Em momentos de crise, tal como este que vivemos fruto da pandemia da Covid-19, assistimos a um aumento do número de empresas que declaram falência ou que vivem momentos de sufoco financeiro. Neste contexto, o que pode então o empresário fazer para recuperar o seu negócio?
Se o seu negócio não está bem e as perspetivas de recuperação financeira não são as melhores, os especialistas apontam apenas dois desfechos: desistir ou meter mãos ao trabalho e procurar soluções para dar um novo rumo à sua empresa.
Pois bem, neste artigo, vamos seguir pela segunda opção. Reunimos, por isso, um conjunto de dicas que podem ajudar a recuperar o seu negócio e evitar que fique num “beco sem saída”.
9 dicas para recuperar o seu negócio
A pandemia trouxe novos desafios a todos nós, e as empresas não fogem à regra. Para manter um negócio com as portas abertas no meio de uma crise financeira, é necessário ser um bom jogador de “xadrez” ou, por outras palavras, ser um estratega financeiro.
Assim, se pretende manter ou recuperar o seu negócio, deve ter em conta alguns fatores para iniciar uma recuperação financeira sustentável a médio/longo prazo.
Mas, não há uma fórmula mágica, tudo depende da situação e do historial da sua atividade. Vejamos os passos que podem ajudar a olhar com otimismo para o futuro da sua empresa.
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Faça um planeamento financeiro
O primeiro passo para iniciar a retoma económica da sua empresa é fazer um planeamento financeiro. Para tal, deve identificar a situação financeira, os problemas que colocam em risco o seu funcionamento e, por fim, traçar novas estratégias para os solucionar.
Para tal, pode começar por analisar o fluxo de caixa e avaliar para onde está a ir o dinheiro.
Analise as opções
Como já foi referido, não existe uma única solução nem uma fórmula mágica. Assim, tendo em conta o tipo de problemas identificados, pondere tomar algumas medidas, nomeadamente:
- Reduzir o volume de negócios;
- Fazer melhorias e diversificar a oferta de produtos e serviços;
- Cortar nos gastos;
- Expandir a empresa para outros locais;
- Alterar a atividade da empresa.
tenha sempre presente que recuperar o seu negócio, implica realizar uma retoma financeira, o que pode exigir um algum investimento. Mas, antes de investir, precisa de analisar o seu negócio de forma detalhada e rigorosa. Tem de perceber o que está a oferecer aos seus potenciais clientes, o que pode fazer para melhorar e até onde pode chegar.
Após essa análise, já deve ser capaz de tomar decisões. Ou seja, deverá estar apto para decidir se vale a pena continuar a investir na recuperação financeira ou avaliar até que ponto é viável optar por contrair crédito para obter liquidez imediata.
No horizonte, mediante a gravidade da situação, vai estar sempre o cenário de “fechar as portas” para não contrair mais dívidas.
Recuperar o seu negócio: reestruture as dívidas
Um dos problemas mais urgentes das empresas é não ter recursos disponíveis para cumprir com as obrigações financeiras.
Deste modo, é fundamental reestruturar as suas dívidas. Ou seja, coloque todas as dívidas no papel ou num excel, verifique quais as que são prioridade, seja por grau de importância ou pelo peso dos juros.
Os salários dos colaboradores, fornecedores e impostos são alguns exemplos. Por outro lado, é necessário determinar as dívidas que não serão pagas agora, os passivos que podem ser renegociados, uma possível redução do número de trabalhadores e eventualmente uma revisão de preços da sua oferta de bens e serviços.
É importante avaliar de tempos em tempos os resultados obtidos com essas medidas e traçar novas estratégias. Dependendo dos resultados obtidos, a sua empresa pode precisar de recorrer a um processo de recuperação judicial.
Se tiver dúvidas sobre quais os pagamentos prioritários, tenha em consideração os seguintes aspetos:
- Caso o seu negócio dependa de matérias-primas ou de mercadorias para revenda para continuar a gerar receitas, então dê prioridade aos pagamentos a fornecedores;
- Se a sua empresa realiza vendas significativas para o “Estado”, então canalize o dinheiro disponível para pagar os impostos devidos;
- Caso a sua empresa tenha muitos processos com trabalhadores e tenha contraído várias dívidas com instituições financeiras, será melhor centrar a sua atenção para estas de modo a não comprometer a “essência de qualquer empresa”, ou seja, os recursos humanos, pois são eles quem produzem, e consequentemente, geram receita;
- Tenha em conta o montante da dívida de cada credor, pois muitos terão mais custos associados com juros e multas. Observe também os credores com juros mais elevados.
Para o ajudar a tomar decisões acertadas e estabelecer as prioridades corretas, procure um profissional qualificado que o possa ajudar.
Recuperar o seu negócio: renegoceie as dívidas
Depois de colocar todas as dívidas no papel e de decidir quais são as mais prioritárias, é hora de negociar as mesmas. Ou seja, é preciso renegociar com os credores. Para que obtenha sucesso neste passo, deve saber com antecedência quanto terá disponível, em cada mês, para saldar dívidas.
A altura certa para negociar dívidas, segundo os especialistas, é antes do vencimento das mesmas, pois os credores estão mais sensíveis à sua dificuldade. Ou seja, mais abertos à negociação. Afinal de contas, nenhum credor quer perder a hipótese de reaver o seu dinheiro.
Reduza custos
Renegociar dívidas não chega, é preciso reduzir custos. Assim, paralelamente à renegociação de algumas dívidas, avalie quais os custos que pode cortar ou reduzir. Essa redução é essencial e tem de ser significativa, de modo a aumentar a sua liquidez imediata. Ou seja, tem de permitir que a sua empresa tenha mais dinheiro “em caixa” para fazer face às despesas do curto prazo.
Organize as suas contas
Apesar de ainda estar a resolver suas dívidas para sair da “aflição", é necessário organizar as suas contas. Ou seja, evitar que o endividamento volte a ser um problema na vida da sua empresa.
Assim, tem de ter um controlo rigoroso do seu fundo de caixa e registar todas as entradas e saídas de valores. Este passo é essencial para perceber melhor a sua faturação e procurar uma organização mais sustentável das suas contas.
Fundamentalmente, precisa de antecipar os valores das vendas a prazo para saber as receitas para os próximos meses e assim organizar melhor a sua tesouraria no imediato.
Ter um bom controlo financeiro vai ajudá-lo a realizar previsões futuras de forma rigorosa e, deste modo, antecipar e programar melhor os gastos. Por exemplo, aqueles que aparecem em meses específicos, como os impostos ou subsídio de Férias e Natal. Por outro lado, permitir-lhe-á preparar as finanças da empresa para a realização de determinados investimentos no futuro, tendo em vista o crescimento no mercado.
Separe as finanças pessoais das empresariais
Qualquer crise ou instabilidade na economia afeta os pequenos e médios empresários, em especial aqueles que misturam as suas contas pessoais com as da empresa. É um erro comum e que pode dificultar, e muito, a percepção e solução de problemas.
Assim sendo, deve separar as contas. Não ceda à tentação de transferir dinheiros de uma conta para a outra, consoante os problemas que lhe vão aparecendo. Da conta empresarial, apenas deve sair dinheiro para a sua conta pessoal, referente ao ordenado que retira da sua atividade. Nunca cubra despesas da empresa com dinheiro pessoal, e vice-versa.
Avalie os resultados das suas medidas
Depois de reduzir custos e renegociar as suas dívidas, como ficou a sua tesouraria? Sentiu alguma mudança positiva? Quais as opções a que ainda pode recorrer? Algum credor fez alguma contraproposta financeira a ter em consideração?
Em suma, resolveu os seus problemas financeiros no imediato, ou não? Caso não tenha resolvido, tem forçosamente de tomar medidas mais “duras”, como despedir colaboradores, trocar de ramo de atividade ou em último caso fechar portas. Por conseguinte, é altura de pensar, refletir, avaliar e tomar decisões.
Coloque em prática seu plano de ação
Independente das decisões que tome, é sempre preciso uma boa estratégia para conseguir sair da crise e recuperar a tão desejada saúde financeira.
Assim, é hora de colocar em prática o plano de ação! Contudo, não basta tomar as medidas e depois “desistir”. Tem de acompanhar a cada momento os resultados das medidas que implementou, e sempre que necessário, realizar os devidos ajustes.
Em suma, é possível recuperar a saúde financeira da sua empresa. Contudo, deve estar atento, manter o controlo diário sobre as suas finanças, de modo a não regredir na recuperação financeira e a evitar novos problemas.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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