2022 traz consigo grandes desafios no que diz respeito ao mercado de trabalho, especialmente para as empresas que estão a recrutar. Por outro lado, a pandemia veio acelerar este processo e criar novas tendências de emprego.
Sobre as profissões e competências mais procuradas, a Adecco apurou, num dos seus mais recentes estudos, a existência de seis novas tendências. Assim, a marcar o mercado de trabalho em 2022 vão estar:
- Escassez de pessoal;
- Necessidade de maior proteção social;
- Sustentabilidade nas empresas;
- Flexibilidade dos trabalhadores e dos contratos de trabalho;
- Efeitos da pandemia no mercado, política e legislação laboral;
- Transição para os canais digitais.
Consequentemente, vão existir várias alterações no mercado de trabalho com grande impacto no recrutamento de pessoal, onde novas competências e profissões serão valorizadas, tendo por isso uma maior procura.
Profissões e competências mais procuradas no mercado de trabalho
Em primeiro lugar, com a pandemia da Covid-19 e as medidas criadas para reduzir a propagação do vírus, os trabalhadores tiveram de ganhar novas competências e as empresas tiveram de repensar e adaptar os seus modelos de negócio.
Por outro lado, o aumento do trabalho híbrido e a transformação digital já em curso vieram acelerar este processo.
Competências mais valorizadas
Saber comunciar
Seja qual for o tipo de trabalho, localização do seu escritório ou setor onde trabalha, a verdade é que todo o trabalhador precisa de competências de comunicação. Ou seja, saber passar a mensagem de uma forma clara e objetiva é agora mais do que nunca essencial. Em outras palavras, enviar um email ou efetuar uma video chamada pode ser mais difícil do que uma reunião presencial. Por exemplo, quantas vezes não lhe aconteceu já enviar uma mensagem e o significado da mesma ser, por vezes, mal interpretado quando comunica através destes canais digitais?
Então, pode começar por melhorar as sua capacidade de comunicar, de modo a facilitar o diálogo e a compreensão entre colegas e também com os agentes externos. Com o crescente uso das ferramentas de comunicação online torna-se igualmente importante ter cursos ou formações sobre o tema.
Gerir o tempo
Ao longo da pandemia, houve quem sentisse que tinha perdido ou ganho mais tempo pessoal. Acima de tudo, cada trabalhador deve ser capaz de gerir o tempo de modo a conciliar a sua vida pessoal com a profissional, mantendo assim o seu equilíbrio emocional.
Nesse sentido, várias empresas por todo o todo o mundo estão a adotar uma semana de trabalho mais curta. Por conseguinte, os colaboradores são obrigados a melhorar as suas competências de gestão de tempo, tornando-se mais produtivos e com claras vantagens para as organizações.
Trabalhar em equipa
A pandemia também veio reforçar a necessidade de ter a chamada "capacidade de trabalho em equipa", a qual pode ser adquirida e treinada como qualquer outra competência. Afinal de contas, a forma como as equipas trabalham entre si, é meio caminho para o sucesso de uma organização. Assim, as empresas devem dar formação aos colaboradores, por exemplo, em ferramentas de colaboração à distância.
Ser persistente e flexível
Colaboradores felizes são mais produtivos e sentem-se mais realizados no seu trabalho. Mas o que é necessário para que tal aconteça? entes? De acordo com o modelo PERMA, são precisos cinco fatores para diminuir o stress numa organização:
- emoções positivas;
- envolvimento;
- relações;
- significado;
- e realização.
Naturalmente, as necessidades variam conforme a pessoa e o contexto. Por exemplo, no passado, um bom salário era a base para a satisfação profissional. Hoje em dia já não é assim e existem o outros fatores essenciais para o bem-estar de um trabalhador, nomeadamente, ter um ambiente onde os colaboradores sintam que podem crescer, partilhar ideias e colocar os valores pessoais ao serviço da empresa.
Além disso, os colaboradores precisam de persistência e capacidade de adaptação para se manterem empenhados e felizes. A boa notícia é que ambas as competências podem ser trabalhadas! Para isso, é necessário haver formação aos colaboradores e a criação de um bom ambiente de trabalho. Assim, as empresas devem disponibilizar cursos online que ajudem a moldar as competências dos colaboradores de forma a que estes sintam que estão a investir não só no seu presente, mas também no seu futuro.
