Vou começar a trabalhar: Como calcular o salário líquido?

Aprender a calcular o salário líquido é essencial para ajudar a gerir o orçamento mensal. Afinal, o dinheiro que cai na conta não é aquele que está escrito no contrato, uma vez que é preciso subtrair os descontos para a Segurança Social e a retenção na fonte de IRS.

A remuneração bruta inclui, além do salário base, componentes como comissões, prémios ou isenção de horário. Assim, é preciso somá-las na hora de calcular o valor que se recebe no final do mês, já que o IRS e a Segurança Social vão incidir sobre todas elas.

Segurança Social: Igual para todos os trabalhadores

Começamos a explicação sobre como calcular o salário líquido pelo denominador comum a todos os trabalhadores por conta de outrem. Tirando algumas exceções, a taxa a aplicar sobre a remuneração bruta é sempre de 11%.

Assim, se tiver um salário base de 1.400 euros, vai descontar 154 euros para a Segurança Social.

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IRS: O que influencia a retenção na fonte?

Todos os meses, a entidade patronal retém uma parte do salário bruto e entrega-a ao Estado. É a isto que se dá o nome de retenção na fonte de IRS. No ano seguinte, com a declaração de IRS, fazem-se as contas para perceber se o trabalhador reteve mais do que devia ou se tem de pagar imposto adicional.

Os cálculos têm ainda em consideração outras fontes de rendimento (como rendas prediais), mas é por isso que há quem seja reembolsado e quem tenha de pagar IRS.

Feitas as apresentações, vamos então ver quais as variáveis que influenciam a retenção na fonte. É que, ao contrário da Segurança Social, não há uma taxa igual para todos.

• Salário bruto: quanto mais alta for a remuneração bruta, maiores são as taxas.
• Morada fiscal: as tabelas de retenção na fonte são diferentes em Portugal Continental, Açores e Madeira;
• Estado civil: dependendo dos fatores que vamos ver a seguir, as pessoas solteiras e casadas podem ser tributadas de forma diferente;
• Pessoas do casal com rendimentos: se só houver uma pessoa a receber rendimentos, a tabela é diferente do que se houver duas pessoas do casal a recebê-los;
• Dependentes: se houver dependentes, como filhos, a retenção na fonte é menor;
• Deficiência fiscalmente relevante: quem tiver um grau de incapacidade permanente igual ou superior a 60% tem taxas mais favoráveis.

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Se houver dependentes com deficiência, a parcela a abater é maior

Quem tiver a seu cargo dependentes com grau de deficiência igual ou superior a 60%, retém ainda menos imposto. Isto porque a parcela a abater é maior nestes casos. Por cada dependente nesta condição, o "desconto" varia entre 42,41 euros para quem está na situação de "casado, dois titulares" e 84,82 euros para as situações de "casado, com um ou mais titulares" e "casado, único titular".

Além disso, qualquer uma destas pessoas pode pedir à entidade patronal que a parcela a abater seja aumentada para 254,46 euros por dependente.

Subsídio de refeição só é taxado se passar o limite máximo

O subsídio de refeição não é obrigatório, mas é prática comum em várias empresas. Nesses casos, esta é outra componente a considerar no cálculo do salário líquido. Em 2024, os valores máximos são:

• Quando é pago juntamente com o salário: 6 euros/dia
• Quando é pago em cartão ou vale: 9,60/dia

Se estiver dentro destes valores, o subsídio de refeição não paga IRS nem Segurança Social. Já quando o valor é superior, os descontos incidem apenas sobre a diferença.

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Exemplo

Como tudo fica mais fácil com um exemplo, vamos juntar tudo isto para calcular o salário líquido com base numa remuneração bruta de 1.400 euros. A pessoa é casada com outra que também tem rendimentos. Têm um filho e vivem em Portugal Continental.

Apenas para termos uma referência, vamos considerar as tabelas de retenção na fonte que estiveram em vigor até agosto de 2024.

Segurança Social

Como vimos acima, a taxa de 11% traduz-se num desconto de 154 euros para a Segurança Social.

IRS

Neste caso, temos de olhar para a tabela "Não casado sem dependentes ou casado dois titulares". A esta remuneração aplica-se uma taxa de 26% e uma parcela a abater de 186,66 euros. Além disso, como tem um filho, vai descontar mais 21,43 euros.

Feitas as contas:

(1400 x 26%) - (186,66 + 21,43) = 155,91 euros

Assim, esta pessoa paga 155,91 euros mensais de IRS.

Subsídio de refeição

O subsídio de refeição é de 7,50 euros por dia, pagos em cartão e contabilizado para 22 dias. Desta forma, totaliza 165 euros.

Então, qual o salário líquido?

Para calcular o salário líquido vamos subtrair à remuneração base os descontos para a Segurança Social e a retenção na fonte de IRS e, a seguir, somar o valor do subsídio de refeição.

1.400 - (154 + 155,91) + 165 = 1.255,09

O salário líquido é de 1.255,09 euros.

E quando se recebe os subsídios em duodécimos?

Receber os subsídios de férias e de Natal em duodécimos permite aumentar a liquidez mensal, já que os valores que receberia duas vezes por ano são diluídos pelos 12 meses. Estes subsídios são alvo de tributação autónima, ou seja, mesmo quando são pagos em duodécimos, a retenção na fonte de IRS é feita à parte e só depois é que o valor é somado ao salário líquido.

Para o caso que vimos acima, basta somar o valor de duas remunerações líquidas (sem subsídio de refeição) e dividir por 12 meses para perceber qual o impacto no final do mês.

Contas feitas, os subsídios em duodécimos significariam mais 181,68 euros por mês.

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