Para os profissionais de tecnologias de Informação (TI) que procuram emprego em Portugal, mesmo com salários inferiores aos praticados noutros países da União Europeia, o nosso país tem como trunfos o nível de segurança elevado, um bom clima, serviço de saúde público, entre outros pontos positivos.
Assim, caso seja um profissional TI, saiba que em terras lusas continua a existir uma caça ao talento na sua área.
Tendo em conta a escassez de profissionais de topo nesta área específica, as empresas portuguesas têm vindo a ajustar as suas estratégias e apostam na contratação dentro e fora da Europa.
De seguida, saiba como funciona o mercado das tecnologias da informação em Portugal, a que se deve a escassez de TI e quais são os salários praticados e os benefícios oferecidos.
Como estas 'aventuras', muitas vezes, não se fazem sozinhas, descubra ainda que outras profissões têm saída em Portugal, caso pretenda trazer consigo a sua cara-metade e esta não tenha uma atividade TI.
Mercado TI em Portugal
Nos últimos anos, registou-se um aumento considerável de estrangeiros que olham para Portugal como um destino atrativo para trabalhar no mercado das Tecnologias da Informação (TI). Afinal, o solo lusitano serve de morada a várias empresas nacionais e internacionais na área da tecnologia.
No entanto, é em Lisboa que se encontram os maiores polos tecnológicos, startups, fintechs e incubadoras, e ainda inúmeras empresas ligadas às Tecnologias de Informação. Além disso, desde que Portugal recebeu a Web Summit, a maior conferência da Europa em tecnologias, que tem subido o seu prestígio nesta área.
No entanto, Portugal tem dificuldade em competir com os salários oferecidos pelos seus pares europeus, e por isso, torna-se complicado contratar ou reter profissionais de topo nacionais. Afinal, muitos destes jovens talentos recebem propostas salariais bastante atrativas de multinacionais ou de empresas estrangeiras logo à saída do seu percurso na universidade.
Embora o caminho seja longo para chegar ao topo dos melhores países para se trabalhar e investir na área de tecnologia, Portugal não ficou de braços cruzados.
Nos últimos anos, têm sido criados programas e incentivos para atrair talento em TI e até para apoiar a criação de empresas e fintechs. E este tipo de iniciativas não tem passado despercebidas aos olhos de muitos profissionais, principalmente dos que vivem fora da União Europeia.
Escassez de talento em TI em Portugal e na Europa
Não é novidade que a escassez de talento em TI é uma realidade em Portugal e na Europa. Segundo noticiou o Diário de Notícias, já antes do início da pandemia, estudos apontavam que em 2020, faltariam entre 800 mil a um milhão de profissionais de Tecnologias de Informação para responder às necessidades das empresas.
E com a pandemia o cenário acabou por se agravar. Dado que muitas das empresas tiveram as suas portas fechadas ao público, a necessidade de recorrer à digitalização, ao teletrabalho e a plataformas tecnológicas aumentou. Logo, a contratação de TI tornou-se uma prioridade, elevando assim a competição por novos talentos em Tecnologias de Informação.
Mas porque é que existe esta escassez de talento em Portugal e noutros países europeus? Na verdade, não é por não existirem profissionais altamente qualificados nestes países. Pelo contrário. Por exemplo, em Portugal, os profissionais na área da Tecnologia de Informação são muito "cobiçados" a nível internacional. Afinal, a formação superior destes profissionais é de grande qualidade e tendo em conta os ordenados médios praticados em Portugal, muitas empresas estrangeiras conseguem facilmente oferecer propostas mais atrativas.
Logo, estes profissionais acabam por aceitar estas ofertas, e muitas vezes nem chegam a trabalhar em empresas portuguesas. Além disso, com a possibilidade de trabalhar remotamente, hoje em dia já nem é necessário sair de Portugal para beneficiar das condições contratuais destas empresas internacionais.
