O relatório resultante do inquérito realizado às fintech portuguesas que mais se destacam no panorama nacional e internacional, realçou não só a dificuldade que estas sentem no ciclo de vendas, como também em encontrar talento. Talento esse que é crucial para as fintechs conseguirem crescer e dar o salto.
O Doutor Finanças, que consta pelo 4.º ano consecutivo no “top 30” do Portugal Fintech Report 2021, também fez parte dos inquiridos que referiu a procura de talento como um dos seus maiores desafios neste momento.
E a dificuldade em encontrar talento não é sinónimo que ele não exista, muito antes pelo contrário. Portugal é mesmo referido no relatório como um país altamente qualificado em termos tecnológicos.
Developers no centro da procura (e da escassez também)
Ainda que sejamos um país com cada vez mais mão de obra qualificada, principalmente nas áreas de Engenharia, dois em cada três inquiridos admitem que a quantidade de developers no país não é suficiente.
Das empresas inquiridas, 52% referiu ainda a dificuldade em encontrar profissionais com cerca de 5 anos de experiência e 43% assumiu que também está a ser desafiante encontrar talento para posições seniores, revela ainda o 5.º relatório do Portugal Fintech.
João Saleiro, CTO do Doutor Finanças, já tinha referido no ano passado que a escassez de talento já estava a ser um dos maiores desafios das fintechs.
“A competição por talento está ao rubro, o que é uma excelente notícia. Somos um país com talento altamente qualificado, e hoje em dia é habitual vermos empresas internacionais à procura de talento em Portugal, ou mesmo a sediarem-se cá. Isto cria desafios a qualquer startup que esteja a arrancar, porque terá dificuldades em competir pelo talento que se tornou escasso para tanta procura”. João Saleiro, CTO Doutor Finanças
João Saleiro referiu ainda que “atualmente é normal encontrarmos alunos de Engenharias que no último ano do seu curso já estão a ser remunerados por uma qualquer tecnológica, que encontrou essa forma de "reservar" talento para si. Isto é fantástico para o mercado, mas cria imensos desafios para quem está a lançar a sua fintech e precisa de recrutar”.
Leia aqui a entrevista na íntegra.
Os principais motivos na origem desta dificuldade
A pandemia acelerou a digitalização e mudou os hábitos de trabalho. Embora já existissem empresas a praticá-lo, a verdade é que o trabalho remoto foi uma realidade intensificada pela pandemia e acabou por ganhar muitos adeptos.
Neste seguimento, são muitos os profissionais que procuram esta como uma das condições de trabalho. Portanto, é fundamental repensar na estrutura organizacional e nos processos de contratação. No caso do Doutor Finanças, houve uma aposta num modelo de trabalho flexível, permitindo aos seus colaboradores optar por trabalhar de qualquer parte do país, no escritório ou de forma híbrida.
Ainda assim, o modelo de trabalho oferecido não será suficiente. Portugal é cada vez mais um país de eleição para os hubs de novos players (e alguns de grande dimensão), o que leva a um aumento da competição por talento. Além disso, o número dos chamados nómadas digitais é cada vez maior.
Neste contexto, e segundo o relatório, a maioria dos fundadores das fintechs inquiridos acredita que o custo do talento deverá aumentar 1,5x para ajudar a combater esta dificuldade.
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A importância do Portugal Fintech
O Portugal Fintech não trata apenas de distinguir todos os anos as 30 fintech portuguesas que se destacaram no panorama português e internacional. Esta é uma organização sem fins lucrativos de inovação tecnológica, ligado ao setor financeiro, que tem como objetivo ajudar a desenvolver o ecossistema onde startups e incumbentes (banca) possam colaborar e integrar soluções.
Além disso, assume também um papel muito importante no âmbito laboral. No sentido em que esta é uma associação que liga startups com talentos de universidades e outros parceiros de Recursos Humanos especializados, de forma a ajudar a que as startups consigam a encontrar as pessoas certas, na hora certa.
2021 foi um ano interessante para as fintechs em Portugal
Portugal passou mesmo a ter destaque no cenário europeu de startups, principalmente depois de começar a receber o WebSummit em 2016. Isto, aliado à qualidade de vida, ao clima, ao custo da mão de obra e ao talento especializado, fez com passasse a ser um dos lugares mais procurados por grandes players que procuram conquistar novos mercados.
O relatório concluiu ainda que “a chegada de capitais internacionais e experientes, juntamente com o amadurecimento de investidores locais também atraiu a atenção de alguns engenheiros talentosos com uma mentalidade global.”
Lisboa (60%), Porto (20%), Aveiro (8%) e Braga (4%) concentram os hubs para as empresas deste género sediadas em Portugal. No estrangeiro, os outros países onde mais fintechs de origem portuguesa têm sede são França, Alemanha, EUA, Reino Unido e Países Baixos.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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