Tornar-se investidor pode ser uma das melhores decisões da sua vida no sentido de impulsionar a sua situação financeira. No entanto, como tudo na vida, existem riscos. Se está a pensar a investir, conheça neste artigo alguns destes riscos e o que pode fazer para evitá-los.
Paciência para obter os rendimentos que deseja
Em todos os investimentos exige-se paciência para que estes dêem frutos. Se não tiver paciência para aguentar o tempo necessário para que os seus investimentos valorizem, então a sua tarefa vai tornar-se mais difícil. Por exemplo, para conseguir um emprego com uma boa remuneração, um estudante investe 12 anos ou mais a preparar-se na escola para ingressar no mercado de trabalho. Um investimento financeiro segue o mesmo princípio. Se, efetivamente, algum produto financeiro pudesse prometer ganhos elevados em pouco tempo (por exemplo, em três meses), seria, certamente, algo especulativo ou um esquema fraudulento.
Por isso, enquanto investidor, além da capacidade de aguentar a pressão emocional, por exemplo quando a valorização dos seus investimentos cai a pique, deve ser paciente. Caso contrário, corre o risco de vender impulsivamente e acabar a perder muito dinheiro. Sendo que o mais certo é que venha a perder a confiança neste tipo de produtos financeiros, pois não obteve retorno no período de tempo que desejava.
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Incerteza e oscilações do mercado
Uma das principais razões para muitos portugueses ainda não investirem deve-se às oscilações de mercado e o que estas representam. Para muitos que ainda não estão a habituados a investir, uma queda abrupta no preço de uma ação ou fundo de investimento torna-se difícil de digerir psicologicamente. Isto leva a que vendam as ações ou participações quando o preço está em queda, levando a prejuízos significativos. Estas oscilações de mercado devem-se a diversos fatores. A oferta e procura do produto financeiro, notícias que afetem positiva ou negativamente o preço (tais como os relatórios trimestrais dos lucros ou prejuízos), as condições atuais e previsões futuras do próprio mercado, entre outras variáveis.
Olhar para o preço diariamente
Inicialmente, quando um investidor começa a aplicar pela primeira vez o seu dinheiro, a tendência natural é verificar constantemente se o preço das ações estão a subir ou a descer. No entanto, saiba que esta fixação contínua irá levá-lo a cometer erros que podem custar-lhe bastante dinheiro. Ainda que deva estar atento ao que está a acontecer no mercado, novas tendências, riscos consideráveis que podem afetar os seus investimentos, entre outros aspetos, não é saudável para si estar continuamente a verificar se está a perder ou a ganhar dinheiro no momento.
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Lucros e perdas de uma empresa
O risco associado aos resultados de uma empresa é provavelmente um dos mais significativos. Especialmente quando compra ações de uma determinada empresa, ao invés de participações num fundo. Se a empresa não gerar receitas suficientes para atingir lucros, o preço de cada ação pode reduzir consideravelmente, até que mostre sinais de recuperação e que provoque, consequentemente, otimismo nos investidores. Mesmo assim, a empresa pode até ter gerado lucros no último trimestre. No entanto, pode não ser suficiente e não ir de encontro às expectativas dos investidores.
Por isso, é importante que analise, detalhamente, indicadores como o histórico de receitas e lucros da empresa, a dívida existente, o sentimento dos consumidores em relação aos seus produtos e que lançamentos estão a ser preparadaos, entre outros. No entanto, devido à imprevisibilidade do mercado, mesmo fazendo o seu "trabalho de casa", não existem garantias. Assim, deve reduzir a sua exposição ao mercado e a determinados setores diversificando o seu portefólio de investimentos. Desta forma, garante que os "ovos não estão todos no mesmo cesto" e reduz significativamente o risco.
Variação das taxas de juro
Outro risco considerável em certos investimentos é variação das taxas de juro, como é o caso da Euribor. Situações de fragilidade económica, alterações nas políticas monetárias, inflação, entre outras, provocam variações nas taxas de juro. O que, geralmente, afeta os seus investimentos, seja positiva ou negativamente. Por isso, quando investe deve ter presente que a conjuntura económica de um país tem um impacto direto no seu dinheiro. Isto pode fazer toda a diferença entre ter lucros ou prejuízos. Por exemplo, de forma a proteger os seus investimentos, saiba que quando as taxas de juro aumentam, o preço das obrigações tem tendência a descer. Já quando as taxas de juro descem, o preço das obrigações tende a aumentar, criando uma relação inversamente proporcional.
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Crises políticas e medidas tomadas pelo Governo
Períodos de instabilidade e crises políticas podem ditar o comportamento e segurança dos seus investimentos. Por isso, como investidor, e de forma a minimizar o risco e exposição ao mercado, deve assegurar que a situação política de um determinado país, ou países, é suficientemente estável. Caso contrário, os seus investimentos podem sofrer com os períodos de incerteza. Por exemplo, se um Governo criar medidas para dificultar ou penalizar as empresas que produzam combustíveis fósseis, então o preço das ações dessas empresas sofrerá com as medidas impostas. Da mesma forma, se forem criadas medidas que incentivem o consumo de produtos biológicos, então o mais provável é que tais medidas favoreçam as ações de empresas que os produzem.
Risco de liquidez
Em caso de necessidade, saiba que, em determinados investimentos, pode não ser possível recuperar o seu dinheiro sem sofrer uma "penalização" por venda antecipada. Seja porque existe uma diferença muito grande no número de pessoas que querem vender e as que querem comprar o produto financeiro, seja porque simplesmente o produto não é transacionado regularmente. Por isso, de forma a reduzir este risco como investidor, pode optar por investir em mercados com um maior volume de transações e utilizar montantes de que não vai precisar nos anos seguintes.
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Medo de perder uma oportunidade
O medo de perder uma oportunidade de investimento, termo geralmente utilizado em inglês - "Fear of missing out" (FOMO), explica-se como sendo um sentimento que leva as pessoas a agir por impulso quando, noutras condições, não o fariam. Isto pode ser especialmente perigoso nos investimentos. Por exemplo, quando uma ação sobe repentinamente existe a tendência de "não querermos perder o comboio", acabando por investir mas guiados pelo medo de perder a oportunidade.
O problema começa quando o preço da ação começa a cair. Especialmente, quando ultrapassa um determinado valor mínimo com o que investidor se sente confortável. Nesses casos, torna-se cada vez mais difícil aguentar a pressão emocional. Depois disso, geralmente o investidor menos experiente acaba por vender com medo de perder mais dinheiro. Isto significa que uma simples emoção pode levá-lo a tomar decisões impulsivas que nunca pensaria fazer em condições normais.
Risco de inflação
Além do principal objetivo de rentabilizar o seu dinheiro, os investimentos podem ser uma boa forma de "escapar" à inflação. No entanto, um aumento considerável da inflação, num curto espaço de tempo, implica que, para compensar este aumento, o risco associado aos seus investimentos tenha de ser superior. E, assim, garantir uma maior rentabilidade. Além disso, se existir uma inflação em períodos económicos complicados, geralmente os mercados reagem negativamente. Isto, porque certas indústrias sentem ainda mais o "peso" deste aumento, visto que sofrem de dois problemas ao mesmo tempo: menores receitas e preços mais altos. Isto significa que os seus investimentos não são imunes a estas dificuldades. Como tal, a inflação pode ser um risco para o seu dinheiro investido.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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