxas de juro mais altas correspondem a um risco mais elevado, enquanto que taxas mais baixas significam um risco mais reduzido.
As próprias plataformas de crowdlending promovem a diversificação, permitindo em alguns casos investir de forma automática até 10% da carteira num único projeto.
Considerando o histórico, a maior parte dos empréstimos são pagos, sendo os incumprimentos que levam à perda de capital investido relativamente raros.
Dados da agência Moody’s sobre os últimos 20 anos, para este tipo de dívida, mostram que nos anos em que não houve grandes perturbações económicas, a percentagem de incumprimento ficou entre os 1,5% e os 3%. Em anos em que a economia entrou em recessão como nas crises de 2001 e 2008, o cenário foi mais negativo: as empresas que entraram em incumprimento chegaram aos 12%.
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Riscos de investimentos em plataformas peer-to-peer
A CMVM, que em 2015 aprovou a Raize como a primeira plataforma de investimento peer-to-peer em Portugal, considera que há vários riscos que os investidores devem ter em conta antes de se deixarem atrair pelas elevadas taxas anuais.
Estes incluem o risco de liquidez, pois quando se financia um projeto apenas se tem o dinheiro de volta quando tudo for pago. Uma carteira diversificada pode demorar ainda mais a reaver os fundos.
Algumas plataformas – como a Raize e GoPartiy – têm mercados secundários onde se podem vender posições a outros investidores, mas essa venda depende de haver ou não comprador. Quando os incumprimentos sobem, certamente a quantidade de compradores disponíveis deverá descer.
Além disto, existem riscos de fraude “devido à incapacidade de um correto diagnóstico dos propósitos do projeto,” o risco de perda total ou parcial dos montantes investidos, e riscos operacionais do funcionamento destas mesmas plataformas.
Contactada por um utilizador sobre estes riscos operacionais, a Raize esclareceu que caso algo aconteça à empresa “todos os empréstimos em curso mantém a sua validade, visto que os contratos de mútuo são celebrados diretamente entre a empresa e os investidores.” A empresa, regulada também pelo Banco de Portugal, acrescentou: “No caso de insolvência da Raize, os fundos dos investidores são tratados de forma separada do processo de insolvência visto que não pertencem à Raize, mas sim aos investidores. “
Segundo a CMVM, os investidores devem também ter em conta que os investimentos realizados através destas plataformas não estão “na sua maioria, cobertos pelo Sistema de Indemnização a Investidores.” Muito menos pelo Fundo de Garantia de Depósitos.
Limites de investimento
O regulador determinou ainda que investidores neste tipo de plataformas têm alguns limites definidos, de 3.000 euros por projeto, e de 10.000 euros no total dos seus investimentos no período de 12 meses. Estes limites não se aplicam, no entanto, a empresas ou a pessoas com um rendimento anual igual ou superior a 70.000 euros.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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