Ter as finanças arrumadas é essencial para uma vida mais organizada. Dessa forma, vai conseguir não só fazer face aos seus encargos, como também poupar e ainda acautelar possíveis imprevistos.
Entre as mais variadas despesas do dia-a-dia, nos dias que correm, são raras as famílias que não têm quaisquer créditos em mãos. Seja um crédito habitação, automóvel, créditos pessoais ou cartões de crédito. Estes encargos ocupam uma fatia significativa do orçamento. Por isso, reduzir os custos com os seus créditos pode ser uma forma de ganhar alguma folga orçamental.
É aconselhado a que a sua taxa de esforço - a relação entre as suas prestações de crédito e o valor do rendimento líquido do seu agregado familiar - não exceda os 30%, ainda que, com todos os créditos incluídos, possa ir até ao limite máximo de 50% (patamar a partir do qual as entidades financeiras não podem conceder novo crédito).
Assim, de forma a manter a saúde das suas finanças há alguns caminhos que pode seguir com o objetivo de reduzir os encargos com créditos.
Leia ainda: O que fazer para melhorar a minha vida financeira em 2022?
Reveja as condições e custos do crédito habitação
O primeiro passo para reduzir os custos com os seus créditos passa por rever as condições do contrato. Pode fazê-lo junto do seu banco ou instituição financeira onde contraiu os créditos.
O crédito habitação é aquele que, regra geral, pesa mais no orçamento entre todos os créditos. Assim, pode questionar todas as condições ao seu banco: das taxas de juro, spread aos seguros.
Depois de ouvir o seu banco, peça propostas à concorrência. Se lhe oferecerem melhores condições noutra instituição pode transferir o seu crédito. Reduzir a prestação mensal do crédito habitação é possível, nomeadamente através da transferência de crédito. Dependendo de cada caso, pode ser uma oportunidade interessante para obter melhores condições.
Repare no seguinte exemplo: tem um financiamento de 100 mil euros, com uma taxa de juro (spread+ Indexante) de 1,5%, e que ainda tem cerca de 20 anos (260 meses) para terminar o contrato de crédito. Neste caso, a sua prestação ronda os 450 euros. A revisão da taxa para 1,1% reduz a prestação em mais de 18 euros. Ao longo de um ano são mais de 200 euros que ficam na sua conta.
Faça simulações da sua situação. Pode recorrer à Calculadora de Transferência de Crédito Habitação do Doutor Finanças e ver qual pode ser a redução dos seus encargos.
Estenda o prazo do contrato
Estender o prazo do contrato também pode ser uma solução para reduzir os encargos de uma forma imediata. Contudo, saiba que, apesar do alívio no momento, este prolongamento traz consigo um aumento da fatura total dos juros e dependerá da sua idade.
No caso do crédito habitação, é preciso ter em atenção que há idades máximas no final do contrato. Por exemplo, se vai contrair um crédito habitação, no máximo, o contrato pode durar 40 anos – isto se tiver até 30 anos, pois as regras mudam este ano -, contudo, dependendo do banco com que contrair o crédito não poderá ter mais de 75 anos no final do mesmo (há bancos que concedem até aos 80 anos). No limite um cliente com 55 anos pode ficar condicionado a um alargamento do prazo para que o contrato termine daqui a 20 anos (altura em que terá 75 anos).
No que respeita ao que vai pagar, imagine que tem uma dívida de 100 mil euros, de um crédito habitação, que ainda vai decorrer por mais 260 meses e que conta com uma taxa de juro (spread+ indexante) de 1,3%. Recorrendo à Calculadora de Prestação de Crédito Habitação do Doutor Finanças, este financiamento representa uma prestação de 441,53 euros. Se aumentar o prazo do contrato em 40 meses, para 300 meses, a prestação desce para os 390,61 euros, uma redução mensal superior a 50 euros.
Contudo, deve ter em atenção que a fatura total dos juros passará de 14.797,40 euros para mais de 17 mil.
Apesar de, no final do contrato, o valor total ser maior, esta solução permite algum alívio financeiro imediato. Por isso, avalie se esta é a opção mais viável para um melhor equilíbrio financeiro.
Leia ainda: Como poupar com o crédito habitação?
Opte pela consolidação de créditos
No que diz respeito aos créditos pessoais, também é possível rever estes contratos, especialmente se tiver mais do que um em mãos.
Se tem ao seu encargo vários créditos, como por exemplo, um crédito automóvel, um crédito que fez para a compra de algum eletrodoméstico e ainda cartões de crédito, é natural que o total de todas as prestações pese no seu orçamento.
O crédito consolidado é uma solução financeira que permite juntar vários créditos num só, com melhores condições e uma única prestação mensal mais baixa. Sendo que, a taxa de juro do crédito consolidado é, em regra, mais baixa do que a média das taxas de juros de todos os créditos que tinha anteriormente. Esta opção vai dar-lhe mais folga orçamental.
O valor da poupança vai depender sempre do caso em concreto. Mas é possível reduzir os encargos de forma considerável.
Veja o seguinte exemplo: A Beatriz (nome fictício) tinha dois créditos pessoais e dois cartões de crédito, que representavam uma prestação mensal total de 354,75 euros. Depois da consolidação, a Beatriz conseguiu reduzir a sua prestação mensal para os 201,72 euros e ainda contratar um seguro de vida.
A poupança mensal traduz-se em 153,03 euros, o que significa 1.836,36 euros por ano.
Ao rever estes créditos, pode também ter atenção ao prazo dos mesmos. Já sabe que, quanto maior o prazo, mais baixa será a prestação. Tenha apenas em atenção que o prazo máximo para os créditos pessoais é de sete anos. Através deste simulador, pode ficar com uma noção de quanto será a prestação, com base no prazo do crédito.