Dominar ferramentas digitais
A pandemia trouxe em muitos casos o "trabalhar em casa" e com isso o desenvolvimento da comunicação digital em em vez do contacto pessoal. Nesse sentido, o uso das redes sociais e de plataformas de comunicação à distância tornaram-se indispensáveis. Contudo, algumas pessoas não estavam preparadas para esta forma de trabalhar, pelo que tornou-se crucial desenvolver este tipo de competências. Por outro lado, será preciso motivar as equipas para esta forma de trabalhar e desenvolver no futuro estas competências digitais em conjunto.
Note, é precisamente nesta área das novas tecnologias que estarão as competências e profissões mais procuradas em 2022.
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Profissões mais procuradas
Conforme já referido, algumas das profissões e competências mais procuradas são sinais da evolução do mercado de trabalho. Importa agora saber quais são as profissões que vão ter maior procura, segundo algumas agências de recrutamento.
De acordo com a Michael Page, a procura será maior nas profissões com forte componente tecnológica. Nesse sentido, destacam-se as seguintes áreas:
- Cyber Security;
- IoT;
- Cloud; Machine Learning;
- Big Data.
Por conseguinte, as profissões com maior procura são:
- SOC Analysts;
- Pen Testers;
- IoT Architects;
- Data Engineers;
- Cloud Admin;
- Data Scientists;
- Data Analysts;
- Por fim, Machine Learning Engineers.
Assim, os profissionais destas áreas vão ter maior procura e, consequentemente, maior facilidade em arranjar emprego. Isto porque, as atuais necessidades das empresas no sentido da digitalização dos seus produtos, serviços e processos de trabalho, obrigam ao reforço dos quadros de pessoal nestas áreas. Consequentemente, este crescimento e desenvolvimento tecnológico trará um aumento nos salários de 5% a 10% neste setor.
Segundo esta empresa, ao observar o mercado e as tendências de contratações para este ano, a função que atualmente apresenta maior procura entre os empregadores é a de Fullstack Developer.
Em outras palavras, esta função tem como principais responsabilidades o desenho e implementação de soluções de alta performance com recurso a tecnologias Open Source e/ou tecnologias proprietárias. Os candidatos com formação académica superior nas áreas de Engenharia Informática, e experiência em projetos internacionais, são os mais valorizados. Além disso, os candidatos poderão auferir uma remuneração bruta anual de 28 mil euros, à qual acresce uma parte variável.
Saúde e E-commerce
De acordo com a recrutadora Manpower, a Saúde e Tecnologia serão as áreas de maior procura. Além disso, o impacto da pandemia afetou negativamente os sectores da Restauração, Hotelaria e Retalho. No entanto, por outro lado aumentou a procura de profissionais nas áreas da Saúde, da Tecnologia e Transformação Digital, ou do E-commerce, sem que haja ainda uma oferta na devida proporção.
Haverá uma tendência para um forte crescimento do recrutamento no subsetor Público bem como no setor de Outras Atividades de Produção, nomeadamente na Agricultura e fornecimento de eletricidade, água e gás. Já nos setores da Construção, Indústria, Finanças e Serviços, é esperado um ritmo de contratação moderado.
Engenharia e Marketing
A Hays dá grande destaque ao elevado número de empresas que pretende ou precisa de recrutar, tendência essa que já vem desde 2021 e que vai continuar pelo menos até a retoma económica ser uma realidade. Por outro lado, os perfis da área Comercial, de Tecnologias da Informação, de Engenharia e de Marketing vão ser as profissões mais procuradas.
Áreas e salários médios
Em 2021, a Salary Survey da Robert Walters, identificou as funções mais procuradas, bem como os salários médios anuais em Portugal em cada uma das seguintes áreas:
Contabilidade e Finanças
- Financial controller (com mais de 10 anos de experiência, entre 65 e 70 mil euros);
- Internal auditor ( também com 10 ou mais anos de experiência,, entre 45 e 70 mil euros);
- Finance director (entre 65 e 90 mil euros).
