Em novembro de 2024, foram concedidos 1.667 milhões de euros em novos contratos de crédito habitação. Apesar de representar uma diminuição ligeira, de 10 milhões de euros, em relação a outubro do mesmo ano, é o segundo valor mais alto desde o início da série do Banco de Portugal, em dezembro de 2014.
Os dados foram revelados pelo regulador na nota de informação estatística relativa a novembro de 2024, divulgada no início de janeiro de 2025. Quando olhamos para o total de novas operações, que incluem novos contratos e renegociações, os bancos concederam cerca 2.188 milhões de euros em crédito habitação.
No conjunto de créditos (habitação, consumo e outros fins), os novos contratos totalizam 2.423 milhões de euros, uma queda de 77 milhões em relação a outubro de 2024, mas um crescimento de 439 milhões de euros relativamente a novembro de 2023.
Na comparação com o mês anterior, os novos contratos de crédito ao consumo e para outros fins caíram 43 e 24 milhões de euros, para 540 e 216 milhões de euros, respetivamente.
Jovens até aos 35 representaram metade dos novos créditos habitação
De acordo com o Banco de Portugal, o "crédito concedido a mutuários com menos de 35 anos representou 48% do montante de novos contratos para habitação própria permanente concedidos em novembro". O motivo poderá estar relacionado com as isenções de IMT e imposto do selo concedidas a estes compradores.
A medida entrou em vigor em agosto de 2024 e, até ao final do ano, isentava destes dois impostos a compra de casas até 316.772 euros. Desde o início de 2025, o valor subiu para 324.058 euros.
Leia ainda: Isenção de IMT para jovens: Perguntas e respostas
Queda dos juros tira pressão às renegociações
Outro dado interessante prende-se com o montante de renegociações, que baixou 27 milhões de euros, para 521 milhões de euros, de outubro para novembro. Em comparação com novembro do ano passado, a diminuição é de 452 milhões de euros.
A verdade é que a diminuição dos juros a que se começou a assistir em meados do ano passado terá tirado alguma urgência às renegociações, com as pessoas a deixarem a prestação baixar à boleia da queda da Euribor.
A título de exemplo, no início de maio de 2024, o indexante a seis meses rondava os 3,82%. Já no final de novembro era de 2,70%. Recorde-se que o Banco Central Europeu começou a cortar as taxas de juro de referência em junho de 2024.
Por fim, a taxa de juro média das novas operações de crédito habitação recuou de 4,29% para 3,29% entre novembro de 2023 e o mesmo mês do ano passado. Este é, aliás, o valor mais baixo desde janeiro de 2023. Além disso, é o sétimo mais baixo da área do euro, cuja média se situa nos 3,44%.
Leia ainda: O que podemos esperar das taxas de juro em 2025?
Taxa variável a recuperar e Euribor a seis meses continua a dominar
Apesar de só ter sido escolhida em 19% dos créditos para habitação própria permanente de novembro, a taxa variável continua o caminho de recuperação pelo quarto mês consecutivo. No total de créditos existentes, mantém-se em primeiro, estando presente em 64% dos empréstimos. Ainda assim, é importante salientar que em 2022 a taxa variável correspondia a mais de 95% dos créditos.
Já a taxa mista mantém-se como a preferida dos novos contratos, "estatuto" que conquistou em outubro de 2023. Em novembro de 2024, foi escolhida em 76% dos empréstimos e viu a relevância no total de contratos subir de 31% para 32%.
Concentrando agora a análise na Euribor, o indexante a 12 meses foi o mais escolhido em novembro (49%), seguido pela taxa a seis meses (39%). Olhando para a média mensal de cada uma delas, é possível perceber o porquê da escolha. A Euribor a 12 meses fechou novembro com uma média de 2,51%, enquanto que o indexante a seis meses se fixou nos 2,79%.
No total de empréstimos, a taxa a seis meses mantém o primeiro lugar (37%), seguida de 12 meses (33%) e três meses (28%).
Por fim, a prestação média mensal baixou para 417 euros, o valor mais baixo desde novembro de 2023.
Leia ainda: Euribor: Qual o impacto na minha prestação?
Crédito malparado continua estável
O crédito malparado continua estável e em níveis historicamente baixos. No crédito habitação, o valor de crédito vencido foi de 262,9 milhões de euros, em novembro. Ou seja, o incumprimento representa 0,3% do total de crédito concedido, um rácio que tem apresentado estes valores desde novembro de 2023 (exceção para os meses de dezembro de 2023 e janeiro de 2024, quando baixou para 0,2%).
Na categoria de crédito ao consumo e para outros fins, o malparado corresponde a 2,7%, uma ligeira diminuição em relação a novembro de 2023 (2,8%) e um nível baixo em relação ao que já se assistiu no passado. Para se ter uma comparação, em 2015, o incumprimento atingiu os 13,5% no crédito ao consumo.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário