Existem novos movimentos no mercado de trabalho, os quais estão a influenciar a forma como as empresas desenham o futuro. Yolo, The Great Resignation e Lying Flat são o reflexo da reavaliação que os trabalhadores fizeram da sua vida profissional durante o período da pandemia da Covid-19.
Os especialistas nestas matérias consideram que se está a assistir a uma "verdadeira revolução" no mercado de trabalho. Uma revolução que já era esperada devido à evolução digital e que se acentuou com a inesperada chegada da pandemia e pela necessidade de acelerar a implementação de medidas de flexibilidade laboral.
Os mais recentes estudos reforçam ainda que a insatisfação dos colaboradores já era um indicador a ter em conta mesmo antes da pandemia, sendo que esta veio apenas propiciar o momento de avaliação e reajuste da vida profissional.
Neste artigo, reunimos os três novos movimentos que refletem a significativa mudança que se está a viver no mercado de trabalho, um pouco por todo o mundo.
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Economia YOLO
YOLO é um acrónimo que significa “You Only Live Once” (em português, “apenas se vive uma vez”) e que se tornou popular em 2011 com o rapper canadiano Drake.
Este movimento reflete a necessidade de viver o momento presente e aproveitar as coisas boas da vida, sem preocupar constantemente com o futuro e sem desperdiçar o tempo a fazer coisas das quais não se gosta.
Uma crónica do jornal New York Times, publicada em abril de 2021, sublinha a evidência desta nova tendência no mercado de trabalho, designando-a como economia YOLO, uma corrente impulsionada pela pandemia.
De acordo com o artigo, muitos americanos, sobretudo da geração Millennial, após um ano confinados em casa, reavaliaram as suas carreiras e decidiram deixar os seus empregos estáveis para começar um projeto próprio ou trabalhar em regime freelancer.
Apesar das decisões YOLO poderem depender de vários fatores, parece existir uma causa comum relacionada com uma desilusão geracional mais profunda.
Inclusive, um estudo da consultora Gallup, identificou que a geração Millennial é a que muda mais vezes de emprego, sobretudo por não se sentir conectada com as empresas e não acreditar num emprego para toda a vida.
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The Great Resignation
Outro movimento que deriva diretamente da pandemia é The Great Resignation: uma onda de despedimentos que ocorreu nos Estados Unidos da América e que levou à consequente escassez de mão de obra em alguns setores.
O termo foi cunhado por Anthony Klotz, professor na Texas A&M University, que estudou as demissões de centenas de trabalhadores americanos em 2021 e chegou à conclusão que essas saídas explicam-se pelos seguintes aspetos:
- demissões reprimidas que não aconteceram antes (em 2020) por se viver um grande período de incerteza;
- elevados níveis de burnout, sentidos por trabalhadores dos setores da saúde, tecnologia e retalho alimentar, que conduzem a elevados índices de rotatividade;
- vantagens de trabalhar remotamente (mais flexibilidade de horário, menos tempo no trânsito, menos gastos e menos distrações) e preferiram despedir-se para poder encontrar um trabalho que as permita trabalhar dessa forma;
- o período de isolamento e confinamento permitiu também às pessoas reavaliarem as suas condições profissionais e os seus objetivos de vida, concluindo que ambos não estavam alinhados e preferindo despedir-se em busca de valorização profissional.
O movimento Great Resignation transformou-se entretanto no “Great Talent Re-shuffle”.
Estudos recentes mostram que, muitas das pessoas que se despediram, mudaram de ocupação e a natureza do seu trabalho, tendo investido em formação avançada e em certificações para poderem encontrar empregos melhores, mais flexíveis e com salários mais elevados.
Lying Flat
Um movimento alinhado nesta nova era do mercado de trabalho nasceu na China e designa-se Lying Flat, um conceito que parte da tradução simplista “ficar deitado”.
A geração jovem chinesa adotou uma atitude “derrotista” face à cultura de trabalho opressiva que se vive na China, optando por um estilo de vida em que considera ser preferível deixar de trabalhar, comprar bens materiais e até mesmo ter vida social do que viver num ritmo de constante competição e pressão profissional.
Encarado como uma forma de resistência individual, o movimento surge como resposta à pressão social e aos elevados níveis de competitividade a que os jovens trabalhadores chineses são sujeitos.
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Assim, resumindo, estes movimentos recentes, que continuam a ser alvo de estudos, alertam para as necessidades manifestadas pelos colaboradores e que as empresas precisam de considerar: equilíbrio nas suas vidas pessoais, valorização profissional e cuidado da saúde mental.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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