A escola acompanha os jovens no seu crescimento, prepara-os para ingressar no mercado de trabalho, mas, não está focada nas matérias de literacia financeira. Assim, muitos jovens desconhecem boas práticas, como gerir o seu dinheiro, o verdadeiro custo de manter uma casa ou como definir um orçamento mensal, entre outras dicas que podem ditar o sucesso das finanças pessoais.
Como minimizar o peso dos impostos
As duas únicas certezas na vida são a morte e impostos.
Mark Twain
Em Portugal, a carga fiscal situou-se nos 34,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Este peso dos impostos é sentido, diariamente, pelos portugueses, quer seja em compras no supermercado, combustíveis, nos rendimentos ou na manutenção do seu património, entre outros aspetos centrais.
Pedir o contribuinte nas faturas e alocar, devidamente, essas despesas para, assim, usufruir de benefícios fiscais em sede de IRS é um dos exemplos a reter. Quem tem uma incapacidade superior a 65% tem direito a vários benefícios fiscais, como a isenção de IUC - Imposto Único de Circulação (mediante certas condições) e tributação em sede de IRS de 85% dos rendimentos brutos, acesso a determinados apoios sociais, entre outros.
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Definir um orçamento e começar, desde cedo, a poupar
Uma das principais dicas financeiras que um jovem não aprende na escola é o conceito de orçamento. O que gastou no último mês, na semana passada, ou até no dia anterior, são questões às quais deve conseguir responder rapidamente. Ao monitorizar os seus rendimentos e despesas, consegue ter uma ideia concreta sobre para onde está a ir o seu dinheiro, se está a ser bem aplicado ou se fez compras por impulso e desnecssárias.
Este conceito tem uma importância significativa na gestão do seu dinheiro, e desde cedo. Se assim que começar a trabalhar, e antes de receber o seu primeiro ordenado, definir um orçamento mensal, vai ter a oportunidade de eliminar despesas desnecessárias e focar-se apenas no que precisa. O dinheiro que poupou vai permitir-lhe atingir objetivos mais ambiciosos, ao invés de pequenos “mimos”.
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Pagar-se a si primeiro
Outro aspeto importante que, dificilmente um jovem aprenderá na escola, é pagar-se a si primeiro, na altura em que recebe o seu salário. De uma forma simples, pagar-se a si primeiro significa colocar dinheiro de parte, antes de gastá-lo, para atingir os seus objetivos financeiros.
Se não tiver disciplina financeira para fazê-lo todos os meses, ou tem tendência para começar logo a gastar quando recebe, pode optar por uma solução automática, nomeadamente, configurar, via homebanking, um valor para ser automaticamente transferido para uma conta separada da sua conta à ordem. Assim, vai inverter o processo "natural": em vez de gastar e poupar o que resta, primeiro poupa e, só depois, gasta o que resta do salário.
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Investir cedo e de forma consistente
No que diz respeito a investimentos, tendencialmente, só fazem parte dos planos dos jovens já na vida adulta. E, apenas para uma pequena percentagem. No entanto, quanto mais cedo começar a investir, maior retorno terá a longo prazo.
Por outro lado, também a consistência é uma palavra-chave para alcançar o sucesso financeiro. Até pode plantar uma árvore muito cedo, mas se não a regar regularmente, esta não irá crescer. Quando se é jovem, a variável tempo joga a favor e ter uma disciplina financeira, investindo cedo e de forma consistente, vai ajudá-lo focar-se, ainda mais, na poupança e numa melhor gestão do seu dinheiro.
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Quando faz sentido pedir empréstimo?
Uma das dicas que fazem a diferença no sucesso financeiro é a capacidade de avaliar se faz sentido, ou não, pedir um empréstimo. Por exemplo, no que diz respeito à compra de um automóvel, deve sempre questionar-se se, efetivamente, faz sentido contrair um crédito para comprá-lo, tendo em conta que vai ser penalizado duplamente: pagamento de juros e depreciação anual do automóvel. Esta mesma lógica aplica-se a uma habitação ou a outro tipo de compra.
O valor do spread, comissões a pagar, entre outros custos, devem pesar na sua decisão, visto que podem custar-lhe centenas ou milhares de euros. O pedido de crédito pode até ser "simples e rápido", mas, o processo para pagar esse valor pode tornar-se "doloroso". Por isso, avalie sempre a necessidade de contrair o crédito e da própria compra.
Por exemplo, será que precisa de um carro novo? Um carro semi-novo, já com alguma depreciação, não será um negócio financeiramente mais responsável no seu caso? Pode sempre refletir sobre este tipo de questões.
Ainda assim, se decidir pedir um empréstimo, garanta que lhe vai um benefício concreto, financeiro ou não. Por exemplo, suponha que pretende contrair um crédito de 150 mil euros para comprar uma habitação, cujo valor é de 220 mil euros e com relativa probabilidade de valorizar devido à sua localização. Nesse caso, estará a alavancar o seu dinheiro, pois a habitação vale significativamente mais do que está a pedir ao banco.
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Qual o verdadeiro custo de manter uma casa?
Comprar uma casa, e mantê-la por um longo período de tempo, custa muito dinheiro. Além dos custos comuns e mais visíveis, como o pagamento da eletricidade, água e telecomunicações, acrescem outras despesas que fazem disparar o montante final, nomeadamente, o seguros da casa e o de vida, impostos, mensalidades do crédito habitação e juros, custos de manutenção (quer do interior, quer do exterior da casa), mensalidades do condomínio, orçamentos extraordinários para obras, entre outras.
Toda esta "ginástica financeira" pesa muito numa família. Por isso, ter, desde cedo, uma noção clara dos custos inerentes à manutenção de uma casa é uma grande vantagem, pois vai conseguir preparar-se melhor.
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