Se está prestes a fazer 18 anos, pode ainda não dominar alguns conceitos de literacia financeira. Afinal, nesta fase, o mais provável é que apenas tenha gerido a sua mesada ou as suas poupanças. No entanto, deve preparar-se, o quanto antes, para gerir um ordenado e as suas finanças pessoais, de forma a alcançar os seus objetivos.
Para evitar alguns erros de principiante, há conhecimentos essenciais que deve adquirir.
7 dicas sobre finanças pessoais para quem vai atingir a maioridade
1 - Abrir diferentes tipos de contas bancárias após atingir a maioridade
No caso de ainda não ter uma conta bancária em seu nome, saiba que ao longo da vida pode ter de abrir diversas contas bancárias para diferentes propósitos.
E isto porquê? Porque os anos vão passando e vão surgindo diferentes necessidades que podem ser geridas através de uma conta bancária mais específica. Por exemplo, pode ter uma conta singular, onde é o único titular, e futuramente ter a necessidade de abrir uma conta solidária, caso pretenda partilhar a vida com alguém.
Em simultâneo, pode constituir uma conta poupança, onde coloca um valor único ou depósitos regulares. Este tipo de conta oferece uma pequena rentabilidade devido ao pagamento de juros. Depois, tem ainda a possibilidade de ter uma conta ordenado, onde o domicílio do seu ordenado permite-lhe ter acesso a uma linha de crédito de forma automática.
Além destas opções, pode, a dada altura, querer abrir uma conta:
- De serviços mínimos bancários;
- A prazo;
- Em conjunto;
- Ou mista.
Contudo, nesta fase da sua vida, a opção mais vantajosa pode ser abrir uma conta jovem. Mas, em primeiro lugar, saiba que antes de abrir uma conta bancária deve comparar as diferentes ofertas que existem no mercado. Afinal, cada entidade bancária tem os seus produtos e as vantagens, e desvantagens, podem ser significativas.
No caso das contas jovens, é preciso estar atento ao limite de idade. Por exemplo, a maioria das entidades bancárias têm contas jovens isentas de comissões até aos 17 anos. Porém, assim que atinge a maturidade, esta isenção pode perder-se. Por isso, procure uma entidade que ofereça regalias aos jovens até aos 25 ou 30 anos.
Atenção, leia sempre todas as condições antes de assinar contrato.
Ler mais: Contas bancárias: Conheça os diferentes tipos de conta
2 - Aprenda a fazer um orçamento familiar para gerir as finanças pessoais
Se está habituado a gerir a sua mesada de forma a sobrar-lhe dinheiro todos os meses, está num bom caminho para ter sucesso a gerir as suas finanças pessoais, enquanto adulto. No entanto, saiba que esta tarefa torna-se mais complicada devido às inúmeras despesas que vai adquirindo ao longo da vida.
Por isso, para controlar melhor os seus ganhos e despesas, é essencial que tenha um orçamento familiar. No fundo, um orçamento familiar é uma lista de todos os seus rendimentos e despesas. Ao subtrair aos seus rendimentos as suas despesas, fica a conhecer o valor exato que vai sobrar mensalmente.
Contudo, para as suas finanças terem estabilidade, o seu orçamento deve contemplar as despesas fixas, as variáveis, os pequenos gastos não essenciais e um montante fixo para poupar.
Imagine que no ano que entra na universidade consegue um part-time para ajudar com os custos da sua formação. Nesta situação, o seu orçamento familiar deve ser composto pelo seu ordenado, despesas associadas aos seus estudos, mas também por outras despesas que suporte sozinho. Por exemplo, almoços e jantares fora de casa, despesas com telecomunicações ou subscrições, despesas de lazer, transporte, etc., e um valor fixo para poupar.
Se conseguir habituar-se a fazer esta gestão cuidada desde cedo, pode ter um maior controlo sobre as suas finanças pessoais e, provavelmente, vai ter uma poupança significativa a longo prazo. Recorde-se, as estratégias e metas de poupança são essenciais para alcançar os seus objetivos.
3 - Quando cria metas de poupança, os seus sonhos ficam mais próximos
Como referimos, quando gere as suas finanças com base num orçamento, tem a possibilidade de poupar um valor fixo todos os meses. Este valor deve ser aplicado de acordo com uma estratégia de poupança, associada a um ou mais objetivos. Usemos alguns exemplos para simplificar.
Imagine que todos os meses poupa 150 euros. Caso não tenha um objetivo definido, vai estar a acumular esse valor como um pé de meia para algum imprevisto ou algo que pretenda fazer no futuro. Embora esta decisão esteja correta, se pretende criar uma estratégia para as suas poupanças, vai precisar de traçar objetivos.
Com os objetivos traçados, deve refletir na distribuição do valor mensal das suas poupanças. Por norma, esta distribuição é feita com base na prioridade dos seus objetivos. O objetivo mais importante para si, deve ser o seu principal. Contudo, se tiver um objetivo a curto prazo, pode tentar concluir essa etapa, para depois focar-se no seu objetivo principal a longo prazo.
3 exemplos de metas de poupança
Caso tenha dúvidas sobre as metas de poupança a traçar, apresentamos-lhe três exemplos que podem ajudar:
- Criação de um fundo de emergência: O fundo de emergência é o seu pé de meia. Esta é uma poupança que deve manter ao longo da vida, pois serve para lidar com despesas imprevistas ou com perdas de rendimento. O seu fundo de emergência deve cobrir todas as suas despesas essenciais por um período mínimo de seis meses. Caso tenha um imprevisto que o leve a mexer neste fundo, deve repor esse valor o mais rápido possível.
