Construir um fundo de emergência para "dias de aflição" é um bom princípio para alcançar a estabilidade financeira. No entanto, o caminho não se fica por aqui. Pode deparar-se com outras situações que o forçem a rever o seu fundo de emergência.
A instabilidade do seu emprego, a compra de uma casa ou até um nascimento de um filho podem alterar significativamente as despesas mensais. Consequentemente, o valor que tinha definido para "alimentar" o seu pé de meia pode deixar de se aplicar à nova realidade.
Assim, seguem-se algumas situações que exemplificam e justificam porque deve aumentar, sempre que possível, o valor das contribuições que direciona para o seu fundo.
Emprego instável
Atualmente, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), avançados à Renascença, cerca de oito em cada dez empregos criados em Portugal são precários. O que significa que estas pessoas estão mais expostas a dificuldades financeiras e podem, por isso, ter de recorrer às suas poupanças. Ainda que possam recorrer ao subsídio de desemprego ou outras ajudas da Segurança Social, os montantes, geralmente, não são suficientes para cobrir todas as despesas mensais. Por isso, se se encontra num emprego precário e corre o risco de, em breve, ficar desempregado, aproveite o tempo restante para poupar o máximo possível e aumentar o seu fundo de emergência. Ainda que essas contribuições mensais possam ser baixas, são sempre uma proteção adicional.
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Reparar o seu automóvel
Situações inesperadas acontecem e quando se trata de reparar o seu automóvel, geralmente, não fica barato. Tal como tantas outras coisas, os automóveis também precisam de uma manutenção regular e, mesmo assim, por vezes avariam. Se tiver um carro recente, mas já fora da garantia, pode mesmo ter de despender centenas ou milhares de euros numa só reparação. Nestes casos, ter um bom fundo de emergência pode ajudá-lo a evitar créditos pessoais ou ter de pedir dinheiro a um familiar.
Por outro lado, mesmo que a garantia esteja em vigor e esteja mais salvaguardado em caso de avarias, não deve deixar a gestão do seu fundo para segundo plano, já que também pode ter um acidente. Dependendo do valor da reparação, e assumindo que não foi o culpado pelo acidente, a seguradora pode até decidir dar-lhe uma indemnização por perda total. Contudo, na maioria dos casos, este valor não chega para comprar um veículo equivalente ao seu. Isso leva a que, mais uma vez, seja necessário recorrer ao seu pé de meia. E quanto maior for, mais opções terá.
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Precisa de cuidados médicos
Deve fazer, com alguma regularidade, análises ou exames para confirmar o estado da sua saúde. Os cuidados médicos podem ser bastante dispendiosos, dependendo da gravidade e dos serviços de saúde, públicos ou privados, aos quais recorre. Ainda que tenha um seguro de saúde, este não tem coberturas ilimitadas. Assim sendo, num caso urgente e dispendioso, pode ter de recorrer ao seu fundo de emergência para cobrir as despesas médicas. Dada a necessidade de atuar rapidamente nestas situações, ter um bom de pé de meia disponível pode fazer toda a diferença.
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Compra de uma nova casa
Após a compra de uma casa, o seu fundo de emergência deve contemplar as novas despesas. Se estava anteriormente numa casa arrendada, vai constatar que as despesas de uma casa própria, a longo prazo, acabam por ser superiores. De forma a garantir a sua segurança e conforto, necessita de fazer manutenções periódicas, além dos imprevistos que podem acontecer. Pode ter de substituir um cano, ter um problema na instalação elétrica ou até mesmo uma inundação, logo, não deve ficar financeiramente dependente das coberturas do seu seguro. Nem sempre são suficientes para cobrir os danos causados.
Além disso, os pagamentos, por parte da seguradora, podem levar algum tempo e, dependendo da gravidade, pode necessitar de fazer uma intervenção urgente. Se não tiver dinheiro disponível no seu fundo do emergência para cobrir estas despesas inesperadas, pode ficar numa situação complicada. Por isso, após a compra de uma habitação, o aumento da contribuição mensal para o seu fundo de emergência deve ser prioritário.
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Nascimento de um filho
A chegada de um filho torna a vida financeira bastante mais complexa, em termos de gestão, e requer cuidados redobrados. A partir deste momento, as despesas inesperadas podem acontecer com mais frequência e um orçamento rigoroso pode não ser suficiente. Seja por motivos de doença, acidente ou frequência de atividades desportivas ou culturais, vai precisar de ter uma maior disponibilidade financeira. Logo, o recurso ao seu fundo de emergência será muito mais provável. Como tal, deve ser reforçado sempre que possível.
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Falecimento de um familiar
O falecimento de um familiar pode causar uma quebra significativa de rendimentos de um agregado familiar. Por vezes, as famílias ficam em situação de insuficiência económica, tornando-se difícil lidar com as despesas. Além disso, os custos com o funeral são elevados e podem custar-lhe milhares de euros. Por isso, numa situação de perda, aumentar o seu fundo de emergência deve ser uma prioridade. Mesmo que o falecido tivesse um seguro de vida, e possa contar com este dinheiro, saiba que não lhe é concedido de forma imediata. Após a entrega dos documentos pedidos pela seguradora, esta dispõe de 30 dias para realizar o pagamento. Em caso de dúvida ou falta de documentos, este prazo pode estender-se.
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Agregado familiar dependente de um só rendimento
Ao contar apenas com um rendimento mensal, um agregado familiar fica numa posição instável e qualquer emergência pode afetar, gravemente, as suas finanças. Caso a única fonte de rendimento desapareça, seja por motivos de desemprego ou falecimento, a situação financeira da família complica-se ainda mais. Por essa razão, um fundo de emergência torna-se fundaental. Embora, numa situação destas, seja bastante complicado contribuir mensalmente para o seu fundo de emergência, não deve perder o seu foco. Em caso de necessidade ou despesas inesperadas, este fundo pode ser a "bóia de salvação".
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Despesas escolares dos seus filhos
Por fim, surgem as despesas escolares que, durante uns bons anos, podem custar-lhe milhares de euros. Além do material escolar e livros, surgem outras necessidades, como por exemplo ter de recorrer a explicações. Dependendo do tipo de acompanhamento e do número de horas, este serviço pode ficar dispendioso. Tendo em conta que estas situações têm de ser resolvidas rapidamente, é importante que possa ter esse dinheiro disponível. Assim sendo, deve contemplar estas despesas no seu fundo de emergência para não ser apanhado de surpresa.
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