Desta vez, e a propósito da 54th International People Conference by APG, partilhamos o palco e dividimos o desafio de ganhar a atenção de quem se movimenta nos meandros da gestão de Pessoas e tem como principal responsabilidade contribuir para o seu bem-estar.
Acreditamos que, cada vez mais, as organizações definem os seus caminhos com base no bem-estar do seu ativo mais precioso – as Pessoas. Ao partilharmos a nossa experiência, juntamo-nos a tantas outras empresas que abrem caminho a novas formas de assegurar o equilíbrio de cada elemento das sua equipas. É assim que contribuímos para que a pessoa possa aproximar-se daquele que é o seu máximo potencial.
Com provas dadas sobre a sua relevância, a conceção bidimensional do bem-estar, ou seja, o equilíbrio entre saúde física e saúde mental, tem guiado grande parte das estratégias das organizações. Contudo, à luz da experiência do que vivemos dentro de portas, é nossa convicção que este conceito só fica completo se ao corpo e mente juntarmos a carteira.
E sabemos bem do desafio que é manter saudáveis estes três pilares do bem-estar. Aliás, o desafio é ainda maior quando falamos de saúde financeira. Como lidar com os inúmeros condicionamentos a que somos sujeitos ao longo do tempo? A resposta não é simples, mas a sua base é inquestionável: conhecimento. Informação é, e sempre será, poder.
Desconstruir enviesamentos, garantir o controlo sobre a vida financeira
Ajudar a elevar a literacia financeira das nossas Pessoas, é dar-lhes ferramentas para que tomem as melhores decisões financeiras. Estaremos assim a contribuir para a desconstrução de alguns enviesamentos que conduzem a decisões irrefletidas.
Este processo nada tem de simples e, para sermos bem-sucedidos, temos de seguir pela via do conhecimento. Temos ainda muito trabalho pela frente. Os estudos, nomeadamente do Banco Central Europeu, mostram-nos que Portugal é o país com menor literacia financeira da zona euro.
Entendemos, por isso, que ter bem-estar financeiro é garantir que temos poder, que temos controlo sobre a nossa vida financeira. Ou seja, que conseguimos sonhar (planear comprar uma casa para criar uma família, garantir que os nossos filhos têm acesso à Educação que consideramos melhor) e que temos as ferramentas para traçar um caminho e que temos os recursos para atingir os nossos objetivos e metas pessoais.
As finanças pessoais vão muito além das contas. Finanças pessoais são comportamentos. E quão irracionais podem ser os nossos comportamentos com o dinheiro no dia-a-dia? Quando pensamos em poupança, sendo que, infelizmente, ainda pensamos pouco e não lhe reconhecemos a devida importância, temos situações que espelham esta irracionalidade de que vos falamos.
Por exemplo, vamos comprar uma caneta e dizem-nos que custa dois euros. Dizem-nos também que algumas portas ao lado a mesma caneta está à venda por um euro. Agradecemos a dica que nos permite poupar 50% e, claro, vamos comprar na outra loja. Contudo, se ao comprar um telemóvel de 1000 euros nos sugerirem uma compra noutra loja por menos um euro, desvalorizamos a poupança e fechamos negócio. Esta questão da proporcionalidade está presente no nosso dia-a-dia, não damos por ela, mas pode toldar-nos muito as decisões financeiras.
Organizações e Pessoas, todos saem a ganhar
Por tudo isto, é fundamental perceber porque deve interessar às organizações o bem-estar financeiro das suas Pessoas. E há números que não nos podem deixar indiferentes.
No âmbito do “Employee Financial Wellness Survey” de 2023, a consultora PwC apurou que para 57% dos colaboradores entrevistados as questões financeiras são uma das principais causas de stress na sua vida. Por outro lado, 44% estão preocupados com as suas finanças e admitem que o tema é fonte de distração no trabalho.
Como ignorar que mais de um terço destes colaboradores com stress financeiros procura novas oportunidades de emprego; ou que gastam cerca de três horas por semana, durante o trabalho, a tentar resolver estes problemas?
Mesmo entre as empresas que procuram contribuir para o bem-estar financeiro das suas Pessoas importa refletir sobre o que estamos a fazer e o que podemos melhorar. Muitas vezes, procuramos dar-lhes ferramentas que tratam os sintomas e não as causas. Por exemplo, damos formação em produtividade ou em gestão de tempo, quando a causa para a baixa de produtividade, ineficiência no trabalho, absentismo ou rotatividade, pode estar no stress financeiro e na ansiedade financeira que estão a sentir.
Vamos sempre a tempo de olhar para dentro. Conhecendo os nossos a fundo, estaremos mais perto de apoiar as suas verdadeiras necessidades no que ao corpo, mente e carteira diz respeito. Não temos dúvidas: apostemos no empoderamento das nossas Pessoas a todos os níveis. Na certeza de que a literacia financeira tem de ter um papel central se queremos ser livres e plenos.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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