Esta é uma meta de poupança prioritária, mas que pode ser feita a médio prazo. Por exemplo, imagine que pretende criar um fundo que cubra 500 euros em despesas fixas durante seis meses. Precisa de juntar 3000 euros. Se poupar 50 euros todos os meses, no final de um ano terá poupado 600 euros, e ao fim de 5 anos tem o seu fundo de emergência.
- Meta de poupança para a compra de um carro ou de um determinado bem: Esta meta pode evitar que recorra a um crédito automóvel ou de consumo, mas também pode servir para cobrir o valor da entrada.
- Poupança para comprar uma casa: Para a maioria das pessoas, a compra de um imóvel requer um empréstimo ao banco. No entanto, é fundamental que saiba que os bancos não emprestam 100% do valor do imóvel. Logo, deve ter uma poupança que suporte entre 10% a 20% do valor do imóvel, comissões e despesas associadas à contratação do crédito, e ainda os impostos (IMT e Imposto de Selo). Por norma, esta é uma meta de poupança a longo prazo.
4 - Uso regrado dos cartões de crédito para não colocar finanças em risco
O uso de cartões de crédito é sempre um tema sensível, na medida em que é associado ao endividamento das famílias. No entanto, quando são utilizados de forma regrada, podem ser benéficos para as suas finanças. Mas, para que isso aconteça, deve:
- Optar por pagar a totalidade do extrato, ou seja o valor que utilizou a 100%, no período em que não há cobrança de juros. Por norma, tem entre 20 a 50 dias para o fazer. Deve informar-se junto da entidade financeira sobre o prazo de isenção de juros.
- Se precisar de recorrer a um cartão de crédito para o pagamento de uma compra a prestações, ou seja com juros associados, deve analisar a TAEG. Quanto mais baixa é a TAEG, menos paga. No entanto, tente liquidar o montante em dívida o mais breve possível.
- Ajuste sempre a data do pagamento do seu cartão de crédito, de forma a garantir que paga a sua dívida a tempo e horas.
- Evite ao máximo levantar dinheiro com o seu cartão de crédito devido às comissões associadas.
- Opte por um cartão de crédito com cashback: O cashback permite-lhe maximizar as suas poupanças. Porque ao fazer compras com o seu cartão pode receber uma percentagem da compra no mês seguinte. O valor a receber vai depender do que está pré-estabelecido, no entanto, a percentagem varia entre 1% a 3%.
- Informe-se sobre promoções e serviços associados ao seu cartão de crédito. Muitos cartões de crédito dão direito a descontos, promoções e acumulação de pontos na sua utilização.
5 - Antes de contratar um crédito, domine alguns conceitos básicos
É expectável que venha a necessitar de contratar créditos. Mas, se não está familiarizado com os conceitos que envolve a contratação de um crédito, pode tornar-se algo confuso e levá-lo a decisões menos vantajosas.
Dito isto, se precisar de recorrer a um crédito, seja este pessoal ou um crédito habitação, é normal que se depare com termos que nunca ouvir falar, como a TAN, TAEG, Euribor, Spread, Taxa de esforço, entre outros.
Assim, para perceber se está perante uma boa ou má proposta ou porque é que o seu crédito é aprovado ou recusado, deve aumentar os seus conhecimentos em literacia financeira.
Por exemplo, quando pede um crédito, precisa saber que o banco avalia sempre o nível de risco que cada cliente representa. Existem vários fatores que podem determinar a recusa de um crédito, como a idade, falta de estabilidade profissional, uma taxa de esforço elevado, o mau historial de pagador, etc.
Mas, também deve saber avaliar a proposta que cada banco faz. Ou seja, tem de estar atento aos valores das taxas de juros, se há serviços adicionais a contratar para beneficiar de uma redução de certas taxas, valor dos seguros associados, etc.
6 - Finanças saudáveis? Reveja sempre a estratégia, objetivos e despesas
Um dos erros mais comuns na gestão das finanças pessoais é não avaliarmos regularmente a nossa estratégia, objetivos e despesas. Afinal, a estratégia do ano passado pode não fazer sentido para este ano. Esta mesma filosofia aplica-se a metas de poupanças e objetivos.
Quanto às despesas, estas também devem ser avaliadas regularmente. É comum ficar a pagar um valor demasiado elevado por certos serviços, seguros ou até prestações de créditos, quando existem melhores soluções no mercado. Tudo porque não reviu estas despesas ou não tentou renegociá-las.
7 - Aprenda sobre investimentos e poderá maximizar o seu dinheiro
Por fim, não podemos deixar de falar sobre a importância de rentabilizar as suas poupanças ao longo da vida.
Em muitos casos, nem precisa de correr riscos elevados para rentabilizar o seu dinheiro, pois existem produtos com capital garantido ou de baixo risco de investimento. Contudo, deve saber que quanto menor é o risco, menor é a rentabilidade do dinheiro aplicado.
O mundo dos investimentos tem riscos associados. Por isso, é fundamental que aprenda alguns conceitos básicos e perceba como funcionam os produtos financeiros que escolheu. Para começar esta aprendizagem, deve informar-se sobre os diferentes perfis de investidor que existem, os vários produtos financeiros, os riscos, comissões, etc.
Se precisar de conhecer um produto financeiro de forma mais pormenorizada ou termos mais específicos em relação ao mundo dos investimentos, consulte o site do regulador, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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