Está a ponderar usar uma parte das suas poupanças para amortizar um crédito automóvel, mas tem dúvidas se compensa? A resposta a esta pergunta varia consoante vários fatores, nomeadamente o estado das suas finanças.
Se quer saber como funciona a amortização de um crédito automóvel, saiba o que deve ter em conta antes de tomar esta decisão.
Como amortizar um crédito automóvel?
Amortizar um crédito automóvel é um processo simples, à semelhança de outros tipos de financiamento. Todos os consumidores têm direito a reembolsar antecipadamente o seu contrato, seja de forma parcial ou total. Para tal, basta que os clientes notifiquem a instituição financeira onde contrataram o seu crédito automóvel com um aviso prévio de 30 dias. Este aviso deve ser feito por carta registada ou através de um suporte duradouro que sirva como comprovativo.
Como referido, pode amortizar um crédito pessoal de duas formas:
- Total: O que significa que vai terminar o seu empréstimo, saldando o valor total em dívida.
- Parcial: Vai amortizar uma parte do seu crédito.
No caso da amortização parcial, esta pode ter impactos distintos:
- Diminui a sua prestação - sentindo uma redução do encargo mensal com este empréstimo;
- Reduz o prazo do seu contrato de crédito - usa a amortização para diminuir o número de prestações que ainda tem pela frente, mas o valor da mensalidade não sofre alterações.
Em ambos os casos, está a reduzir o capital em dívida e o valor total dos juros a pagar pelo seu crédito automóvel.
Mas a decisão de ganhar uma folga financeira, reduzindo o valor da prestação mensal ou diminuindo o prazo do seu empréstimo (saldando a sua dívida mais cedo), é uma escolha que deve ser ponderada tendo em conta a sua situação financeira.
Qual é o impacto de amortizar um crédito automóvel?
Para perceber o impacto de amortizar o seu crédito automóvel, é aconselhável que faça contas e veja se compensa investir as suas poupanças para baixar a sua prestação mensal.
Mas há uma recomendação que deve encarar como obrigatória: não deve usar todas as poupanças para saldar dívidas. Deve ter sempre assegurada uma poupança, que garanta a sua segurança financeira para fazer face a eventuais imprevistos.
Para ser mais fácil perceber o impacto de amortizar um crédito, vejamos um caso prático:
Uma pessoa que tenha um crédito automóvel com um capital em dívida de 11.000 euros, ainda com nove anos (108 prestações) e uma taxa de juro de 8,8%, paga uma prestação mensal de 147,81 euros. Caso amortizasse 4.000 euros, a sua prestação mensal passaria para 94,06 euros. Esta amortização de 4.000 euros resulta numa redução mensal de custos de 53,75 euros, o que significa uma poupança anual de 645 euros. Ou seja, trata-se de uma poupança total no contrato de 5.805 euros.
Caso queira olhar para a amortização como se fosse um investimento, a amortização de 4.000 euros neste crédito automóvel, representaria um "retorno" de 45,1% ao final dos nove anos, o que implica uma "rentabilidade" anula de 5%. Claro que amortizar o crédito não é um investimento, mas se usarmos a mesma lógica para calcular o impacto esta é uma rentabilidade que não se encontra nos produtos de poupança habituais.
Claro que é preciso ter em consideração que para conseguir este resultado temos de usar parte das nossas poupanças. Contudo, se não ficarmos sem rede de segurança, amortizar empréstimos pode ser uma estratégia muito "rentável". Sendo certo que o recomendável é começar por amortizar (e liquidar) os financiamentos de mais curto prazo, uma vez que costumam ter taxas de juro mais elevadas.
Se optar pela amortização parcial reduzindo a sua prestação mensal não só consegue reduzir a sua taxa de esforço, como ganha uma nova folga financeira, obtendo uma maior tranquilidade se usar este valor que poupa para reforçar o seu fundo de emergência. Tal como já referimos, nunca amortize um crédito se o valor aplicado comprometer as suas finanças pessoais.
Leia ainda: Quanto vou pagar para amortizar o meu crédito?
Atenção à comissão de reembolso antecipado
Antes de decidir se vai ou não amortizar o seu crédito automóvel, deve fazer contas à comissão de reembolso antecipado que pode ser cobrada pela instituição financeira, caso o seu empréstimo tenha uma taxa fixa.
Sendo o crédito automóvel um crédito ao consumo, os limites máximos fixados pelo Banco de Portugal que podem ser cobrados a um cliente que queira amortizar antecipadamente um crédito não podem ser superiores a:
- 0,25% do valor do capital que amortiza: se o período que resta entre a data de amortização e a data estabelecida do fim do contrato for igual ou inferior a um ano.
- 0,5% do montante reembolsado: quando o período que resta entre a data da amortização e o fim do contrato for superior a um ano.
Caso o seu crédito automóvel tenha uma taxa de juro variável, saiba que nenhuma instituição financeira pode cobrar-lhe uma comissão de reembolso antecipado.
Para saber qual o impacto da comissão de reembolso antecipado deve fazer contas. Se esta comissão for de 0,5% (faltando assim mais de um ano para terminar o seu contrato) e decidir amortizar 4.000 euros, tem de pagar uma comissão de 20 euros. Mas se faltar menos de um ano para o seu contrato terminar e for aplicada uma comissão de reembolso antecipado de 0,25%, ao amortizar 4.000 euros paga uma comissão de 10 euros.
Assim, consegue perceber que a comissão de reembolso antecipado pode ter um impacto pouco significativo na sua decisão, se não se tratar de uma amortização total ou parcial com um valor muito elevado.
Por fim, existem dois pontos a ter em consideração.
Primeiro, a comissão de reembolso antecipado num crédito automóvel com uma taxa fixa não pode exceder o valor correspondente ao montante de juros cobrados entre a data de reembolso antecipado e a data estipulada para o término do contrato.
Em segundo, caso pretenda fazer um reembolso antecipado total tem direito a que lhe seja facultado pela instituição financeira um documento com vista à extinção da garantia real associada ao empréstimo. Por exemplo, no crédito automóvel, estamos a falar da hipoteca sobre o automóvel (distrate). Como regra, este documento deve ser emitido, de forma gratuita, no prazo de 14 dias úteis a contar da extinção do contrato de crédito.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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