Engenharia e Operações
- Supply Chain manager (com mais de 10 anos de experiencia, entre 50 e 85 mil euros por ano);
- Business development Renewables (entre 65 e 90 mil euros anuais);
- Industrial Technical director (entre 70 e 90 mil euros).
Recursos Humanos
- Talent Acquisition specialist/manager (com mais de 10 anos de experiência , entre 35 e 40 mil euros);
- Change management ( entre 35 e 50 mil euros por ano);
- Compensation & Benefits manager (entre 40 e 50 mil euros).
Tecnologias de Informação
- Data & Analytics manager (com experiência ente 5 a 10 anos, entre 90 e 100 mil euros);
- DevOps engineer (entre 70 e 85 mil euros);
- Cyber Security manager (entre 55 e 70 mil euros).
Vendas e Marketing
- Digital Marketing manager (com mais de 10 anos de experiência, entre 50 e 65 mil euros);
- E-commerce manager (entre 40 e 55 mil euros);
- IT Sales Account manager (entre 35 e 45 mil euros).
A este levantamento, é possível juntar um outro estudo, desta feita da especialista Adecco, que também aponta para as profissões mais procuradas e bem pagas. Para este player do setor dos recursos humanos, este ano, destacam-se:
Telecomunicações
Nesta área, os mais procurados deste setor vão ser os responsáveis pelas infraestruturas, com salários a partir dos 70 mil euros anuais.
Indústria
Nesta área, os gestores de saúde, qualidade, ambiente e segurança foram os que mais se destacaram durante a pandemia. Isto é, o gestor com experiência operacional é o mais procurado, com remunerações entre 76 mil e 160 mil euros por ano, e com funções de supervisão e coordenação em questões de qualidade e segurança a nível transversal.
Saúde
Em período de pandemia, o destaque vai para os enfermeiros que podem receber salários entre os 26 mil e os 50 mil euros anuais.
Comércio
Aqui, a maior procura vai para o gestor de marketing comercial que pode receber entre 35 mil e 45 mil euros anuais. Para além deste, o gestor de e-commerce, devido à explosão das compras e vendas online, poderá receber salários que variam entre os 40 mil e os 80 mil euros por ano.
Finanças
Na área das Finanças, os controladores e os responsáveis pela supervisão da situação económica das empresas são os mais procurados, com vencimentos entre 35 mil e 60 mil euros anuais.
Tecnologias de Informação
Neste setor, ganham destaque os programadores com salários entre os 25 mil e os 55 mil euros anuais. Por outro lado, os perfis de Chief Information Officer também vão ter grande procura, com remunerações entre 60 mil e 250 mil euros por ano.
Recursos humanos
Nesta área, numa altura em que vivemos um ciclo de várias alterações no mercado de trabalho, o mais procurado será o responsável pelas relações laborais, que pode auferir entre 35 mil a 75 mil euros anuais.
Marketing
Neste caso, temos o gestor de produto, com salários entre 35 mil e 50 mil euros anuais. No entanto, o mais bem pago nesta área será o Chief Digital Officer, responsável pela digitalização das empresas, que poderá receber um salário entre 80 mil e 120 mil euros anuais.
Ciências da Vida
Nas Ciências da Vida, os mais procurados serão os técnicos de garantia de qualidade com uma remuneração entre 35 mil e 45 mil euros anuais.
Logística
No que diz respeito à Logística, a profissão mais procurada será o Global Sourcing Manager, responsável pelas compras globais, com uma remuneração entre 65 mil e 100 mil euros anuais.
Banca
Na Banca, o mais procurado será o gestor de banca privada, que gere estratégias e carteiras privadas de clientes, com ganhos entre 27 mil e 37 mil euros por ano.
Engenharia
Na área da Engenharia, será o engenheiro de processos, que dirige as otimizações e transformações internas das empresas, com uma remuneração entre 35 mil e 45 mil euros anuais.
Direito
No Direito, o advogado na área do Trabalho, com todas as alterações aos vínculos laborais, será o mais procurado. Os salários podem variar entre 40 mil a 60 mil euros por ano.
Resumindo, se já é profissional nestas áreas pode mesmo ter chegado a altura de procurar novas oportunidades. Por outro lado, se é dono de uma empresa e procura reforçar os seus quadros deve ter em conta o peso das novas competências pessoais na hora de contratar.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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