Segundo um estudo publicado no Observador, em Portugal, 58% dos rapazes e 54% das raparigas optam pelas mesmas áreas na hora de tirar os seus cursos superiores. Mas, essa escolha não significa obrigatoriamente que os jovens estejam a optar pela carreira certa para eles.
Na realidade, não é incomum, os estudantes ou recém licenciados mudarem os planos profissionais, principalmente quando foram escolhidas áreas que não conheciam bem o mercado ou que não tinham a devida vocação. E o mesmo acontece a vários profissionais que estão no mercado de trabalho há vários anos. Afinal, escolher a carreira certa não é algo fácil e óbvio para muitas pessoas.
Por isso mesmo, se está com dificuldades em escolher a carreira certa para si ou decidiu que a sua profissão atual não é aquilo que quer fazer para o resto da vida, de seguida, apresentamos-lhe 10 dicas que o podem ajudar a descobrir a profissão certa para si.
1. Descubra qual é a sua vocação e o que é que o apaixona profissionalmente
Como mudar de carreira durante uma crise financeira
Tudo começa com a pergunta: "O que é que queres ser quando fores grande?". A verdade é que para umas pessoas essa resposta surge naturalmente e não existem mudanças durante o crescimento em termos de vocação profissional. No entanto, para outras pessoas, não é fácil definir tão cedo uma profissão futura, quanto mais a sua vocação. Em termos de significado, a vocação é uma inclinação, tendência ou habilidade para seguir uma carreira profissional.
Há várias décadas atrás, a vocação não era um dos fatores a ter em conta na hora de escolher uma profissão. Pesava mais a estabilidade, o ordenado, o estatuto ou até seguir as pisadas de familiares. Mas, a verdade, é que os tempos mudaram e, hoje em dia, a maioria das pessoas pretende seguir uma profissão que lhes traga felicidade e autorrealização.
Dito isto, um dos primeiros passos para escolher a carreira certa é pensar em profissões e áreas que gosta, mas não só. Pense também no seu propósito de vida e no que é que algumas áreas despertam em si. Por exemplo, existem pessoas que adoram exercício físico ou desporto. Se este é o seu caso, já está um passo à frente, uma vez que a sua área vocacional está encontrada. Mas a vocação vai mais além que a área. Por exemplo, por gostar de desporto ou exercício físico não quer dizer que tenha vocação para ser professor de educação física, uma vez que esta profissão implica lidar com crianças e jovens diariamente. Também não quer dizer que seja um atleta federado. Imagine que o seu propósito passa por ajudar pessoas a estar em forma. Então, talvez a sua vocação passe por ser um personal trainer, por exemplo. Se é um lidar nato, outra profissão que pode adequar-se à sua vocação é a de treinador.
É importante que tenha sempre a sua vocação em conta para não terminar num trabalho que não o realiza, nem que traz qualquer felicidade à sua vida. Por isso, leve o tempo que seja necessário e procure ajuda profissional se achar pertinente. Nem sempre é fácil perceber qual é a sua vocação, mas mais tarde ou mais cedo irá conseguir identificá-la.
Leia ainda: 5 sinais de que deve procurar um novo emprego
2. Faça testes e/ou procure ajuda profissional
Na maioria das escolas, antes do 9º ano terminar, os alunos costumam fazer um teste de vocação, designado de teste psicotécnico. Através deste teste é possível identificar várias caraterísticas da personalidade do aluno, bem como as suas aptidões e preferências. Após a análise do teste, os resultados têm como objetivo direcionar o aluno para uma área profissional que se adeque mais ao seu perfil. No entanto, se nunca fez um teste de vocação ou os resultados não corresponde bem ao seu perfil atual, pode voltar a fazer testes psicotécnicos. Por exemplo, algumas universidades têm um gabinete para ajudar a identificar a vocação de novos alunos. Caso não pretenda esta solução ou não se adeque à sua situação atual, na internet também pode encontrar alguns testes gratuitos, no entanto, podem não ser tão credíveis.
Existem ainda psicólogos e coaches especializados em carreira, que podem ajudá-lo a obter as ferramentas necessárias para escolher a área certa para si e também ajudá-lo a lidar com essa mudança na sua vida. Embora seja um investimento financeiro, este pode compensar a longo prazo, caso atualmente esteja um pouco confuso com o que gostaria de fazer profissionalmente.
Leia ainda: 10 empregos que não existiam no ano 2000
3. Tenha em conta os seus gostos e personalidade
Para escolher a carreira certa para si nunca deve colocar de parte a sua personalidade. Embora todos os seres humanos tenham alguma capacidade de adaptação, a verdade é que é muito difícil ser feliz numa profissão que não se adequa minimamente à nossa personalidade. Por exemplo, a timidez é algo que se trabalha através de ferramentas específicas e pode com algum trabalho ser ultrapassada ou controlada. Mas, agora imagine que não gosta de lidar com o público, ouvir problemas alheios ou ter que gerir pessoas mais nervosas ou exaltadas... Então o mais provável é que o apoio ao cliente, ser psicólogo ou trabalhar num departamento de recursos humanos não seja para si. O que queremos dizer é que precisa de fazer uma breve autoanálise e perceber bem no que é que a sua personalidade se pode destacar e no que é que ela pode ser prejudicial.
Por exemplo, coloque-se questões como: Prefiro trabalhar sozinho ou acompanhado? Gosto de lidar com o público ou prefiro trabalhar sem ter contacto direto com clientes? Gosto de improvisar ou seguir métodos de forma mais meticulosa? A área criativa motiva-me ou cria-me ansiedade?
