Se teve que substituir um eletrodoméstico nos últimos anos, certamente que nas grandes superfícies lhe propuseram fazer um seguro e extensão de garantia de eletrodomésticos ou outros aparelhos. Por norma, os seguros de aparelhos tecnológicos e a extensão de garantia de eletrodomésticos têm um valor significativo, e por isso, muitos consumidores optam por não proteger estes bens.
Entre os consumidores que o fazem, existem aqueles que ficam satisfeitos com o serviço e os que acabam por sentir-se enganados, devido aos fatores de exclusão que determinam o pagamento de algumas reparações.
Se tem dúvidas sobre estes seguros e extensões de garantia, antes de tomar uma decisão, saiba o que os distingue e conheça ainda as vantagens e desvantagens de cada solução.
Seguro ou extensão de garantia? Estas são as diferenças
Antes de abordarmos as vantagens e desvantagens de contratar um seguro e uma extensão de garantia de eletrodomésticos, é importante fazer a distinção entre ambos, pois têm propósitos diferentes. No caso do seguro, o objetivo passa por cobrir situações que não estão asseguradas pela garantia legal do eletrodoméstico ou aparelho, como é o caso de danos acidentais ou roubo/furto. Ou seja, serve, essencialmente, para garantir uma maior proteção em situações específicas e indicadas na apólice. Por exemplo, existem seguros de eletrodomésticos ou de aparelhos tecnológicos que cobrem roubos ou furtos, quebras acidentais de ecrãs ou acidentes involuntários. Contudo, tal como acontece em todos os seguros, para perceber exatamente aquilo que está coberto, é fundamental que consulte todos os detalhes da apólice e perceba o que está incluído e excluído.
Já a extensão de garantia de eletrodomésticos ou seguro de extensão de garantia visa prolongar a cobertura oferecida pelo fabricante. Por exemplo, a maioria dos eletrodomésticos e produtos tecnológicos estão cobertos por uma garantia legal de dois anos, que cobre avarias de peças, defeitos de fabrico, etc. Quando a garantia legal chega ao fim, se um eletrodoméstico se avariar, devido ao desgaste natural de uma peça, o arranjo é da responsabilidade do consumidor. Nestes casos, a extensão serve para evitar que o consumidor suporte este tipo de despesa, fruto de um problema que não foi causado por má utilização ou desleixo, durante o período contratado. No entanto, durante o período de garantia legal o suporte é dado pelo fabricante, e na extensão de garantia o suporte é da responsabilidade da seguradora.
Lei das garantias: Em que consiste?
Para evitar problemas na hora de reclamar, é importante que domine a lei da garantia de bens móveis. E porque é tão importante estar a par de como funciona esta legislação antes de contratar uma extensão de garantia de eletrodomésticos? Porque sabendo o que estabelece, pode analisar melhor a proposta do vendedor ou da seguradora, e saber se as coberturas e soluções oferecidas na extensão são realmente benéficas em comparação com o preço que terá que suportar. Existem diferentes tipos de cobertura, e muitas vezes, acabamos a contratar a extensão que apenas oferece suporte em situações muito específicas, ficando de fora várias possibilidades que a garantia legal oferece.
Assim, saiba que todas as lojas tradicionais ou online estão obrigadas a oferecer uma garantia de dois aos bens móveis novos que têm à venda. Se estiver em causa uma loja que venda bens em segunda mão, a garantia legal também deve ser dada durante dois anos, exceto se existir um acordo escrito em que ambas as partes concordam em reduzir o prazo de garantia, não podendo ser o prazo inferior a 1 ano. Apenas os negócios feitos por particulares não estão obrigados a garantia.
Saiba mais, e ao detalhe, no que consiste esta lei, consultando o Decreto-Lei n.º 67/2003, de 8 de Abril, bem como do Decreto-Lei n.º 84/2008, de de 21 de Maio.
Direitos dos consumidores
Em termos práticos, a garantia legal de dois anos serve para proteger o consumidor na hora de avarias ou problemas com os bens móveis adquiridos. A legislação é bastante clara nas possibilidades que o consumidor tem ao seu dispor, uma vez que existem quatro soluções para lidar com este tipo de problemas:
- Reparação;
- Troca;
- Desconto sobre o preço;
- Ou a devolução com reembolso
Contudo, legalmente não está definida uma ordem de aplicação para estas soluções, o que pode gerar alguns problemas na hora de ativar a garantia legal. Por norma, em pequenos defeitos, a reparação é a solução mais viável. Mas no caso de um eletrodoméstico que ao longo do período de garantia legal se avariou diversas vezes, ou tem um problema persistente, o consumidor pode optar pela troca. Já se o produto que adquiriu não corresponder à descrição, ou não for adequado ao uso previsto, é razoável que opte pela devolução e peça o devido reembolso.
Para não perder os seus direitos, é importante estar atento aos prazos, pois, legalmente, tem dois meses a contar da data em que detetou um problema para fazer a denúncia. No caso de pretender reparar o bem durante o período de garantia legal, a contagem da garantia é sempre interrompida, e nunca pode ficar privado do seu bem por mais de 30 dias seguidos. Atenção, não se esqueça que deve guardar a fatura, recibo e os papéis da garantia durante dois anos, mas também todos os documentos que comprovam a entrega e a reparação do eletrodoméstico ou aparelho.
