A pandemia global mudou muito dos comportamentos de trabalho, bem como o seu ambiente. Passamos de escritórios com vários formatos e espaços de lazer para trabalhar e descansar na mesa da sala e tomar o pequeno-almoço na cozinha. Tal realidade trouxe novas oportunidades e desafios.
Depois de meses em regime de trabalho remoto, os colaboradores parecem ter abraçado os seus aspetos positivos e também uma perspetiva mais proativa de agarrar as oportunidades atuais para reformar os paradigmas de trabalho.
A Kaspersky, empresa de produtos de segurança para casa, realizou o estudo Securing the future of work, com mais de 8.000 participantes de pequenas e médias empresas (de 10 a 250 colaboradores) de 18 países, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Brasil, França, China, Itália, Rússia, Japão, entre outros. Uma das perguntas principais que o relatório responde é de que forma os colaboradores vão comportar-se quanto ao futuro, na sua forma de trabalhar e na sua jornada de trabalho.
O trabalho à distância não vai desaparecer, adianta o relatório da empresa
No início da pandemia, muitos foram as empresas que anunciaram que iriam passar a trabalhar totalmente remotamente nos meses seguintes. Principalmente no mundo das tecnológicas, muitas dispensaram utilizar a sede e estão a adiar um retorno ao escritório.
Contudo, prolongar o teletrabalho indefinidamente não parece ser o melhor modelo para os colaboradores. Apenas 16% dos inquiridos inspiram continuar a trabalhar em teletrabalho no longo prazo, mostrando que ir para o escritório é algo valorizado nas rotinas de trabalho.
Os comportamentos de trabalho e as necessidades dos colaboradores alteraram-se, sendo que 74% dos colaboradores inquiridos não quer voltar à dinâmica de trabalho anterior, preferindo incorporar o teletrabalho nas suas rotinas. Além disso, 34% não quer trabalhar numa secretária num escritório e 32% quer repensar trabalhar cinco dias por semana.
Neste cenário, a tecnologia pode bem ser o braço direito para que seja possível trabalhar fora do escritório e manter a ligação entre as pessoas e alavancar programas de formação e requalificação de competências.
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A solução poderá ser um modelo híbrido
2020 foi um ano em que muitas empresas experimentou ter os seus colaboradores a trabalhar a partir de casa e tal pode ter mudado as conceções sobre o teletrabalho. Se antes os dias estavam claramente separados com horas para trabalhar e horas para estar com a família, o teletrabalho levou a que essas fronteiras fossem esbatidas.
Pede-se assim que as empresas consigam entender esta tendência e ser mais ágeis para permitir que os trabalhadores consigam trabalhar em casa, ter momentos de família, sem descurar a segurança, a produtividade e a resiliência.
Assim, a solução pode estar num modelo híbrido: uma maior proporção das pessoas quer mudar para uma estrutura de trabalho flexível em que continuam a trabalhar mais tempo em casa, mas visitam o escritório regularmente.
Este modelo será adotado pela Google, que num comunicado aos colaboradores, adiou mais uma vez o regresso ao escritório para setembro de 2021 e está pronta para testar um modelo de semana flexível, com alguns dias de trabalho na sede da empresa e outros dias fora da mesma.
Os colaboradores veem muitos benefícios neste modelo híbrido, pois conseguem estar mais tempo com a família e poupar dinheiro, sem deixar de estar em contacto com os colegas. Aliás, estar cara-a-cara com os colegas foi o aspeto que os inquiridos do estudo mais sentem falta na vida do escritório (sendo que 22% sentem falta das piadas no escritório e 21% de socializar no local de trabalho).
Logo, um sistema híbrido pode ser uma solução para as empresas, não obstante ter de se pensar numa duplicação de custos de infraestruturas físicas e digitais, para garantir toda a segurança e qualidade dos procedimentos dentro e fora do escritório.
A jornada de trabalho pode também sofrer alterações
Com a ajuda da tecnologia, foi possível continuar a trocar e-mails sobre assuntos importantes e também fazer videoconferências para realizar sessões de trocas de ideias ou momentos de descontração. Por ser possível trabalhar à distância, muitos pensam que os horários de trabalho podem também mudar.
Segundo o mesmo estudo, 39% dos colaboradores quer acabar com a típica jornada das 9h às 17h. Esta proposta de reestruturação é mais popular nos colaboradores com idades entre os 25 e os 35 anos, em que cerca de 44% admite que prefere não ter horas fixas de trabalho. Contudo, a ideia varia de país para país: se locais como a Malásia, África de Sul e Espanha abraçam esta alteração, já no Japão apenas 16% gostou desta ideia.
Com um horário de trabalho diferente, os inquiridos indicam que teriam mais flexibilidade para gerir a vida familiar, bem como dedicar-se a hobbies, fazer exercício físico ou experimentar novas atividades.
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Os desafios das empresas para 2021
Trabalhar a partir de casa ou noutro local traz benefícios a nível da produtividade e da saúde. Contudo, mesmo para trabalhadores independentes, o trabalho com colegas e presencial é crucial.
Caso as empresas adotem sistemas híbridos com jornadas de trabalho mais flexíveis em termos de espaço e de tempo, é necessário ter em conta os desafios que este modelo traz. Nomeadamente quando se fala na proteção de dados, na formação dos colaboradores à distância e na oferta de um pacote de benefícios que esteja de acordo com as necessidades dos colaboradores.
Além disso, outro desafio relevante é pensar no regresso ao escritório e em como pode ser feita essa transição. O próprio estudo alerta que o bem-estar dos colaboradores deve ser priorizado, depois de passarem por uma experiência forçada de teletrabalho que pode ter levantando questões sobre isolamento, situações de burnout e princípios de depressão. Assim, recomenda-se que a mudança seja feita gradualmente para que se mantenha os níveis de produtividade e os benefícios do trabalho em casa.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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