Para muitos portugueses, o reembolso de IRS serve como almofada financeira para fazer face a diversas despesas, planeadas ou que venham a surgir. Para outros, é uma oportunidade para investirem na sua formação ou até mesmo em produtos financeiros.
Conheça algumas formas que podem permitir-lhe tirar partido deste dinheiro.
Amortizar as suas dívidas existentes
Eliminar dívidas não é uma tarefa fácil, mas não é impossível. Por isso, usar o seu reembolso de IRS para amortizar o seu crédito à habitação, automóvel, ou cartão de crédito, pode ser um bom começo. Isto não só vai ajudá-lo a pagar as suas dívidas mais rapidamente, como potencia o hábito de tentar, todos os meses, amortizar os seus créditos. No entanto, para que tal aconteça, deve criar um orçamento de forma a assegurar que vai ter dinheiro disponível no final do mês para reduzir o "peso" das suas dívidas.
Se nunca fez um orçamento, deve começar por fazer uma lista com as suas despesas e os seus rendimentos. Depois, organize os seus gastos por categorias (alimentação, transportes, entretenimento, entre outras) e analise quais consomem a maior parte do seu rendimento e as que podem ser eliminadas. Por exemplo, compras por impulso ou serviços que já não utiliza.
Depois de fazer o seu orçamento, deve analisá-lo todos os meses, pois é expectável que algumas despesas não sejam contabilizadas inicialmente. Ao final de algum tempo, vai começar a ver os efeitos positivos de "manter-se fiel" ao seu orçamento e o dinheiro que consegue poupar. Esta poupança pode ser então utilizada para amortizar as suas dívidas.
Se tiver dificuldade em manter-se focado, comece por amortizar os créditos mais pequenos. À medida que consegue eliminar cada um deles, vai sentir o sucesso do seu sacrifício e, com isso, terá mais motivação para continuar.
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Aumentar as suas poupanças
Outra solução para tirar o máximo partido do seu reembolso de IRS é aumentar as suas poupanças. Ou seja, pode sempre aproveitar este dinheiro adicional para contribuir para o seu "pé de meia". Este fundo pode ter como intuito umas férias, um automóvel ou até um casamento.
Por outro lado, ter as suas poupanças numa conta poupança pode ser uma boa forma de guardar o dinheiro que não precisa no momento, mas que pode vir a precisar num futuro próximo, visto que está sempre disponível e, em caso de necessidade, pode movimentá-lo. Além disso, durante esse período, pode rentabilizar esse dinheiro.
Atualmente, os juros de uma conta poupança tradicional não são muito apelativos. No entanto, existem outras soluções no mercado com juros mais altos, continuando a ter alguma flexibilidade para movimentar o seu dinheiro e, sobretudo, a garantia do seu capital. Se ter o dinheiro "preso" durante 3 meses não for um impedimento para si, existem os Certificados de Aforro, por exemplo. Dependendo do tempo que deixar o seu dinheiro aplicado neste produto financeiro, tem direito a um prémio de permanência.
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Criar um fundo de emergência a partir do reembolso
Despesas inesperadas podem surgir a qualquer momento e, como tal, deve estar financeiramente preparado para lhes fazer frente. Um fundo de emergência consegue ajudá-lo nestas situações. De forma a manter a sua estabilidade financeira, este fundo deve cobrir, pelo menos, 6 meses de despesas. Se algo inesperado acontecer, terá o suficiente para ultrapassar dificuldades e pode viver com uma maior tranquilidade.
No entanto, não deve confundir emergências com situações em que precise do dinheiro para comprar algo que deseja. Por exemplo, ainda que pretenda renovar a sua cozinha, isto não significa que seja urgente fazê-lo. Já se tiver um acidente de viação ou ficar desempregado, pode mesmo ter de recorrer ao seu fundo de emergência para suportar estas despesas inesperadas.
Se ainda não tem um fundo de emergência, pondere utilizar o seu reembolso de IRS como ponto de partida. Depois, tente contribuir mensalmente. Independentemente do valor, o importante é que consiga fazê-lo e crie esse hábito. Em "situações de aperto", este fundo pode fazer toda a diferença.
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Apostar na sua formação profissional
Uma das formas de aproveitar o seu reembolso de IRS é investi-lo na sua formação profissional. Adquirir novas competências que lhe permitam evoluir dentro da sua empresa, ter um melhor emprego ou até mesmo para fazer aquilo que realmente gosta. Assim, deve ponderar usar este dinheiro extra para melhorar a sua situação profissional. Quanto mais competências obtiver, maior a probabilidade de ter um melhor salário e, consequentemente, de ter uma vida financeira estável.
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Contribuir para um Plano Poupança Reforma
Se é jovem e e já tem um Plano Poupança Reforma (PPR), então deve tentar contribuir regularmente para esse produto financeiro. Sendo jovem, tem uma vantagem em relação a pessoas que apenas começam a contribuir aos 40 ou 50 anos. Essa vantagem chama-se tempo.
De acordo com os dados do Fisco, cada português recebe um média cerca de 900€ em reembolso de IRS. Esta quantia pode mesmo fazer a diferença, especialmente se a investir durante alguns anos. Por exemplo, se utilizar estes 900€ de reembolso e contribuir para um PPR durante 40 anos, com uma taxa de juro média de 2%, consegue amealhar mais de 55.000€. No entanto, na prática, só investiu cerca de 36.000€ durante esse período. Isto significa que esta quantia vai gera 19.000€ só em juros ao final de 40 anos.
Na altura de se reformar se tiver, por exemplo, despesas mensais de 800€, significa que consegue viver durante dois anos com o dinheiro desses juros. Além disso, pode usufruir dos benefícios fiscais em IRS todos os anos, de acordo com as contribuições que fez. Por cada contribuição que faça, pode deduzir 20% em IRS, até um limite máximo que varia com a sua idade:
- Até aos 34 anos: 400€, se aplicar 2000€ por ano no seu PPR;
- Entre 35 e 50 anos: 350€, se aplicar 1750€ por ano;
- Acima dos 50 anos: 300€, se aplicar 1500€ por ano.
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Investir o reembolso com prudência
Por fim, existe sempre a alternativa de investir o seu reembolso de IRS em diversos produtos financeiros, como ações ou fundos de investimento. No entanto, nestes casos deve ter a certeza de que não vai precisar desse dinheiro num futuro próximo, idealmente nos próximos 5 anos. Caso contrário, devido à flutuação dos mercados, pode acabar por vender numa altura em que o mercado esteja com um mau desempenho devido a recessões económicas, tensões políticas, escassez de matérias primas ou outros fatores que tornam estes produtos mais voláteis.
Assim sendo, se já tiver uma situação financeira estável, isto é, um bom fundo de emergência, preferencialmente sem dívidas para pagar e capacidade para poupar todos os meses confortavelmente, então investir este dinheiro adicional pode ser uma boa alternativa. Ainda assim, deve estar consciente dos riscos associados e do facto de não existir garantia do seu capital.
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