Toda a Arte é um problema de Equilíbrio entre dois opostos.
Cesare Pavese
Desde o início da minha carreira profissional até aos dias de hoje, fosse a trabalhar por conta de outrem, fosse já como facilitador, coach ou trainer, tenho sido testemunha de um desafio comum que encontro nas Pessoas e Organizações – A Separação e os Extremos:
- Pessoas que têm uma ótima energia, vontade de aprender e de fazer as coisas acontecer, mas os processos, liderança, cultura e tecnologia não acompanham e potenciam essa riqueza;
- Processos, metodologias e tecnologias state of the art, mas que não proporcionam a potencial riqueza e valor porque a sua contextualização e envolvimento com as Pessoas não é realizada, criando assim muitos anticorpos.
O que surge muitas vezes é um fosso de evolução – sabemos tudo o que precisamos, mas não sabemos/conseguimos aplicar.
A Liderança e Gestão de uma Organização é uma abordagem híbrida e simultânea de Pessoas [Coaching/Mentoring] + Inovação [Design Thinking + Customer Development+Problem Solving] e Cultura [Management 3.0 + Liberating Strutures + Cultura por Valores].
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Visão 720º: Ecossistema Individual e Organizacional
Sendo o Coaching e o Design Thinking as minhas maiores influências profissionais, desde logo detetei bastantes pontos e propósitos em comum.
Há alguns anos comecei a imaginar um caminho, que pudesse servir de orientação a processos de desenvolvimento de lideranças e das organizações, com inspiração nessas abordagens.
Ao fim de alguns anos de fermentação e envelhecimento, qual vinho, surgiu-me o conceito e a respetiva estrutura da Engenharia Organizacional [EO], após a “validação” do mercado das suas várias possibilidades e conjugações de temas.
A Engenharia Organizacional® é um roteiro integrador para o desenvolvimento de Pessoas, Organizações, Cultura e Ecossistemas de Negócios.
Define de que forma o Desenvolvimento de Pessoas, das Lideranças e da Inovação de uma Organização é sempre o resultado de uma interação evolutiva e simultânea de Pessoas, Ideias, Processos e Cultura.
Vamos lá então explorar isto:
Propósito e Challenge
Termos um propósito definido e concreto ativa sensações de confiança e tranquilidade no nosso sistema límbico, que gere as emoções. A Clarificação do Propósito e Desafio é para mim uma das mais importantes etapas de qualquer Processo de Transformação e Inovação Pessoal e Organizacional. Infelizmente é o mais negligenciado.
Explorar, observar e mapear
Achamos sempre quem sabemos o que fazer, pela lógica ou pelo ego.
Por isso, explorar, olhar à volta, conversar connosco e com os outros é um processo fundamental para termos uma visão e noção cristalina da realidade e do estado atual das coisas.
Isso implica o ato neutro e compassivo de observar, sem grandes julgamentos ou preconceitos. Apanhar o helicóptero, aumentar o campo de visão, observar os ecossistemas e identificar as interações, numa grande angular de 720 graus: 360° interno + 360° externo.
Basicamente, é ir “falar” com as Pessoas e o Mundo e perceber quais as suas necessidades, dores e aspirações!
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Insights
Neste ponto, e através das duas etapas anteriores, já devemos ter claro algumas conclusões. O que se tornou claro através da fase de explorar? Bate certo com o que achávamos? Quais são as dimensões para as quais faz sentido criar soluções e impactos para nós próprios, para as equipas, os clientes, para que todos tenham os seus pains and gains “resolvidos”?
Imaginar e desenhar um futuro melhor
Agora sim, é a altura certa para criar algo ou imaginar soluções para um determinado desafio e problema;
- TUDO é possível de ser imaginado e só ALGUMAS coisas poderão ser implementadas, e está tudo bem.
Indivíduos, Equipas e Organizações normalmente começam por aqui e ignoram os passos anteriores e a frase anterior. Ou seja, estagnamos na nossa Inovação Pessoal e Organizacional, porque se começarmos apenas nesta fase não nos proporcionamos o belo, mas também (confesso) doloroso, processo de colocar tudo em causa, nós incluídos.
