O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira, 14 de setembro, um novo aumento das taxas diretoras em 25 pontos base, dando continuidade ao seu plano de travar o crescimento dos preços na região da moeda única, através do aperto das condições de financiamento.
Este é o décimo aumento consecutivo dos juros na Zona Euro desde que, em julho do ano passado, a autoridade monetária decidiu começar a pôr fim à política monetária expansionista para controlar a inflação.
“A inflação continua a descer, mas ainda se espera que permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo. O Conselho do BCE está determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%. Com vista a reforçar o progresso para o seu objetivo, o Conselho do BCE decidiu hoje aumentar as três taxas de juro diretoras em 25 pontos base”, indicou a autoridade monetária no comunicado divulgado após a reunião.
Assim, a partir de 20 de setembro, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento sobe de 4,25% para 4,50%, a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumenta de 4,50% para 4,75% e a taxa aplicável à facilidade permanente de depósito passa de 3,75% para 4%, o nível mais alto de sempre.
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BCE antecipa que juros vão manter-se elevados durante um “longo” período
Pela primeira vez desde o início deste ciclo de subidas, o BCE sugeriu que este agravamento de setembro poderá ser o último. O que não significa que a autoridade monetária esteja já a pensar em aliviar as taxas. Pelo contrário, o BCE antecipa que os juros vão manter-se elevados durante um longo período, para que a inflação possa retornar à meta de 2%. Sendo que os preços na região ainda estão a crescer a um ritmo superior a 5%.
“Com base na sua atual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras atingiram os níveis que – se forem mantidos durante um período suficientemente longo – darão um contributo substancial para o retorno atempado da inflação ao objetivo”, refere o BCE.
A autoridade liderada por Christine Lagarde acrescenta que “as futuras decisões do Conselho do BCE assegurarão que as taxas de juro diretoras sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos, durante o tempo que for necessário”.
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BCE piora estimativas para inflação e crescimento económico
O Banco Central Europeu está mais pessimista em relação à inflação na Zona Euro neste e no próximo ano, sobretudo devido ao impacto dos preços dos produtos energéticos. De acordo com as projeções mais recentes dos especialistas do BCE, a inflação média deverá atingir 5,6% em 2023 e baixar para 3,2% em 2024. Já no ano seguinte, a inflação deverá aproximar-se finalmente do objetivo do banco central, fixando-se nos 2,1%.
“A revisão em alta em relação a 2023 e 2024 reflete sobretudo uma trajetória mais elevada para os preços dos produtos energéticos. As pressões subjacentes sobre os preços permanecem altas, embora a maioria dos indicadores tenha começado a abrandar”, justifica o BCE.
Já no que respeita à chamada inflação core – que exclui os preços dos alimentos e dos produtos energéticos - os especialistas do BCE reviram ligeiramente em baixa as estimativas para uma média de 5,1% em 2023, 2,9% em 2024 e 2,2% em 2025, considerando que “os anteriores aumentos das taxas de juro decididos pelo Conselho do BCE estão a ser transmitidos de forma vigorosa”.
“As condições de financiamento tornaram-se mais restritivas e estão a refrear cada vez mais a procura, o que constitui um importante fator para fazer a inflação regressar ao objetivo”, acrescenta o comunicado.
Por outro lado, o BCE reconhece que esta retração da procura está a ter reflexo no crescimento da economia, que deverá, por isso, ser mais fraco nos próximos anos.
“Perante o crescente impacto na procura interna desta maior restritividade e o enfraquecimento do enquadramento do comércio internacional, os especialistas do BCE reduziram significativamente as suas projeções para o crescimento económico. Esperam agora que a economia observe uma expansão de 0,7% em 2023, 1,0% em 2024 e 1,5% em 2025”, conclui o BCE.
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