De repente tudo mudou. Há crises impossíveis de prever e a que a Covid-19 provocou trouxe sérias dificuldades financeiras para muitas famílias portuguesas e, particularmente, para alguns setores de atividade. Assim, a pergunta que está na ordem do dia é: como lidar com a crise?
A inesperada crise afetou fortemente a economia mundial e, em Portugal, retirou rendimentos essenciais às famílias, com claras consequências na sua qualidade de vida.
Dos hotéis sem hóspedes durante meses, a pilotos em terra semanas a fio, passando por restaurantes fechados, empresas sem faturar e a colocar trabalhadores em layoff com perda de um terço do seu rendimento, muita coisa mudou no nosso país.
Na certeza de que estas situações imprevisíveis podem voltar a acontecer ou que qualquer outro imprevisto pessoal pode ter efeitos semelhantes ao de uma crise provocada por um vírus, importa que esteja preparado para ajustar as suas finanças aos tempos de crise.
Quais os primeiros efeitos desta crise financeira?
Em primeiro lugar, muitas pessoas ficaram com medo. Ou seja, passaram a pensar duas vezes antes de gastar em coisas não essenciais, como passar férias, comprar casa ou carro. Cada euro voltou a ser importante.
Naturalmente, a crise não afetou as famílias e classes sociais de igual modo. Logo, para muitos a vida vai voltar à "normalidade" mais rapidamente do que para outros.
Mas, se no seu caso a crise trouxe uma perda de rendimentos significativos, sugerimos que meta "mãos à obra". Por mais dificuldades que esteja a enfrentar, tente pensar positivo.
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Como lidar com a crise? 16 dicas para recuperar as suas finanças
Infelizmente, como já referido, muitas famílias e empresas perderam rendimentos de forma inesperada. Inclusive, há quem tenha visto os seus rendimentos reduzidos a zero. O que fazer nesta situação? Não desespere e coloque em prática um plano de ação imediato, a chamada "terapia de choque". Em seguida, partilhamos algumas dicas que podem ajudar a lidar com a crise e a melhorar a sua saúde financeira.
1-Faça um levantamento de todas as suas despesas
O primeiro passo é fazer uma lista com todas as suas despesas fixas e variáveis, independentemente da periodicidade. Assim, deve analisar o seu extrato bancário do último ano e verificar, movimento a movimento, onde gasta o seu dinheiro. Aponte tudo, provavelmente vai ficar surpreendido com o montante que gastou em coisas que não são essenciais.
2-Verifique os seus investimentos e/ou poupanças
Por outro lado, analise os seus investimentos e poupanças. Confirme os seus saldos bancários e aplicações financeiras (Depósitos à Ordem e a Prazo, Certificados de Aforro, Planos Poupança Reforma, Fundos de Investimento ou Ações, entre outros). Faça uma soma simples e verifique quanto tempo pode sobreviver com essas poupanças, caso precise de as usar. À data atual, esse é o seu fundo de emergência. Ou seja, é com essas poupanças que pode contar, caso não tenha mais rendimentos.
3-Como lidar com a crise? Corte nas despesas não essenciais
Feita a lista com todas as despesas, está preparado para começar a selecionar as que pode cortar ou até eliminar do seu orçamento familiar. Anule de imediato, todas as que não tenham consequências, nomeadamente, perda de juros ou penalizações por antecipação de contratos. Igualmente, pode anular as que não comprometam a sua sobrevivência (gastos supérfluos).
4-Verifique as despesas que são indispensáveis
Ao analisar as suas despesas, verifique quais as que não pode mesmo cortar ou abdicar. Por exemplo, água, eletricidade, comunicações, entre outras. Estas são fixas e essenciais (o seu ponto de partida para escolher onde pode cortar no orçamento começa aqui).
5-Compare preços e renegoceie
Para todas as despesas indispensáveis, mas não só, compare preços no mercado e renegoceie. Por exemplo, veja qual a operadora que tem o pacote mais baixo de comunicações ou onde a energia é mais barata. Negoceie todos os contratos possíveis e ao final do ano pode poupar umas dezenas de euros.
6-Reduza os serviços essenciais ao mínimo
Analise os serviços essenciais e o seu conteúdo. Isto porque, pode não cancelar um serviço, mas alterar a oferta e assim poupar alguns euros ao fim do mês.
Por outro lado, na fatura da eletricidade, verifique se precisa realmente da potencia contratada (se possível reduza a mesma, vai notar diferença no final do mês). Além disso, se agora está mais tempo em casa e tem tarifa bi-horária, mude para a tarifa simples. Por fim, envie as leituras mensalmente e evite estimativas altas.
7-Procure a seguradora automóvel mais barata
Outro passo a dar é procurar a seguradora automóvel com os melhores preços para as coberturas que deseja. Se necessário, verifique se necessita realmente de todas as coberturas que contratou.
8-Renegoceie outros seguros
Se tem seguro de vida, multiriscos e de conteúdos, renegoceie. Pode, por exemplo, poupar no crédito habitação se conseguir novos seguros de vida e multirriscos.
9-Teletrabalho e a poupança
Se está em teletrabalho (que já não é obrigatório) e, com isso, está a poupar algum dinheiro (por exemplo, em combustível, portagens, parquímetros ou refeições fora), coloque de parte esse valor. Aproveite para aumentar as suas poupanças.
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10-Como lidar com a crise quando está prestes a perder o emprego?
Se ainda tem emprego mas está com medo de o perder, prepare-se para pior cenário, reorganizando a sua vida como se estivesse a receber subsídio de desempego ou como se estivesse em layoff. Ou seja, suponha que passa a viver com uma perda de um terço de rendimento. Deposite esta diferença de rendimento numa conta poupança. Assim, se tiver o azar de perder o emprego, vai estar preparado.
11-Pondere transferir o crédito habitação
Se tem empréstimo à habitação e o seu spread é superior a 1,2, então esta dica é para si. Transfira o crédito de habitação para um banco onde tenha uma TAEG mais baixa (alguns bancos suportam todas as despesas).
12-Elimine ou reduza comissões bancárias
Caso seja possível, mude para um banco onde não pague despesas de manutenção de conta ou anuidade de cartões. Ou, pelo menos, onde pague menos. Outra opção, é optar pelas contas de serviços mínimos bancários. Neste caso, fique a saber que paga só 5 euros, por ano, por tudo o que precisa.
13-Amortize cartões de crédito
Se usa os seus cartões de crédito, deve, nesta fase, tentar amortizar os valores em dívida o quanto antes.
14-Como lidar com a crise: consolide os seus créditos
Outra opção é consolidar os seus créditos. Ou seja, se juntar todos os seus créditos num único, podendo ficar a pagar até 60% menos. Contudo, vai pagar os créditos durante mais tempo. Logo, deve amortizar os créditos iniciais o mais rápido possível.
15-Reduza o seu IMI
Tente baixar o IMI. Para isso, simule a reavaliação do Valor Patrimonial Tributário da sua casa. Mas, atenção, esta opção só produzirá efeitos no ano seguinte.
16-Como lidar com a crise: ter um rendimento extra
Já pensou como poderia dar jeito receber um dinheiro extra para ajudar a pagar algumas despesas essenciais ou a amortizar algumas dívidas? Pois bem, com ou sem pandemia, pondere obter um rendimento extra. Faça, por exemplo, um plano de negócio, crie um produto e venda-o online, venda coisas que já não usa ou aposte na carreira de freelancer, etc. O importante é aumentar os seus rendimentos e, assim, recuperar as suas finanças.
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