Leia ainda: O crédito consolidado não é só para sobre-endividados
Pague os cartões de crédito
Por norma, os cartões de crédito são produtos com taxas de juro bastante elevadas. Estes cartões podem ser meios de pagamento muito interessantes, quando são bem utilizados, ou seja, quando são pagos dentro do prazo estabelecido. Por outro lado, podem fazer com que perda o controlo das suas finanças, por ter a sensação de que tem mais dinheiro disponível.
Assim, para não correr o risco de se endividar e reduzir os seus encargos, deve pagar a fatura do cartão dentro do prazo estabelecido para não pagar juros.
A data limite para o pagamento do montante utilizado com recurso ao cartão de crédito é definida previamente, entre o cliente e a instituição de crédito. Nessa data, o cliente deve pagar o valor devido de acordo com a modalidade de pagamento escolhida. Tipicamente, há duas modalidades de pagamento:
- Pagar a totalidade do montante utilizado (100%), não ficando sujeito ao pagamento de juros;
- Pagar apenas parte do montante utilizado, o que implica o pagamento de juros sobre o montante de crédito utilizado e não pago.
Nas modalidades de pagamento parcial, quanto menos o cliente pagar por mês, maior será o montante dos juros e mais meses serão necessários para liquidar a totalidade do valor em dívida.
Leia ainda: Tem dívidas em cartões de crédito? 7 dicas para recuperar a estabilidade
Amortize antecipadamente
Para poupar, pode ainda optar por liquidar o seu crédito antes do final do prazo. Se tiver capacidade financeira para o fazer deve aproveitar para amortizar a dívida mais cedo.
Além de se ver livre do empréstimo mais cedo, a grande vantagem de fazer um reembolso antecipado é a poupança que vai ter nos juros. Quanto mais capital conseguir pagar antecipadamente e quanto mais cedo o fizer, menor será o montante de juros a pagar pelo crédito.
Faz sentido amortizar o meu crédito habitação?
Pode fazer o reembolso total ou parcial. De acordo com a informação disponibilizada no portal do Banco de Portugal, no que diz respeito ao crédito habitação, no caso do reembolso parcial, deve fazê-lo com sete dias úteis de antecedência. Já se for realizar o reembolso total do seu crédito, tem de avisar a instituição com pelo menos dez dias úteis de antecedência. Em relação ao reembolso antecipado de créditos pessoais, o aviso prévio deve ser de 30 dias, no mínimo.
Há comissões a pagar por amortizar o crédito mais cedo. No caso do crédito habitação, por lei, esta comissão não pode ser superior a:
- 0,5% do capital reembolsado, no caso dos contratos com taxa de juro variável;
- 2% do capital reembolsado, nos contratos em que vigora taxa de juro fixa.
Estas comissões são limites máximos. Ou seja, não se irão aplicar no caso de, no contrato de empréstimo, tiver sido acordada uma comissão inferior. Além disso, há exceções. Não há lugar ao pagamento de comissões que o motivo for morte, desemprego ou deslocação profissional dos titulares do empréstimo.
No caso dos créditos pessoais, se o reembolso antecipado acontecer durante um período em que a taxa de juro é variável, não pode ser cobrada qualquer comissão. Já se a taxa de juro for fixa, o banco ou instituição pode exigir o pagamento de uma comissão com um valor máximo de:
- 0,5% do montante do capital reembolsado, se faltar mais de um ano para o fim do prazo previsto do contrato;
- 0,25% do montante do capital reembolsado, se faltar um ano ou menos para o fim do prazo previsto do contrato.
Leia ainda: Reembolso antecipado: O que ganho em pagar um crédito antes?
Quanto vai poupar se amortizar o crédito mais cedo?
Amortizar o crédito antes do final do contrato, ao fazê-lo totalmente, vai ver-se livre dessa dívida no imediato. E mesmo fazendo o reembolso parcial, a sua prestação mensal vai baixar, o que se irá traduzir também numa poupança significativa nos encargos mensais.
Para ter ideia do novo valor da sua prestação após fazer um reembolso antecipado, pode recorrer ao simulador de Prestação de crédito após amortização antecipada do Doutor Finanças.
Imagine o seguinte cenário: tem um crédito habitação com uma taxa de juro (spread+indexante) de 2,1%, 100 mil euros de capital em dívida e ainda lhe faltam 30 anos para o final do contrato. Tem disponibilidade financeira e decide amortizar 15 mil euros ao seu empréstimo.
Recorrendo ao simulador, podemos perceber que até então pagava uma prestação de 374,64 euros (175 euros de juros). Após o reembolso antecipado, a prestação desce para 318,44 euros (148,75 euros de juros).
No imediato, esta diferença já alivia o orçamento mensal. E, fazendo as contas até ao final do contrato, a poupança nos juros ultrapassa os 9 mil euros (175 – 148,75 = 26,25 euros x 360 meses = 9.450 euros). Isto considerando que não há oscilação de juros e que não altera o prazo do seu contrato.
Pegando no mesmo exemplo, se decidir fazer um reembolso total, ou seja, amortizar 100 mil euros, vai poupar nos juros que teria de pagar nos 360 meses que ainda faltariam até ao final do contrato (175 euros x 360 meses = 63 mil euros).
Leia ainda: Como melhorar a sua vida financeira quando o orçamento está “apertado”
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Etiquetas
- #cartões de crédito,
- #crédito consolidado,
- #Crédito habitação,
- #crédito pessoal,
- #finanças pessoais,
- #poupança
Eu precisava de um empréstimo será que me podem
Contatar
Olá,
Iremos enviar email. Sugerimos que se mantenha atenta à sua caixa de entrada.