Este cenário acaba por ser idêntico em vários países que têm excelentes universidades, mas não conseguem competir com salários internacionais mais elevados.
Salários para TI em Portugal
Como referimos, o recrutamento de TI tem aumento um pouco por todo o mundo. No entanto, esta é uma área onde cada vez existem mais áreas funcionais, e por sua vez novas posições laborais. Mas, afinal, quais são os salários praticados em Portugal e que perfis as empresas procuram?
Segundo a Adecco, os perfis mais procurados nas Tecnologias de Informação e respetivos salários anuais (valores mínimos) são:
- Software Developer - 35.000 euros
- Frontend Developer - 32.000 euros
- Backend Developer - 35.000 euros
- Mobile Engineer - 30.000 euros
- Data Analyst - 40.000 euros.
Além destes perfis, é preciso ainda destacar que alguns cargos em TI fazem parte das profissões mais bem pagas em Portugal. Alguns destes exemplos são os cargos de:
- Chief Information Office – Salário anual entre 110.000 e 140.000 euros
- Cibersecurity specialist - Numa vertente mais especializada, os especialistas em cibersegurança recebem anualmente entre 45.000 a 60.000 euros.
- Software engineer - Salário anual superior a 45.000 euros
- Machine Learning Specialist - Mais de 40.000 euros por ano
Caça ao talento continua em alta dentro e fora do país
Após a caça ao talento em TI ter aumento consideravelmente durante a pandemia, podia pensar-se que esta iria diminuir em 2022. Mas na verdade, em Portugal, as empresas continuam a ter a necessidade de recrutar talentos em TI.
Contudo, dada a dificuldade de contratar profissionais de topo, as empresas portuguesas estão cada vez mais focadas em atrair profissionais estrangeiros que se encontram fora da União Europeia, em países como o Brasil, mas não só.
Afinal, a globalização abriu portas a novas parcerias além fronteiras, não só na área dos investimentos, como também no recrutamento. E neste campo, Portugal está um passo à frente de vários países, pois conta com um visto que facilita o processo de integração de trabalhadores na área das Tecnologias de Informação.
Além do visto D3 que já permitia aos profissionais altamente qualificados trabalhar e morar legalmente em Portugal, as empresas que procuram talento em TI podem inscrever-se no programa de certificação Tech Visa.
O Tech Visa é um programa que facilita a atribuição de vistos e de autorizações de residência em Portugal a profissionais de quadros qualificados na área tecnológica.
Ou seja, se for um profissional de TI que pretende trabalhar numa empresa sediada em Portugal, se esta tiver esta certificação poderá emitir um termo de responsabilidade que vai agilizar todo o processo de obtenção do seu visto e autorização de residência. Além disso, não terá de fazer qualquer candidatura, pois cabe à empresa candidatar-se ao Tech Visa e cumprir os vários requisitos.
No entanto, este programa do IAPMEI implica que tenha no mínimo 18 anos, que seja um profissional altamente qualificado, que não possua antecedentes criminais e que domine a língua portuguesa ou inglesa. Caso já tenha trabalhado em Portugal, então tem de ter a sua situação contributiva e fiscal regularizada.
Leia ainda: Visto D3 e Tech Visa: O que são e como obter
Empresas melhoram condições para profissionais TI
Tendo em conta a dificuldade de recrutar talentos em TI, as empresas portuguesas estão focadas em melhorar as condições de trabalho nesta área. Embora os salários tenham sofrido ligeiros aumentos, as empresas apostam em oferecer condições que vão ao encontro das expetativas destes profissionais. Neste ponto, os benefícios flexíveis assumem um papel fundamental nas propostas de emprego.
Por exemplo, alguns dos benefícios flexíveis que uma empresa poderá oferecer-lhe enquanto TI são:
- Horário flexível que permite-lhe equilibrar melhor a sua vida profissional e pessoal;
- Teletrabalho parcial ou total: Pode trabalhar remotamente a partir do local mais benéfico para si. Existem empresas que optam por ter os trabalhadores 100% remotos ou a tempo parcial. Ou seja, há empresas onde existe a obrigatoriedade de ir de x em x dias às instalações da empresa.
