Atualmente, ensinar os filhos os jovens a lidar com o consumismo, desde tenra idade, tornou-se uma das principais missões dos pais e educadores. Afinal, quanto mais cedo as crianças interiorizarem técnicas básicas de gestão e conceitos de literacia financeira, mais fácil será adotarem bons hábitos de consumo. Contudo, na adolescência, esta tarefa pode complicar-se e encontrar vários entraves.
Esta dificuldade prende-se sobretudo com os apelos ao consumo a que os jovens estão sujeitos. No fundo, muitos jovens sentem a necessidade de comprar certos produtos para se integrarem socialmente. No entanto, é essencial que lhes seja explicado porque não devem ceder a este tipo de impulso.
Ainda que inicialmente os jovens criem obstáculos às suas orientações, se forem transmitidas de forma consistente, explicando o porquê, os prós e contras, e dando o exemplo, os jovens vão acabar por refletir antes de decidirem as suas compras.
Leia ainda: 5 jogos virtuais que ensinam crianças e jovens a lidarem com o dinheiro
6 dicas para ensinar os jovens a lidar com o consumismo
1. Relembre a diferença entre compras por desejo e por necessidade
O consumismo faz parte da nossa sociedade e, atualmente, somos "bombardeados" com anúncios publicitários, cada vez mais direcionados aos nossos gostos pessoais. Contudo, os adultos, maioritariamente, têm capacidade para processar os apelos ao consumo e até arranjar estratégias para um consumo consciente.
Afinal, as despesas essenciais assumem uma grande fatia do orçamento familiar. Logo, as compras por desejo precisam de ser ponderadas e ficam, quase automaticamente, para segundo plano.
No entanto, isto não acontece com os jovens. Nestas faixas etárias há uma certa vulnerabilidade em relação aos apelos de consumo. Muitas vezes, o ter de desistir de certas compras provoca até frustração.
Assim, para que o seu filho fique menos frustrado e entenda porque é que não deve ceder a estes apelos de consumo, é essencial que lhe relembre a diferença entre compras por desejo e por necessidade. Para tal, questioná-lo sobre as suas escolhas.
Por exemplo, se o seu filho pedir dinheiro para comprar algo, pergunte-lhe se essa compra é essencial? Relembre que as compras essenciais estão associadas a produtos/serviços que ele precisa. Nesta fase, é expectável que ele argumente e tente justificar a necessidade de um bem, quando este não passa de um desejo.
Ou seja, vamos supor que o seu filho pede dinheiro para comprar uns ténis, sendo que já tem alguns pares, em bom estado e até são recentes. Deve explicar-lhe que essa compra não é essencial e sim por desejo, e que devemos usar o que temos e está ainda em condições.
Leia ainda: 8 formas de ensinar as crianças a tomar decisões financeiras
2. Incentive-o a comparar preços e a não fazer compras por impulso
Uma das formas de ajudar os jovens a lidar com o consumismo é incutir-lhes o hábito de comparar preços antes de uma compra. A comparação de preços não só ajuda a poupar na aquisição de novos produtos e serviços, como é uma excelente forma de evitar compras por impulso.
Atualmente, existem sites que permitem comparar o preço de vários produtos com bastante facilidade, como é o caso do KuantoKusta. No entanto, esta pesquisa pode ser feita pelo produto na internet e comparar o preço em diversos sites.
Além disso, se o seu filho ganhar este hábito, pode ajudá-lo a refletir melhor sobre as compras que pretende fazer. Imagine que ele quer comprar um telemóvel. Se durante o processo de comparação de preços descobrir um modelo idêntico mais barato, pode optar por esta solução. No fundo, ao ensinar o seu filho a comparar preços está a dar-lhe ferramentas para que este seja um consumidor mais responsável, que reflete e analisa antes de comprar.
Leia ainda: Não planeia as suas compras? Estas 6 dicas de poupança são para si
3. Uma mesada ajuda a ensinar os jovens a lidar com o consumismo
Se gere o seu dinheiro por um orçamento familiar sabe que esta é uma excelente forma de garantir que não se gasta mais do que se pode.
Afinal, um orçamento familiar é composto pelo levantamento de todos os seus rendimentos e despesas. Ao saber exatamente quanto é que gasta em cada despesa, este método permite-lhe gerir melhor o seu dinheiro e possibilita-lhe definir outras metas financeiras.
Por exemplo, se sobram 200 euros no seu orçamento deve estipular onde será aplicado esse dinheiro. E isto significa traçar uma nova meta financeira. Esta meta pode traduzir-se em aplicar uma percentagem desse valor numa poupança ou no seu fundo de emergência.