Leia ainda: Tenho duas propostas de emprego: qual é a melhor?
4. Informe-se sobre o que lhe desperta interesse
Se tem realmente interesse em uma ou duas áreas mais específicas, aconselhamos a adquirir o máximo de conhecimento nessas temáticas. O conhecimento é uma arma poderosa, que não só o ajuda a especializar-se numa área, como também lhe permite ter uma ampla consciência sobre o mundo e atualidade.
Por isso, leia livros que abordem essas matérias ou faça cursos online, workshops ou outras formações. Quanto mais conhecimento tiver nas áreas que lhe despertam interesse, mais fácil será analisar se essas profissões mexem realmente consigo e dão-lhe vontade de saber mais e mais.
Leia ainda: Quais são as alternativas ao ensino superior?
5. Se pretende tirar um curso superior informe-se sobre a profissão, áreas de atuação e matéria
Mesmo que tenha feito testes psicotécnicos, estes não se tratam de uma verdade absoluta sobre a carreira ideal para si.
O melhor é dedicar uma parte do seu tempo a conhecer as várias áreas e cursos que lhe despertam interesse. Informe-se sobre as matérias que vão ser dadas, as áreas de especificação e as saídas profissionais que têm. Para além disso, tente falar com profissionais das áreas que lhe despertam mais interesse. Não há nada melhor do que ouvir na primeira pessoa como é o dia a dia dessa profissão, os desafios intelectuais e emocionais, os prós e contras.
Por fim, analise também as universidades que existe e se gostaria ou tem possibilidades de fazer erasmus. Embora estudar fora de Portugal possa ter custos elevados associados, a verdade é que pode adquirir outras ferramentas e experiências que vão enriquecer o seu currículo, e ao mesmo tempo essa experiência pode contribuir bastante no seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Leia ainda: Quer fazer um estágio no estrangeiro? Saiba o que deve ter em consideração
6. Analise as suas experiências profissionais
Para quem já trabalhou, mesmo que seja através de trabalho temporário, part-time ou um full-time nas férias de verão,por exemplo, já teve contacto direto com o mundo profissional.
Dicas de poupança: entrada no mercado de trabalho
Mesmo que esse trabalho não tenha sido na área que pretende seguir, essas mesmas experiências profissionais são muito relevantes na hora de escolher a carreira certa para si. E porquê? Porque se pensar um pouco sobre o assunto, nos seus primeiros trabalhos teve boas e más experiências, teve tarefas que gostou de fazer e outras que nem tanto, viu naquilo que era bom e naquilo que claramente não é para si, e por aí fora. Ao fazer esta análise, pode identificar facilmente algumas tarefas que se vê a fazer no futuro, bem como algumas das suas qualidades enquanto profissional.
Para além disso, se pensar rapidamente sobre o que não tem vontade de voltar a fazer, vai conseguir eliminar várias profissões e funções que pretende realizar no futuro.
7. Experimente novas atividades
Para saber se gosta ou não, nada como experimentar coisas novas.
Embora a teoria seja extremamente importante para ter os conhecimentos necessários dentro das áreas profissionais que lhe despertam mais interesse, a verdade é que só vai perceber como funciona um meio profissional quando colocar a teoria em prática. Por isso, quanto mais cedo começar a explorar novas áreas, mais rápido vai conseguir identificar o que realmente o faz feliz.
8. Considere fazer estágios ou voluntariado nas áreas de interesse
No caso de não ter experiência profissional nas áreas que lhe despertam interesse, porque não procurar empresas que aceitem estagiários ou voluntários? Ao ser proativo neste sentido, para além de conseguir ter uma aproximação do que poderá vir a fazer, vai ver de perto como são os dias e os desafios dos profissionais dessa área.
No final da experiência, pode até mesmo surgir a oportunidade ficar a trabalhar na empresa, por exemplo. No entanto, caso não exista tal possibilidade, não encare como uma limitação ao seu sonho, e sim um empurrão para ir em busca de outra oportunidade dentro da área que ambiciona exercer.
9. Não faz mal se mudar de ideias a meio
Ao contrário do que pode pensar, não é assim tão incomum as pessoas mudarem de ideias a meio sobre a carreira ideal. Afinal, pode ter a perceção errada de uma profissão ou gostar muito de uma matéria, mas que na prática não resulta bem no seu perfil. E não existe mal nenhum nisso em perceber isso. O importante é não desistir e voltar a procurar algo que se adeque melhor ao seu perfil.
Independentemente da idade em que decida mudar de rumo, não olhe para essa mudança como um fracasso. Pense que ainda bem que descobriu que essa área na era a certa para si, porque agora sim, vai fazer de tudo para exercer a profissão que realmente lhe traz alegria.
10. Avalie os prós e contras, mas não desista perante os obstáculos
Por fim, avalie sempre todos os prós e contras, como por exemplo: o impacto que a carreira vai ter na sua vida pessoal em termos de horários, o salário, as saídas profissionais, etc.
Mesmo que na realidade a profissão seja difícil de exercer ou não seja bem remunerada, isso não significa que não seja a carreira certa para si. Apenas quer dizer que tem que ter consciência dos obstáculos que vai enfrentar, e pesar na balança se é isso que realmente quer para a sua vida futura. Se assim o for, não desista perante as adversidades, porque com trabalho, motivação e persistência, existem poucas coisas que não podem ser alcançáveis.
Leia ainda: Ensino superior: o peso da empregabilidade na escolha do curso
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Etiquetas
- #escolher a profissão,
- #nova carreira,
- #ser feliz no trabalho
Deixe o seu comentário