É ainda importante salientar, que durante o período legal da garantia não podem ser cobradas despesas de transporte, material, mão-de-obra ao consumidor, quando está em causa uma avaria, defeito ou outro problema que é da responsabilidade do fabricante.
Ler mais: Direitos e deveres dos consumidores: O que estabelece a legislação?
Seguro e extensão de garantia: Vantagens e desvantagens
Atualmente, em muitas lojas de eletrodomésticos, os colaboradores tentam vender a extensão de garantia de um eletrodoméstico ou no caso de aparelhos tecnológicos, um seguro de dano e roubo e, ainda, um seguro de extensão de garantia. Este tipo de seguros têm vantagens e desvantagens que variam consoante o eletrodoméstico ou aparelho.
Seguro contra danos e roubos. Este tipo de seguro, por norma, é proposto na compra de um computador, telemóvel, uma máquina de filmar ou fotografar de valor mais elevado, entre outros produtos tecnológicos. E isto acontece, porque são aparelhos que costumam ser transportados frequentemente, e como têm um valor elevado, o consumidor pode ficar mais descansado se estiver protegido por um seguro. A grande vantagem de contratar um seguro nestas situações, é que se for assaltado e apresentar queixa, a maioria das seguradoras cobrem o valor. No entanto, é preciso ter atenção que nem todas as situações de roubo estão cobertas, principalmente se forem difíceis de provar. Já no caso de danos involuntários, existem seguros mais vantajosos que outros, pois em algumas apólices estão contempladas as situações mais comuns, como a quebra de ecrãs ou derramamento de água sobre o aparelho.
Dependendo das coberturas do seguro, o valor extra que irá pagar pode, ou não, compensar este tipo de contratação. Por norma, em aparelhos tecnológicos mais acessíveis, o valor do seguro acaba por ser demasiado elevado, e se não for abrangente a várias situações, pode não ser benéfico.
No que diz respeito à extensão da garantia, as vantagens e desvantagens também acabam por estar ligadas ao valor do eletrodoméstico em causa, e às próprias condições oferecidas. Por exemplo, as modalidades mais comuns da extensão de garantia são a cobertura entre um a três anos, de avarias de fábrica e desgaste de componentes, tendo nestes casos as peças e mão-de-obra incluídas. Se o eletrodoméstico se avariar devido ao desgaste de uma peça ou tiver uma avaria relacionada com um defeito de fabrico, após uns meses do término da garantia legal, o pagamento da extensão de garantia irá compensar na maioria dos casos. Mas, se contratar uma extensão de garantia de três anos, e passados quatro anos da compra o eletrodoméstico tiver um problema que não se enquadre nessas situações, o mais provável é vir a suportar os custos da reparação.
É ainda preciso equacionar que contratar este tipo de extensão é muito simples, mas, para ativar a extensão, podem ser colocados entraves em algumas lojas. E dado que a sua contratação encare-se o eletrodoméstico, pese bem os prós e contras.
Obrigatório ler todas as condições e exclusões
Este é provavelmente o ponto mais importante antes de contratar um seguro ou uma extensão de garantia, pois muitos vendedores vão apenas enaltecer as vantagens. O problema é que se não ler todas as condições da apólice, e principalmente os fatores de exclusão, o mais provável é ter uma surpresa desagradável quando pretender acionar a extensão de garantia ou o seguro contratado. Por norma, a maioria destes produtos tem uma vasta lista de exclusões e condições específicas, que acabam por desresponsabilizar as seguradoras das reparações, substituições ou reembolsos. Para além disso, as apólices ou contratos costumam estabelecer procedimentos para ativação de um seguro ou extensão de garantia, e se os procedimentos não forem seguidos, o consumidor pode vir a perder os seus direitos.
Assim sendo, deve pedir que lhe seja entregue o contrato para ler. E até nestas situações é preciso estar atento, pois podem apenas disponibilizar-lhe um resumo do contrato, o qual pode não conter todas as condições ou a lista integral das exclusões. Se este for o caso, pergunte como pode ter acesso às condições gerais da apólice. Caso lhe seja entregue esta informação, leia com calma todas as condições.
Vale a pena contratar um seguro ou uma extensão de garantia?
Tudo depende dos valores em causa e do que realmente está coberto ou não. Por exemplo, se o valor de um seguro for superior a 25% do preço de um telemóvel ou computador, pode não justificar a contratação. Se pensar que existem diversas situações que não estão cobertas e pode ter que pagar um determinado valor de franquia para certas reparações, o valor extra do seguro pode ser demasiado elevado. Mas se o valor do seguro for mais baixo, e se o preço do aparelho for elevado, então deve fazer contas e verificar o que está coberto, pois em algumas situações pode ser vantajoso.
Já no que diz respeito à extensão de garantia, por norma, se estivermos a falar de grandes eletrodomésticos com um valor mais elevado, esta pode compensar consoante o valor a pagar e o prazo da extensão. Ou seja, imagine que o eletrodoméstico vai custar 500 euros, e a extensão da garantia de 2 anos custa menos de 50 euros. Este tipo de investimento pode ser vantajoso e deixá-lo mais descansado, uma vez que os defeitos de fábrica e o desgaste de peças estão cobertos durante quatro anos. Se o preço da extensão da garantia for elevado, em comparação com o valor do eletrodoméstico, pode não compensar, atendendo ao que não se encontra abrangido.
Assim, não deixe de fazer contas ao preço final a pagar com estes extras e analise bem todas as condições e exclusões.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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