No caso de querer que o seu filho ganhe essa consciência e capacidade de gestão, atribuir-lhe uma semanada ou mesada é fundamental. Quando atribui uma mesada a um filho, permiti-lhe criar um orçamento com esse valor.
Contudo, numa primeira fase, deve ensiná-lo a fazer um orçamento para gerir melhor o dinheiro. Sente-se com ele, reveja as despesas habituais e estipulem como será feita a gestão ao longo do mês.
Após o seu filho estar familiarizado com a gestão da mesada, deixe-o gerir esse dinheiro sozinho. Ensinar os jovens a lidar com o consumismo é dar-lhes ferramentas para eles tomarem as suas próprias decisões financeiras. Mesmo que isso signifique errar.
Ou seja, com este dinheiro ele deve conseguir pagar todas as despesas mensais que definirem em conjunto. Se sobrar dinheiro, essa gestão ficará a seu cargo. No entanto, deve incentivá-lo a poupar para o futuro ou para cobrir outras despesas. Contudo, explique que ele não deve gastar em coisas que não necessita e que não terá direito a um acréscimo da mesada se gastar todo o dinheiro.
Leia ainda: Semanada ou mesada? Como ajudar os mais novos a gerirem o dinheiro
4. Compras de valor elevado só com o dinheiro da poupança
Outra forma de ensinar os jovens a lidar com o consumismo e que evita pedidos constantes de bens de valor mais elevado, é incentivá-los a poupar para alcançar os seus objetivos e desejos mais luxuosos.
Tal como acontece na vida adulta, estas compras requerem recorrer a uma estratégia de poupança. Por isso, deve mostrar ao seu filho que, para alcançar este objetivo, tem de colocar um montante de parte regularmente.
Mesmo que queira contribuir para esta compra, não deixe de incentivá-lo a juntar outros montantes que recebe no aniversário ou em outras ocasiões festivas.
Outra sugestão que pode dar ao seu filho é criar uma poupança automática, com um valor confortável para ele. Isto significa que todos os meses será transferido para uma conta poupança, de forma automática, o valor que ele definir.
5. Explique que o consumismo tem consequências
Ensinar os jovens a lidar com o consumismo é também explicar-lhes as consequências dos maus hábitos de consumo. O processo de consumo é algo natural, no entanto, quando é feito por impulso, acabamos a fazer compras desnecessárias e em excesso. E esta decisão traz consequências graves para ao meio ambiente, para a carteira e até para a vida pessoal.
Em termos do meio ambiente, o consumismo gera a utilização excessiva de recursos naturais, o que contribui para a sua escassez. Além disso, quanto mais consumimos, maior é o desperdício e a quantidade de lixo no mundo. E se queremos contribuir para um mundo mais sustentável, esta mensagem deve ser transmitida aos jovens.
No que diz respeito à compra de produtos eletrónicos em excesso, também é importante realçar que estes são compostos por resíduos de difícil decomposição. Contudo, existem mais consequências que deve abordar.
Afinal, o consumismo afeta, e muito, as finanças pessoais. Se o seu filho desenvolver maus hábitos de consumo, terá dificuldades em poupar e poderá não valorizar as coisas que tem.
Por fim, não se esqueça de salientar que viver com uma pessoa consumista pode causar graves problemas no relacionamento. Na verdade, a gestão de um orçamento em conjunto nem sempre é uma tarefa fácil.
Além disso, se recorrer a créditos ao consumo para satisfazer estes desejos constantes, corre o risco de deixar a família numa situação de endividamento.
6. Seja consistente ao ensinar os jovens a lidar com o consumismo
Tal como acontece com as crianças pequenas, os jovens estão atentos a todas as atitudes dos adultos. Logo, é fundamental que os pais mantenham a consistência nos discursos e no que praticam diariamente.
Ou seja, se quer ensinar o seu filho a lidar melhor com o consumismo não basta passar certos ensinamentos. Tudo aquilo que diz e faz será analisado pelos seus filhos. E se em certas alturas as suas afirmações e ações forem na direção contrária aos seus ensinamentos, os seus filhos vão apontar a incoerência.
Nestas situações, o mais provável é ser confrontado com as suas próprias atitudes ou ver os seus ensinamentos ignorados pelos jovens. Afinal, se os pais não cumprem o que ensinam e têm mais hábitos de consumo, os filhos não vão perceber porque é que não devem seguir este exemplo.
Ainda assim, caso tome decisões erradas, assuma o erro e explique as consequências associadas à sua má decisão.
Leia ainda: Como melhorar a literacia financeira da sua família
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário