Ter um, dois ou três créditos não é algo incomum, tendo em conta que existem vários tipos de créditos, com diferentes prazos. Muitas famílias têm, por exemplo, um crédito a curto prazo (referente à compra de um eletrodoméstico através de um cartão de crédito) e outro a médio prazo (como um crédito automóvel), que têm de ser liquidados em poucos meses ou anos. Depois, têm ainda um empréstimo de longo prazo, normalmente um crédito habitação.
O problema é que, com vários créditos, a taxa de esforço aumenta significativamente. Ou seja, os encargos relacionados com os empréstimos têm um peso demasiado grande relativamente aos rendimentos, podendo comprometer, e muito, a gestão do orçamento.
No Doutor Finanças ajudamos a rever encargos e poupar nas prestações. Em alguns casos, a redução pode ser de até 60% do valor mensal. Conheça a solução doc rédito consolidado, junto dos nossos especialistas.
Se, neste momento, tem vários créditos contratados, já sentiu certamente que este "peso" aumentou nos últimos meses, devido à subida continuada dos juros. Muitas pessoas que compraram uma casa viram o seu crédito habitação indexado à Euribor aumentar de 40% a 65%, no espaço de 12 meses. O que na prática resulta num aumento dos encargos em centenas de euros.
Embora esta não seja uma situação fácil de lidar, saiba que, mesmo tendo vários créditos, existem soluções para diminuir os seus encargos e ganhar uma nova folga financeira.
Por exemplo, tendo um imóvel - associado ou não a um crédito habitação -, pode recorrer a um crédito multiopções para liquidar um ou mais créditos, ganhando uma folga financeira. Já se tiver mais de dois créditos pessoais, pode consolidar os seus créditos e ficar a pagar uma única prestação com uma taxa mais baixa.
Para perceber melhor como funcionam estas duas soluções que lhe permitem reduzir os seus encargos, de seguida, conheça como funciona o crédito multiopções e a consolidação de créditos.
Tem um imóvel? Pondere o crédito multiopções
Se tem casa própria, pode considerar a contratação de um crédito multiopções, para liquidar um ou mais empréstimos que tenha a decorrer e, com isso, reduzir significativamente os seus encargos mensais. Isto porque o crédito multifunções é semelhante ao crédito hipotecário, com prazos de financiamento e taxas de juro bem mais atrativas do que outro tipo de empréstimos que tenha contratado e cujos encargos estejam a pôr em risco o seu orçamento.
O crédito multifunções está associado a um imóvel, que pode ter já associado um crédito habitação, ou estar livre de ónus. É fundamental, porém, perceber quando é que este é concedido e o que deve ter em consideração.
Em que circunstâncias pode pedir um crédito multiopções?
No caso de já ter um crédito habitação, o multiopções permite fazer uma segunda hipoteca sobre o imóvel. O valor da hipoteca vai servir na prática para obter um valor extra de financiamento, que pode ser usado para liquidar outros empréstimos e, com isso, reduzir os seus encargos. Mas a sua aprovação depende muito de dois fatores:
1 - O seu LTV (Loan to Value) atual
Caso tenha contratado o seu crédito habitação recentemente, é provável que o seu LTV ronde os 85%, 90%. Se este for o seu caso, pode ter dificuldades em obter este financiamento. Afinal, o capital em dívida tem de ser compatível com os máximos definidos de acordo com as normas do Banco de Portugal.
Na aquisição de uma habitação própria e permanente, o LTV (rácio entre o valor total emprestado e a avaliação do imóvel) tem de ser igual ou inferior a 90%. Num crédito habitação com garantia hipotecária ou equivalente, no máximo, o LTV pode atingir os 80%.
Mas cada instituição pode ter as suas próprias condições. Não é incomum que algumas instituições aceitem fazer uma segunda hipoteca apenas se tiver um LTV entre os 60% e os 70%. Quanto menor for o seu LTV, maior é a probabilidade de ter o seu crédito multiopções aprovado.
Contudo, tenha atenção à fórmula de cálculo. Esta é a seguinte: LTV = montante do empréstimo / valor do imóvel x 100%. No entanto, nestes cálculos, é tido em conta o valor total do financiamento. Isto significa que se tiver um crédito habitação, conta o valor do seu empréstimo, mas também o montante extra que vai pedir.
2 - Taxa de esforço
A taxa de esforço pode ser um impeditivo para avançar com este novo crédito. E porque é que isto acontece? Porque na hora de os bancos calcularem a sua taxa de esforço vão incluir todos os créditos que tem a decorrer. E mesmo que o objetivo seja liquidar um ou mais créditos com este financiamento, o banco não tem garantias que vai liquidá-los. Logo, não vai excluir da sua taxa de esforço todos os seus empréstimos.
Se está a pagar o seu crédito habitação, tem um ou mais cartões de crédito por liquidar e um crédito automóvel, a estes créditos o banco vai somar a prestação do seu crédito multiopções. E o resultado é que a sua taxa de esforço pode disparar, impedindo-o de ter acesso a este financiamento.
Por exemplo, vamos supor que a sua prestação de crédito habitação é de 550 euros, a do multiopções de 150 euros, as prestações do seu crédito automóvel correspondem a 150 euros e ainda tem um cartão de crédito com uma prestação mensal por liquidar de 100 euros. Caso os rendimentos do seu agregado familiar correspondam a 2.400 euros, o cálculo da sua taxa de esforço seria: (950/2400) x 100%. Ou seja, tinha uma taxa de esforço de 40%.
Na prática, se o seu LTV tivesse um valor aceitável para o banco onde pretende contratar o seu crédito multiopções, esta taxa de esforço permitia-lhe a aprovação do financiamento. Afinal, a taxa de esforço máxima corresponde a 50%. A partir deste valor, nenhuma instituição financeira pode conceder-lhe um novo crédito.
Caso tenha dificuldades nos cálculos, recorra ao simulador da taxa de esforço.
Leia ainda: Como calcular a minha taxa de esforço?
Vantagens de recorrer a um multiopções quando tem vários créditos
Tal como acontece em todos os financiamentos, um crédito multiopções tem as suas vantagens e desvantagens. Por um lado, estamos a falar de um crédito que lhe permite liquidar outros empréstimos com taxas de juros mais reduzidas em comparação a outros tipos de financiamento.
Crédito multiopções: Reduza as dívidas através do empréstimo da sua casa
Ainda que o crédito multiopções esteja indexado à Euribor a 3, 6 ou 12 meses, os valores dos spreads são mais elevados do que os do crédito habitação para uma habitação própria e permanente. Por norma, a maioria das instituições financeiras aplica um spread em torno dos 2% no crédito multiopções. Contudo, este depende sempre dos riscos e garantias do financiamento e dos valores mínimos e máximos aplicados por cada entidade.
Leia ainda: Como baixar o spread pode ajudar a equilibrar o orçamento familiar
Ao mesmo tempo, a constituição de uma segunda hipoteca implica o pagamento de alguns encargos semelhantes aos de um crédito habitação, como comissões bancárias e despesas relativas à aquisição de um novo financiamento.
Assim, se quiser recorrer a esta opção, deve olhar para as condições contratuais e o valor da TAEG e do MTIC associado ao seu crédito multiopções.
Se estiver decidido a saldar ou amortizar as suas dívidas com este crédito, não se esqueça que está a dar como garantia a sua casa. Logo, se tem vários créditos, o melhor é mesmo aplicar este valor para baixar a sua taxa de esforço e reduzir os seus encargos. Desta forma, pode reequilibrar o seu orçamento familiar, reduzindo o valor das suas despesas mensais, não colocando em risco a sua habitação.
Tem vários créditos ao consumo? Equacione a consolidação de créditos
Numa altura em que a taxa de inflação continua muito elevada, é normal que tenha perdido algum poder de compra. E se tem vários créditos ao consumo, o total das suas prestações pode estar a colocar em risco o seu orçamento familiar.
Caso não esteja numa situação de incumprimento, tenha uma situação profissional estável e, no mínimo, dois créditos ao consumo, pode tentar recorrer a um crédito consolidado.
A consolidação de créditos funciona de forma diferente do crédito multiopções. Em primeiro lugar, não está a fazer uma hipoteca sobre o seu imóvel para obter o financiamento. Quando consolida os seus créditos, o banco liquida todos os seus créditos e assume o montante em dívida. Ou seja, passa a dever a essa entidade todo o capital em dívida.
Mas a forma como vai pagar esse valor é diferente. Porque a consolidação de créditos junta todas as prestações em dívida numa única prestação. Em vez de vários créditos ao consumo passa a ter um único crédito: o crédito consolidado.
De acordo com os valores em dívida, prazos desses empréstimos, risco e garantias de financiamento, o banco fixa uma taxa de juro. Na maioria dos casos, esta taxa de juro é mais baixa comparativamente a outros créditos, como as taxas aplicadas aos cartões de crédito. No entanto, o prazo deste financiamento pode estender-se. Regra geral, este crédito permite aos consumidores reduzirem até 60% os encargos com as suas prestações.
Com essa folga financeira, que pode rondar centenas de euros por mês, pode combater o aumento da inflação, amortizar o seu crédito habitação ou reforçar o seu fundo de emergência para aumentar a sua estabilidade financeira.
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