Validar e planear a nova realidade
Uma ótima solução não é suficiente. A Inovação realmente só acontece quando uma ideia é tecnicamente exequível, desejável, viável financeiramente e, tendo em conta este mundo líquido e os últimos acontecimentos, que se consiga adaptar rapidamente a novos modelos de negócio e de entrega.
Então aqui temos de experimentar, prototipar e definir quais os critérios de sucesso e insucesso.
Lift-off!
Aqui é fácil. É fazer acontecer, refinar, atualizar, e depois procurar o challenge e propósito seguintes.
A Engenharia Organizacional bateu quase sempre certo. Como roadmap funcionou quase sempre bem como referência para se percorrerem territórios complexos como são um Ser Humano, Equipa, Organização, Negócio.
As metodologias e ferramentas utilizadas em cada fase é que têm de ser customizadas ao tema, desafio, pessoa, equipa, organização, etc. Aqui pede-se Empatia e Co-Criação com os clientes.
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A Engenharia Organizacional funciona como uma Galáxia
A Engenharia Organizacional desenvolve e inova um conjunto de dimensões, princípios ativos e ecossistemas do Profissional e das Organizações que existem por si só e cujos elementos se mantêm unidos entre si devido a mútuas interações, em temáticas chave que funcionam como constelações ou sistemas solares:
Alguns exemplos de aplicação (entre parênteses apresento as ferramentas/metodologias que materializam o “Como se implementa”)
- LEADER/PEOPLE EVOLUTION – Processos de Coaching e Mentoring onde se trabalha a Self Leadership, a Definição de Prioridades e tomada de Decisões. Liderar e Imaginar um novo futuro numa organização é ainda muitas vezes um processo solitário e este roadmap da Engenharia Organizacional pode servir de orientador para tornar cristalino e motivador um processo que é complexo e denso. [Self Leadership, Coaching, Mentoring]
- BUSINESS TRANSFORMATION – Qualquer contexto que implique uma reflexão e trabalho multidisciplinares para resolver problemas, identificar oportunidades, criar produtos, trabalhar na nossa proposta de valor e desenvolvimento de clientes ou simplesmente imaginar como se pode trabalhar melhor. [Design Thinking, Problem Solving, Inovação, StrategyTools, Customer Development]
- CULTURE AND WORKFLOWS – 85% dos desafios organizacionais são sistémicos e relacionados com comunicação, definição de responsabilidades, informação inconsistente e fluxos de comunicação degradados. São as Meaningful Conversations & Design que levam às melhores Reflexões, Decisões e Distribuição de Responsabilidades e Tarefas. [Design de Culturas e Equipas, Definição de Responsabilidades, Team Development, Cultura por Valores]
Estamos perante um ciclo de mudança e expansão e impermanência vertiginosos, associados ao desenvolvimento e transformação do conceito do que é um profissional, organização, produto e serviço e cliente.
A Engenharia Organizacional é forma que encontrei de “combater” aquele desafio comum da Separação e Extremos, que mencionei no início, que ainda causa muita mossa.
A Engenharia Organizacional na realidade pretende criar e reforçar a Integração, Reconexão, Equilíbrio e Alegria (não propriamente a Felicidade) dos Profissionais e das Organizações.
Esta é a minha proposta de Caminho do Meio.
E pretendo continuar a percorrer este caminho e os seus trilhos nos próximos tempos. Que venham as Oportunidades, Desafios, Pessoas e Organizações para todos percorrermos este Caminho de Evolução!
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Nascido, criado e apaixonado pelo Porto e pelo Mundo, os seus caminhos pessoais e profissionais conduziram-no à descoberta do maravilhoso mundo das Pessoas e Organizações. Trabalha para transformar o potencial, conhecimento e experiência de Pessoas e Organizações em Evolução e Resultados, combinando disciplinas como a Engenharia Organizacional, Coaching, Design Thinking, Agile e Design de Equipas e Cultura. Acredita no Caminho do Meio para a Evolução Mútua de Pessoas, Organizações e Sociedade.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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2 comentários em “Colaboradores como co-criadores das organizações”