A hAPI é uma Fintech, fundada em 2017, que desenvolveu uma solução que permite o envio de documentos pela internet de forma segura. Com esta solução consegue-se acelerar e simplificar o processo de crédito habitação. Um dos objetivos desta startup é ajudar a acelerar os processos de financiamento bancário.
A hAPI é uma das empresas que consta no top 30 do Portugal Fintech Report 2020. A propósito da divulgação deste relatório, o Doutor Finanças colocou questões a alguns líderes de fintechs em Portugal. Diogo Oliveira Santos, bussiness development manager da hAPI, partilhou a sua visão deste ecossistema, abordando os desafios, limitações e o impacto da pandemia neste ecossistema.
Quais são os principais desafios de uma fintech em Portugal?
Dar confiança e segurança às empresas incumbentes para incorporarem a tecnologia disponibilizada pelas fintechs nos seus processos, tomando posição de liderança no processo de adaptação e robustecimento em relação a um “novo normal” que foi antecipado de forma brusca pela pandemia. Neste “novo normal”, as expectativas dos utilizadores em geral e dos serviços financeiros em particular são elevadas e apontam sobretudo à conveniência, facilidade e rapidez. Contribuir para se afirmar como líder nesses três eixos é o grande valor acrescentado das fintech, pelo que o grande desafio é precisamente, dar confiança e segurança.
Neste sentido, a hAPI posiciona-se como um parceiro de grande mais-valia na medida que através da sua solução holística de API, garante a obtenção rápida, fidedigna e conveniente de dados e documentos de utilizadores, que irão alimentar, por exemplo, processos de concessão de crédito, onboarding, com benefícios ao nível da gestão de risco evitando a fraude, benefícios económicos pela diferença de custos globais face aos processos atuais e benefícios competitivos pela prestação de um serviço de excelência aos clientes. A nossa solução serve um alargado universo de players no setor financeiro tradicional e moderno, seguros, crédito ao consumo, retalho, commodities, entre outros.
Que impacto estimam que a pandemia possa ter no universo das Fintechs?
A pandemia veio acelerar de forma extraordinária a adoção de novos comportamentos e expetativas pelos consumidores, no sentido de uma maior conveniência, facilidade e rapidez. Este “novo normal” enraizou-se e, tal como a máscara, se tornou um acessório corrente no nosso quotidiano, a expectativa de ter à sua disposição em qualquer momento o serviço financeiro que pretender, na comodidade do seu lar ou onde esteja e sobretudo com uma resposta rápida, são premissas que os “novos consumidores” já não dispensam.
A expectativa dos consumidores relativamente à qualidade dos serviços prestados, e não apenas os financeiros, neste contexto de um “novo normal” é e será cada vez mais exigente para os prestadores. Esta tendência será uma excelente oportunidade para as fintechs contribuírem com a sua agilidade e recursos, de forma a auxiliar os players deste mercado a corresponderem a estes anseios dos consumidores e a marcar uma posição de liderança no caminho para uma nova era na prestação de serviços financeiros.
A regulamentação é desajustada em Portugal? O que consideram ser necessário nesta área?
A regulamentação em Portugal segue as diretrizes definidas a nível europeu e comunitário. Nos últimos anos temos assistido à introdução de várias normas que contribuem para uma maior abertura ao nível da circulação de informação, sendo que muito ainda deverá ser feito em comunhão, por todos os intervenientes – regulador, incumbentes e fintechs – para o bem comum de agilizar a rápida adoção de novos processos que vão ao encontro das expectativas dos “novos consumidores”.
Contudo, a regulamentação atual, e no que respeita à atividade específica da hAPI, não coloca qualquer entrave à adoção das suas soluções, que serão uma peça importante e decisiva no caminho descrito de tornar os serviços mais convenientes, fáceis e rápidos para os utilizadores e com benefícios significativos para a eficiência, produtividade e gestão de risco dos nossos parceiros.
É mais difícil ser uma fintech em Portugal do que noutros países, nomeadamente europeus?
É, sem dúvida, mais desafiante. A nível regulamentar, alguns países europeus já adotaram medidas regulamentares que vão mais além das tais diretrizes definidas pelo regulador europeu, beneficiando as fintechs desses países. Contudo, e como atrás referi, o principal desafio em Portugal reside na confiança em adoptar novas tecnologias que estão e irão cada vez mais revolucionar a forma como os consumidores interagem com os diversos players, na procura, requisição e aprovação de serviços e produtos financeiros.
Quais serão os 3 principais desafios para os próximos cinco anos para as Fintech?
Inovar, inovar e inovar.
Perante um “novo consumidor” com um nível de exigência exponencialmente crescente no relacionamento com os prestadores de serviços e vendedores de bens, a única via é a inovação contínua. As mudanças que bruscamente assistimos nos últimos meses eram previsíveis ocorrer num horizonte temporal de alguns anos. Tudo ocorreu num espaço temporal extraordinariamente curto, que obrigou à adoção de uma nova política de inovação onde os ciclos de implementação tornaram-se exigentemente curtos e contínuos. Antes, a grande maioria das organizações que investia em inovação, definia um plano anual de inovação que não englobava mais do que umas poucas ações de inovação a implementar nesse período. Hoje em dia, os planos são dinâmicos, sem horizonte temporal e com uma matriz de atuação muito maior e cruzada entre diferentes eixos.
3 conselhos para quem está a pensar em lançar uma fintech
Costumo dizer que se os conselhos fossem bons não se davam, vendiam-se. Agora a sério, aconselho a focar a atenção em três pontos:
1. Fazer uma pesquisa aprofundada para criar um mapa da situação atual, no domínio em que se pretende lançar e juntar a esta análise, os domínios adjacentes que estão mais perto de evoluir para esse domínio.
2. Estudar muito bem a regulamentação relevante e os obstáculos do setor ou setores onde pretende atuar.
3. Tendo passado os dois primeiros pontos, criar um MVP e testar, testar e testar. Ajustar as vezes que for necessário, até ter a certeza que deverá avançar para o desenvolvimento.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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