- Dias de férias extras. Além dos 22 dias de férias obrigatórios na lei portuguesa, há empresas que concedem mais dias de férias aos seus trabalhadores como um benefício extrassalarial.
- Seguro de vida e seguro de saúde pagos pela empresa.
- Cheque infância que permite-lhe reduzir os encargos com a creche e jardim de infância de filhos até aos sete anos de idade.
- Valor fixado mensalmente para usar em transportes públicos, formações, tecnologia, saúde e bem-estar, ginásios, lares de idosos ou até em PPR - Planos de Poupança Reforma.
- Equipamentos para trabalhar, como computador, telemóvel, etc. Bem como internet paga e até subscrições mensais em serviços e aplicações.
- Cartão refeição: Em Portugal, grande parte das empresas pagam o subsídio de alimentação através do cartão refeição, mesmo não sendo obrigatório conceder este benefício. O subsídio de alimentação quando é pago em dinheiro está livre de impostos até aos 4,77€ por dia. Se for pago em cartão refeição, o valor livre de impostos sobe para os 7,63€/dia.
Equilíbrio entre vida profissional e pessoal
Nos dias que correm, a maioria dos trabalhadores valoriza empresas que permitem alcançar um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. E este é um dos pilares do ADN do Doutor Finanças.
Com uma filosofia que permite equilibrar a vida profissional e pessoal, além de um pacote salarial atrativo e um vasto leque de benefícios flexíveis, tem vindo a ajustar o modelo de trabalho.
Depois de ter feito uma primeira experiência em agosto de 2021, no passado mês de maio, o Doutor Finanças testou, novamente, o modelo de trabalho de 32 horas semanais. Esta redução de horário permitiu a todos os doutores escolherem entre tirar a tarde de sexta-feira ou a manhã de segunda-feira. Nos restantes quatro dias da semana, em vez das tradicionais oito horas de trabalho, houve uma redução para sete.
Por outro lado, o Doutor Finanças (há quatro anos consecutivos no "top 30" do Portugal Fintech Report) continua focado em contratar profissionais de TI, procurando oferecer, a par das referidas condições, um ambiente organizacional desafiante, saudável e equilibrado.
Cônjuge também vem para Portugal e não é TI?
Muitos dos profissionais de TI estrangeiros que aceitam uma proposta de trabalho em Portugal fazem-se acompanhar dos cônjuges e quando estes não trabalham nesta mesma área, a procura de emprego pode constituir uma preocupação e até um entrave.
Embora as áreas com mais vagas de emprego estejam ligadas à tecnologia, segundo várias empresas na área dos recursos humanos, como a Michael Page, Manpower, Hays, entre outras, as profissões e competências mais procuradas em 2022 são:
- Na área da tecnologia destacam-se: Cyber Security; IoT; Cloud; Machine Learning; e Big Data.
- Profissionais nas áreas de saúde, como médicos e enfermeiros;
- Profissionais ligados a diversas áreas de Marketing;
- Engenheiros em várias áreas de atuação;
- Na área das Finanças, continua a haver uma procura de Gerentes de Contabilidade e Tesouraria, Gerentes Financeiros e profissionais de Project Finance.
- E a área comercial continua a ter inúmeras vagas de trabalho nos mais variados setores.
Contudo, estas não são as únicas profissões com vagas no mercado português. Por norma, todos os anos surgem vagas de trabalho nos setores da Construção, Indústria, Comércio e Serviços e até na Função Pública. Assim, é importante que o cônjuge prepare o currículo, atualize o portefólio e faça uma pesquisa diária nos sites de emprego em Portugal.
Leia ainda: Guia do trabalhador: O que saber antes de aceitar uma oferta de emprego
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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